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A transição para a economia de zero carbono é um jogo de ganha-ganha-ganha

Edição online da maior feira de negócios pelo clima da América Latina mostra os benefícios para empresas, investidores e, principalmente, os cidadãos

Feira Conexão pelo Clima: evento reúne empresas, investidores e governos (Camila Cecilio/Conexao pelo Clima/Divulgação)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 25 de outubro de 2021 às 10h59.

Última atualização em 25 de outubro de 2021 às 11h21.

A transição para uma economia de zero carbono é um processo ganha-ganha-ganha. Isso porque nela as emissões de carbono na atmosfera são reduzidas gerando: negócios; segurança climática que, consequentemente, reduz as mudanças climáticas e os impactos ambientais que atingem a todos nós; e mudanças nas formas de consumo da população. Esses três pontos inspiraram e criaram oportunidades para pessoas se encontrarem e explorarem todos esses ganhos.

Na COP26, a EXAME é parceira oficial do Pacto Global da ONU. Acompanhe as notícias em primeira mão.

Esse é o foco da Feira Conexão Pelo Clima, um evento que conecta pessoas envolvidas na geração de negócios e financiamento para a transição de uma economia de baixo carbono, explorando o aspecto de ganhos. As inscrições para a 2º Feira Conexão pelo Clima e Summit Climate Ventures, que vai acontecer nos dias  26, 27 e 28 de outubro, estão abertas. O evento estará dividido em quatro grandes eixos temáticos: (I) Finanças sustentáveis e inovação; (II) Bioeconomia; (III) Governos locais e ação climática; (IV) Ambição climática.

Finanças sustentáveis e inovação representam a promoção de fundos que invistam em ações, empresas e iniciativas zero carbono. Estamos vivendo mudanças climáticas com efeitos extremos em todo o planeta, com consequências como secas e destruição da vida marinha. Promover ativos verdes reduz as emissões, a incidência desses eventos extremos e aumenta a nossa segurança. Também reduz a vulnerabilidade dos negócios que são financiados.

Se você investir em empresas elétricas que têm uma matriz que não depende tanto de petróleo e de outras fontes fósseis que podem sofrer boicote ou regulação, seu investimento será mais seguro. Se você promover negócios de transporte, que também emitem menos, eles também serão menos vulneráveis a obrigações, punições e regulações. Os negócios que emitem menos são mais resistentes a boicote de consumidores, pressões de outros investidores, ou até mesmo limites impostos por acordos de países.

Além disso, investir nesses ativos é bom para todo mundo, inclusive para nós que estamos usufruindo dos serviços que esses ativos estão provendo e para nós como investidores involuntários. Os fundos de previdência, por exemplo, são os maiores investidores globais. Se temos um fundo de previdência, é importante que esses fundos invistam em ativos com menor risco climático pela nossa segurança e aposentadoria.

O segundo eixo da Feira Conexão é a Bioeconomia, tema particularmente importante para o Brasil. Diferente de outros países, onde a maior parte das emissões estão em setores como geração de energia e transporte, no Brasil metade das emissões vêm de desmatamento e um quarto das emissões vêm de agropecuária, emissões da criação de gado ou do tipo de manejo do solo.

Sendo assim, a bioeconomia que usa a floresta de forma inteligente é fundamental para os países ricos em floresta, onde o desmatamento é a maior parte do problema das emissões.

A bioeconomia é uma oportunidade de ganha-ganha porque promove a geração de negócios baseados na produção a partir da floresta em pé. Começando por produtos que já existem e já geram negócios, como o cacau, açaí, palmitos, óleos vegetais, madeira sustentável, pesca e muitos outros.

Existe um potencial já aproveitado no Brasil, mas potencializar a bioeconomia, que é riquíssima, gera sustento  para quem está vivendo da floresta em pé e gera uma economia de produtos da bioeconomia brasileira, produtos típicos do país com marcas locais que fomentam espaço no mercado internacional e para nós, consumidores, oferece produtos mais gostosos, saudáveis e diversos.

O terceiro eixo da Conexão pelo Clima é o que os governos locais podem fazer. Governos locais são uma chave muito importante para a transição para uma economia de baixo carbono porque muitas das ações para redução das emissões passam por decisões que estão no âmbito de prefeituras, governos estaduais e províncias. Isso fica muito claro quando você pensa em transporte, que são basicamente decididos por prefeituras e estados.

Reduzir as emissões significa investir em mais e melhores transportes: mais metrô e mais trens, chegando em mais lugares, com mais estações. Significa uma maior otimização das vias de trânsito, para que a população fique menos tempo em congestionamentos, queimando combustível. Esses investimentos são incentivos ao desenvolvimento de bairros planejados para que você faça a maior parte dos deslocamentos a pé, com trajetos curtos. Tudo isso melhora a qualidade de vida das pessoas com menos tempo desperdiçado.

A criação de áreas verdes é outro dos muitos aspectos que os governos podem trabalhar. As áreas verdes reduzem os aquecimentos das cidades, a necessidade de ar condicionado, melhoram o conforto e aumentam a resiliência climática. As mudanças climáticas já estão acontecendo e a frequência de seus efeitos aumentar. Já existe carbono na atmosfera que garante mudanças no clima por, pelo menos, mil anos, o que não sabemos é a gravidade disso.

Estamos lutando para segurar as consequências mais devastadoras e manter o aquecimento na faixa de 2ºC, que é considerável o administrável. Deixar as cidades mais protegidas para as mudanças climáticas que já estão acontecendo e estão por vir, significa melhora na qualidade de vida dos cidadãos.

O quarto eixo do evento é Ambição Climática, o que significa o Brasil ter coragem para assumir metas ambiciosas. Desde os anos 1990, quando o país se ofereceu para hospedar a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Eco-92, o Brasil é um dos maiores líderes do mundo na negociação do clima. Nossos negociadores são habilidosos, treinados e têm conhecimento científico para embasar isso.

Esse papel de liderança garantiu a vantagem dos nossos interesses serem colocados em acordos internacionais. Por exemplo, o Brasil foi o país que criou o conceito de responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Conceito que norteou o Protocolo de Quioto, que está em vigor até hoje. Os países desenvolvidos que se industrializaram no século XX emitindo muito mais carbono, presente na atmosfera até hoje, têm mais responsabilidades de compensação do que os países em desenvolvimento. Além disso, países desenvolvidos têm recursos e fundos para apoiar os países em desenvolvimento.

O Brasil deixou de ocupar essa posição de liderança dentro de negociações internacionais em 2018, quando o governo tirou o corpo diplomático do país das negociações e deixou de aproveitar o papel de liderança que sempre teve. Então, ambição climática é uma oportunidade para o Brasil retomar esse papel de liderança. O que ajudaria o país a usufruir de benefícios e investimentos.

A maior parte dos apoios internacionais para o desenvolvimento em organizações multilaterais estão hoje subordinados a critérios climáticos. Um país como o Brasil que tem uma matriz energética limpa e a possibilidade de reduzir suas emissões facilmente, pode usufruir de uma maior ambição climática e com isso ganhar peso e competição internacional.

Na 2º Feira de negócios Conexão pelo Clima e Summit Climate Ventures os quatro macrotemas do evento vão ser amplamente explorados através da discussão sobre boas práticas e oportunidades em clima, inovação e empreendedorismo.

O evento realizado pelo CDP Latin America, pela organização O Mundo Que Queremos e pela Climate Ventures, será online, gratuito e vai acontecer nos dias 26, 27 e 28 de outubro. Sendo o último dia dedicado para rodadas de negócios: um encontro entre startups com soluções boas para o clima e empresas e governos interessados nessas inovações. A inscrição e mais informações sobre a feira estão disponíveis no site.

*Com Larissa Magalhães

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A transição para uma economia de zero carbono é um processo ganha-ganha-ganha. Isso porque nela as emissões de carbono na atmosfera são reduzidas gerando: negócios; segurança climática que, consequentemente, reduz as mudanças climáticas e os impactos ambientais que atingem a todos nós; e mudanças nas formas de consumo da população. Esses três pontos inspiraram e criaram oportunidades para pessoas se encontrarem e explorarem todos esses ganhos.

Na COP26, a EXAME é parceira oficial do Pacto Global da ONU. Acompanhe as notícias em primeira mão.

Esse é o foco da Feira Conexão Pelo Clima, um evento que conecta pessoas envolvidas na geração de negócios e financiamento para a transição de uma economia de baixo carbono, explorando o aspecto de ganhos. As inscrições para a 2º Feira Conexão pelo Clima e Summit Climate Ventures, que vai acontecer nos dias  26, 27 e 28 de outubro, estão abertas. O evento estará dividido em quatro grandes eixos temáticos: (I) Finanças sustentáveis e inovação; (II) Bioeconomia; (III) Governos locais e ação climática; (IV) Ambição climática.

Finanças sustentáveis e inovação representam a promoção de fundos que invistam em ações, empresas e iniciativas zero carbono. Estamos vivendo mudanças climáticas com efeitos extremos em todo o planeta, com consequências como secas e destruição da vida marinha. Promover ativos verdes reduz as emissões, a incidência desses eventos extremos e aumenta a nossa segurança. Também reduz a vulnerabilidade dos negócios que são financiados.

Se você investir em empresas elétricas que têm uma matriz que não depende tanto de petróleo e de outras fontes fósseis que podem sofrer boicote ou regulação, seu investimento será mais seguro. Se você promover negócios de transporte, que também emitem menos, eles também serão menos vulneráveis a obrigações, punições e regulações. Os negócios que emitem menos são mais resistentes a boicote de consumidores, pressões de outros investidores, ou até mesmo limites impostos por acordos de países.

Além disso, investir nesses ativos é bom para todo mundo, inclusive para nós que estamos usufruindo dos serviços que esses ativos estão provendo e para nós como investidores involuntários. Os fundos de previdência, por exemplo, são os maiores investidores globais. Se temos um fundo de previdência, é importante que esses fundos invistam em ativos com menor risco climático pela nossa segurança e aposentadoria.

O segundo eixo da Feira Conexão é a Bioeconomia, tema particularmente importante para o Brasil. Diferente de outros países, onde a maior parte das emissões estão em setores como geração de energia e transporte, no Brasil metade das emissões vêm de desmatamento e um quarto das emissões vêm de agropecuária, emissões da criação de gado ou do tipo de manejo do solo.

Sendo assim, a bioeconomia que usa a floresta de forma inteligente é fundamental para os países ricos em floresta, onde o desmatamento é a maior parte do problema das emissões.

A bioeconomia é uma oportunidade de ganha-ganha porque promove a geração de negócios baseados na produção a partir da floresta em pé. Começando por produtos que já existem e já geram negócios, como o cacau, açaí, palmitos, óleos vegetais, madeira sustentável, pesca e muitos outros.

Existe um potencial já aproveitado no Brasil, mas potencializar a bioeconomia, que é riquíssima, gera sustento  para quem está vivendo da floresta em pé e gera uma economia de produtos da bioeconomia brasileira, produtos típicos do país com marcas locais que fomentam espaço no mercado internacional e para nós, consumidores, oferece produtos mais gostosos, saudáveis e diversos.

O terceiro eixo da Conexão pelo Clima é o que os governos locais podem fazer. Governos locais são uma chave muito importante para a transição para uma economia de baixo carbono porque muitas das ações para redução das emissões passam por decisões que estão no âmbito de prefeituras, governos estaduais e províncias. Isso fica muito claro quando você pensa em transporte, que são basicamente decididos por prefeituras e estados.

Reduzir as emissões significa investir em mais e melhores transportes: mais metrô e mais trens, chegando em mais lugares, com mais estações. Significa uma maior otimização das vias de trânsito, para que a população fique menos tempo em congestionamentos, queimando combustível. Esses investimentos são incentivos ao desenvolvimento de bairros planejados para que você faça a maior parte dos deslocamentos a pé, com trajetos curtos. Tudo isso melhora a qualidade de vida das pessoas com menos tempo desperdiçado.

A criação de áreas verdes é outro dos muitos aspectos que os governos podem trabalhar. As áreas verdes reduzem os aquecimentos das cidades, a necessidade de ar condicionado, melhoram o conforto e aumentam a resiliência climática. As mudanças climáticas já estão acontecendo e a frequência de seus efeitos aumentar. Já existe carbono na atmosfera que garante mudanças no clima por, pelo menos, mil anos, o que não sabemos é a gravidade disso.

Estamos lutando para segurar as consequências mais devastadoras e manter o aquecimento na faixa de 2ºC, que é considerável o administrável. Deixar as cidades mais protegidas para as mudanças climáticas que já estão acontecendo e estão por vir, significa melhora na qualidade de vida dos cidadãos.

O quarto eixo do evento é Ambição Climática, o que significa o Brasil ter coragem para assumir metas ambiciosas. Desde os anos 1990, quando o país se ofereceu para hospedar a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Eco-92, o Brasil é um dos maiores líderes do mundo na negociação do clima. Nossos negociadores são habilidosos, treinados e têm conhecimento científico para embasar isso.

Esse papel de liderança garantiu a vantagem dos nossos interesses serem colocados em acordos internacionais. Por exemplo, o Brasil foi o país que criou o conceito de responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Conceito que norteou o Protocolo de Quioto, que está em vigor até hoje. Os países desenvolvidos que se industrializaram no século XX emitindo muito mais carbono, presente na atmosfera até hoje, têm mais responsabilidades de compensação do que os países em desenvolvimento. Além disso, países desenvolvidos têm recursos e fundos para apoiar os países em desenvolvimento.

O Brasil deixou de ocupar essa posição de liderança dentro de negociações internacionais em 2018, quando o governo tirou o corpo diplomático do país das negociações e deixou de aproveitar o papel de liderança que sempre teve. Então, ambição climática é uma oportunidade para o Brasil retomar esse papel de liderança. O que ajudaria o país a usufruir de benefícios e investimentos.

A maior parte dos apoios internacionais para o desenvolvimento em organizações multilaterais estão hoje subordinados a critérios climáticos. Um país como o Brasil que tem uma matriz energética limpa e a possibilidade de reduzir suas emissões facilmente, pode usufruir de uma maior ambição climática e com isso ganhar peso e competição internacional.

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O evento realizado pelo CDP Latin America, pela organização O Mundo Que Queremos e pela Climate Ventures, será online, gratuito e vai acontecer nos dias 26, 27 e 28 de outubro. Sendo o último dia dedicado para rodadas de negócios: um encontro entre startups com soluções boas para o clima e empresas e governos interessados nessas inovações. A inscrição e mais informações sobre a feira estão disponíveis no site.

*Com Larissa Magalhães

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