Visão das instituições públicas brasileiras: um choque na pandemia
De acordo com a pesquisa EXAME/IDEIA, praticamente metade do país - 48% dos entrevistados - mudou de opinião sobre instituições públicas
Fabiane Stefano
Publicado em 10 de abril de 2021 às 09h00.
Ao envelhecermos, nossos olhos apresentam mudanças de desempenho relacionadas à idade — principalmente depois dos 60 anos. Algumas dessas mudanças, como a vista cansada ou presbiopia, são perfeitamente normais e não significam qualquer tipo de processo patológico.
Algumas pessoas, no entanto, sofrem de doenças oculares mais graves relacionadas à idade, que têm maior potencial para afetar nossa qualidade de vida conforme envelhecemos. Essas doenças incluem glaucoma, degeneração macular e retinopatia diabética. Sob olhar da opinião pública, a pandemia trouxe uma ebulição oftalmológica sobre a visão dos(as) brasileiros(as) das instituições brasileiras. Para o bem ou para o mal.
A pesquisa nacional EXAME/IDEIA, que ouviu 1.200 brasileiros (de 05 a 08 de abril), apontou que praticamente metade do país - 48% dos entrevistados - mudou de opinião sobre instituições públicas de grande relevância. Esse número é superlativo e merece uma reflexão a luz dos dados da pesquisa. Desses 48%, 21 pontos percentuais apresentaram melhora na confiança no governo e nas instituições. Já os outros 27 pontos percentuais se mostram mais desconfiados e negativos quanto aos principais entes da República.
Segundo a visão dos mais otimistas a instituição que mais se fortaleceu foi o Sistema Único de Saúde (SUS) . São aproximadamente 37% (dos 21%) os que se mostram mais entusiasmados com essa entidade de saúde pública. Vale lembrar que saúde foi sempre tema de amplo descontentamento da opinião pública. É bem plausível imaginar que no Brasil pós-pandemia teremos um olhar mais atento dos(as) brasileiros(as) ao SUS.
Na ótica mais pessimista, três instituições perderam credibilidade: o governo federal, oSupremo Tribunal Federal (STF)e as Forças Armadas. Há uma correlação enorme entre insatisfação com a gestão da pandemia pelo Presidente Jair Bolsonaro e a perda de confiança com o executivo federal (são 36% dos 27 pontos percentuais insatisfeitos).
Todavia, os apoiadores do atual governo são os mais decepcionados com o Supremo (aproximadamente 30% entre os que perderam confiança nas instituições). A narrativa que o STF atrapalhou a gestão da pandemia teve muita ressonância nesse segmento. Por último, as Forças Armadas também saíram menores como instituição. A explicação reside, provavelmente, na fraca avaliação do General Eduardo Pazuello (da ativa) na gestão da Covid-19.
Portanto, a visão das instituições e governos mudou na pandemia. Foi um choque que refletiu em quase metade dos brasileiros. Alguns abriram os olhos sobre as vantagens do SUS e sua capilaridade (mesmo com todos seus problemas e limitações). Outros avaliaram que um governo federal minimamente competente não poderia ter ficado tão cego diante das evidencias sanitárias. Também fica a mensagem que a miopia ativa pelo poder pode custar a reputação das Forças Armadas. A ver.
Ao envelhecermos, nossos olhos apresentam mudanças de desempenho relacionadas à idade — principalmente depois dos 60 anos. Algumas dessas mudanças, como a vista cansada ou presbiopia, são perfeitamente normais e não significam qualquer tipo de processo patológico.
Algumas pessoas, no entanto, sofrem de doenças oculares mais graves relacionadas à idade, que têm maior potencial para afetar nossa qualidade de vida conforme envelhecemos. Essas doenças incluem glaucoma, degeneração macular e retinopatia diabética. Sob olhar da opinião pública, a pandemia trouxe uma ebulição oftalmológica sobre a visão dos(as) brasileiros(as) das instituições brasileiras. Para o bem ou para o mal.
A pesquisa nacional EXAME/IDEIA, que ouviu 1.200 brasileiros (de 05 a 08 de abril), apontou que praticamente metade do país - 48% dos entrevistados - mudou de opinião sobre instituições públicas de grande relevância. Esse número é superlativo e merece uma reflexão a luz dos dados da pesquisa. Desses 48%, 21 pontos percentuais apresentaram melhora na confiança no governo e nas instituições. Já os outros 27 pontos percentuais se mostram mais desconfiados e negativos quanto aos principais entes da República.
Segundo a visão dos mais otimistas a instituição que mais se fortaleceu foi o Sistema Único de Saúde (SUS) . São aproximadamente 37% (dos 21%) os que se mostram mais entusiasmados com essa entidade de saúde pública. Vale lembrar que saúde foi sempre tema de amplo descontentamento da opinião pública. É bem plausível imaginar que no Brasil pós-pandemia teremos um olhar mais atento dos(as) brasileiros(as) ao SUS.
Na ótica mais pessimista, três instituições perderam credibilidade: o governo federal, oSupremo Tribunal Federal (STF)e as Forças Armadas. Há uma correlação enorme entre insatisfação com a gestão da pandemia pelo Presidente Jair Bolsonaro e a perda de confiança com o executivo federal (são 36% dos 27 pontos percentuais insatisfeitos).
Todavia, os apoiadores do atual governo são os mais decepcionados com o Supremo (aproximadamente 30% entre os que perderam confiança nas instituições). A narrativa que o STF atrapalhou a gestão da pandemia teve muita ressonância nesse segmento. Por último, as Forças Armadas também saíram menores como instituição. A explicação reside, provavelmente, na fraca avaliação do General Eduardo Pazuello (da ativa) na gestão da Covid-19.
Portanto, a visão das instituições e governos mudou na pandemia. Foi um choque que refletiu em quase metade dos brasileiros. Alguns abriram os olhos sobre as vantagens do SUS e sua capilaridade (mesmo com todos seus problemas e limitações). Outros avaliaram que um governo federal minimamente competente não poderia ter ficado tão cego diante das evidencias sanitárias. Também fica a mensagem que a miopia ativa pelo poder pode custar a reputação das Forças Armadas. A ver.