Quem não está em crise está em apuros
Quem não está em crise, além de mal informado, está em apuros, sérios apuros.
corallconsultoria
Publicado em 22 de maio de 2017 às 13h24.
Última atualização em 27 de maio de 2017 às 11h08.
No meio de uma conversa com um executivo de Recursos Humanos, pergunto:
- Qual é a transformação pela qual vocês estão passando nesse momento?
- Atualmente?
- Sim.
- Atualmente não estamos passando por nenhuma transformação.
- ...
Fiquei em silêncio, sem saber o que dizer. Como assim “não estamos passando por nenhuma transformação”? Já não bastasse o fato de, como sistema vivo, toda organização trazer intrinsecamente o princípio básico da transformação, quem pode se dar ao luxo de não estar vivendo algum tipo de transformação nesse maluco mundo VUCA (sigla em inglês para Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo)?
A exemplo da frase que, volta e meia, aparece nas redes sociais como um tapa na cara dos donos da verdade e cuja autoria não faço a menor ideia – “quem não está confuso não está bem informado” -, eu diria que quem não está em crise, além de mal informado, está em apuros, sérios apuros. Está em apuros não porque lhe falte uma crise para chamar de sua. Está em apuros, isto sim, porque não tem sequer consciência de que está em uma crise. Uma organização que não se perceba numa situação onde ela é convidada pelo contexto a fazer algo diferente vive o pior dos problemas, na medida em que não sabe que opera de maneira disfuncional e pode assim caminhar inconscientemente para sua extinção.
O convite para fazer algo diferente é uma forma de descrever a palavra crise. É o contexto dizendo, ou melhor, gritando que a forma como vínhamos operando até então já não funciona mais. É a vida nos chamando para evoluir numa direção diferente da que vínhamos seguindo. Essa é a história de todas as espécies que ainda coexistem entre nós. Uma história que alterna pequenos passos e saltos evolutivos provocados por pequenas e grandes crises. Quem aceita o chamado da vida para evoluir, criando uma forma diferente de estar no mundo, sobrevive. Quem não aceita o chamado da vida, se extingue. Isso vale para as bactérias, para os insetos, para os répteis, para as aves, para os mamíferos, para tudo o que é vivo, incluindo, portanto, nós, seres humanos e todos os coletivos em torno dos quais nos reunimos, como, por exemplo, as organizações onde trabalhamos, trocamos nosso tempo e energia por dinheiro e nos realizamos como profissionais.
Voltando para nosso executivo de RH, ou ele está mal informado ou a organização com a qual ele troca seu tempo e energia por dinheiro e onde ele busca se realizar como profissional não está minimamente vulnerável ao contexto em que está inserida.
Explico. Não existe vida sem vulnerabilidade – vulnerabilidade no sentido da propriedade celular cuja membrana protege o que contém, ao mesmo tempo em que permite algum tipo de intercâmbio com o meio em que vive.
“Touch me, teach me” (toca-me, ensina-me) é a frase pronunciada como um mantra pelo psicoterapeuta Stephen Gilligan, especialista no tratamento de traumas e um dos maiores discípulos vivos de Milton Erickson, o pai da hipnoterapia moderna. E se Gilligan usa a frase como uma síntese explicativa de seu processo terapêutico, ela também vale para uma organização que deseje seguir evoluindo. Sem se deixar tocar pelo contexto - o que equivale a dizer trocar informações com o contexto -, não há como aprender o que fazer ou como se comportar de modo a favorecer a transformação em curso.
O único momento em que um organismo vivo se fecha totalmente ao meio em que o cerca é justamente quando ele já não mais opera como um organismo vivo. Quem, portanto, acha que não está em uma crise está na hora de achar a crise em que se está, com a urgência de quem quer estar no mundo por mais algum tempo.
No meio de uma conversa com um executivo de Recursos Humanos, pergunto:
- Qual é a transformação pela qual vocês estão passando nesse momento?
- Atualmente?
- Sim.
- Atualmente não estamos passando por nenhuma transformação.
- ...
Fiquei em silêncio, sem saber o que dizer. Como assim “não estamos passando por nenhuma transformação”? Já não bastasse o fato de, como sistema vivo, toda organização trazer intrinsecamente o princípio básico da transformação, quem pode se dar ao luxo de não estar vivendo algum tipo de transformação nesse maluco mundo VUCA (sigla em inglês para Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo)?
A exemplo da frase que, volta e meia, aparece nas redes sociais como um tapa na cara dos donos da verdade e cuja autoria não faço a menor ideia – “quem não está confuso não está bem informado” -, eu diria que quem não está em crise, além de mal informado, está em apuros, sérios apuros. Está em apuros não porque lhe falte uma crise para chamar de sua. Está em apuros, isto sim, porque não tem sequer consciência de que está em uma crise. Uma organização que não se perceba numa situação onde ela é convidada pelo contexto a fazer algo diferente vive o pior dos problemas, na medida em que não sabe que opera de maneira disfuncional e pode assim caminhar inconscientemente para sua extinção.
O convite para fazer algo diferente é uma forma de descrever a palavra crise. É o contexto dizendo, ou melhor, gritando que a forma como vínhamos operando até então já não funciona mais. É a vida nos chamando para evoluir numa direção diferente da que vínhamos seguindo. Essa é a história de todas as espécies que ainda coexistem entre nós. Uma história que alterna pequenos passos e saltos evolutivos provocados por pequenas e grandes crises. Quem aceita o chamado da vida para evoluir, criando uma forma diferente de estar no mundo, sobrevive. Quem não aceita o chamado da vida, se extingue. Isso vale para as bactérias, para os insetos, para os répteis, para as aves, para os mamíferos, para tudo o que é vivo, incluindo, portanto, nós, seres humanos e todos os coletivos em torno dos quais nos reunimos, como, por exemplo, as organizações onde trabalhamos, trocamos nosso tempo e energia por dinheiro e nos realizamos como profissionais.
Voltando para nosso executivo de RH, ou ele está mal informado ou a organização com a qual ele troca seu tempo e energia por dinheiro e onde ele busca se realizar como profissional não está minimamente vulnerável ao contexto em que está inserida.
Explico. Não existe vida sem vulnerabilidade – vulnerabilidade no sentido da propriedade celular cuja membrana protege o que contém, ao mesmo tempo em que permite algum tipo de intercâmbio com o meio em que vive.
“Touch me, teach me” (toca-me, ensina-me) é a frase pronunciada como um mantra pelo psicoterapeuta Stephen Gilligan, especialista no tratamento de traumas e um dos maiores discípulos vivos de Milton Erickson, o pai da hipnoterapia moderna. E se Gilligan usa a frase como uma síntese explicativa de seu processo terapêutico, ela também vale para uma organização que deseje seguir evoluindo. Sem se deixar tocar pelo contexto - o que equivale a dizer trocar informações com o contexto -, não há como aprender o que fazer ou como se comportar de modo a favorecer a transformação em curso.
O único momento em que um organismo vivo se fecha totalmente ao meio em que o cerca é justamente quando ele já não mais opera como um organismo vivo. Quem, portanto, acha que não está em uma crise está na hora de achar a crise em que se está, com a urgência de quem quer estar no mundo por mais algum tempo.