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1º passo para uma comunicação efetiva

Em um mundo cada vez mais conectado a habilidade de comunicação tornou-se ainda mais crítica para o sucesso dos indivíduos, dos grupos e das empresas!

 (Shutterstock/pio3/Corall Consultoria)
(Shutterstock/pio3/Corall Consultoria)
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Gestão Fora da Caixa

Publicado em 26 de março de 2018 às, 09h52.

Última atualização em 29 de março de 2018 às, 12h09.

Em um mundo cada vez mais conectado, com modelos de trabalho em rede, co-construção, co-design, etc; a habilidade de comunicação tornou-se ainda mais crítica para o sucesso dos indivíduos, dos grupos e das empresas!

Mas o que poucas pessoas se dão conta, é que esta habilidade começa muito antes da comunicação com o outro, como tipicamente o tema comunicação é interpretado. Ela inicia com o que chamamos de diálogo interno, ou seja, a forma como entendemos e atribuímos significado para as experiências que vivemos ocorre na nossa mente antes de expressarmos nossas ideias para o outro. Duas pessoas podem estar juntas em um evento, mas é provável que se pedirmos para ambas descreverem o que aconteceu, teremos 2 narrativas bem distintas!

Isto acontece por várias razões e uma delas refere-se a forma como nosso cérebro funciona. A cada novo evento, recorremos, de forma automática, a nossa memória para interpretar o que acontece, ou seja, minha interpretação está restrita ao meu contexto e experiências de vida. E como cada um de nós tem uma história única é grande a chance de interpretarmos as reações da outra pessoa de forma equivocada.

Como consultora e coach, tive a oportunidade de observar inúmeras vezes, problemas de relacionamento derivados das descrições enrijecidas advindas do nosso diálogo interno. Mas a boa notícia é que uma vez que tomamos consciência de como nossa mente funciona, podemos ficar mais atentos a este mecanismo e procurar separar os fatos das boas hipóteses.

Um exemplo para ilustrar, pode ser a relação ruim entre uma pessoa e seu gestor: “Fabio é muito difícil de se relacionar, está sempre bravo comigo, não entende os meus desafios e quer impor metas totalmente inalcançáveis...não sei mais o que fazer!”

Diante desta descrição posso fazer algumas perguntas para ajudar a clarificar o que é fato e o que é hipótese. Vejam como o significado pode mudar com apenas 2 provocações:

 

Provocação 1: Como você percebe que o Fabio está bravo com você?

“Ele está sempre sério, fica bufando enquanto fala...” Neste caso, podemos convidar a pessoa a imaginar pelo menos 3 possibilidades para o Fabio agir assim, como:

  1. ele está tenso com problemas sérios de saúde em casa,
  2. aprendeu com outros líderes que já teve, que esta é uma boa forma de conseguir resultados...
  3. ou de fato está bravo com você! Esta continua sendo uma possibilidade, mas não mais a única.

 

Provocação 2: Me conte uma situação em que sentiu que ele não compreendeu os seus desafios.

“Bem, no início do ano elaborei e compartilhei com ele um relatório detalhado sobre os desafios da minha área e meus planos. Além disto, todo mês elaboro e-mails bem detalhados e claros sobre o progresso de cada frente de trabalho e desafios que tenho encontrado. Mas toda reunião que temos, ele faz perguntas que deixa claro que ele não leu nada...”

Aqui vale aprofundar a reflexão oferecendo algumas perspectivas:

- Alguns líderes preferem receber relatórios detalhados e outros uma visão bem resumida e focada. Se entregamos para um relatório detalhado para quem prefere um resumo, boa chance que não vai dar certo. Às vezes a pessoa nem tem tempo para ler tudo. Você já perguntou como ele prefere receber?

- Cada um de nós tem um estilo de aprendizado distinto, alguns precisam de dados e estatísticas, outros de exemplos práticos, alguns de metáforas e assim por diante. Então se apresentamos o que queremos com apenas um recurso, tem boa chance que algumas pessoas não vão entender. Você já notou como ele conduz as apresentações? Utilizar os mesmos recursos que ele aumenta sua chance de ser entendido.

- Além disto, quanto mais delicado o tema e menor a afinidade entre as pessoas, é mais indicado contato pessoal, evitando e-mails ou outros recursos à distância. Nestes casos, conversar pessoalmente faz toda a diferença!

Quando passamos a considerar nossa interpretação como hipóteses e não como verdades absolutas, nos abrimos para uma conversa onde é possível checar nossa interpretação inicial e oferecer nossas perspectivas da forma mais diversa possível para assim estabelecer um espaço de diálogo que permita transformar conflito em construção!