O duro golpe nos planos de Anderson Silva e do UFC
Anderson Silva estreou no UFC em junho de 2006. Desde então até o último sábado, com 10 defesas de cinturão de campeão dos médios nesse ínterim, não sabia o que era perder. Após uma atuação desastrosa, reaprendeu. Claramente ainda sem saber explicar muita coisa, falou à Rede Globo na noite deste domingo: “Confesso que defendi esse título por muitos anos e é um peso que sai das minhas costas”. Anderson deixa […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2013 às 10h03.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h57.
Anderson Silva estreou no UFC em junho de 2006. Desde então até o último sábado, com 10 defesas de cinturão de campeão dos médios nesse ínterim, não sabia o que era perder. Após uma atuação desastrosa, reaprendeu. Claramente ainda sem saber explicar muita coisa, falou à Rede Globo na noite deste domingo: “Confesso que defendi esse título por muitos anos e é um peso que sai das minhas costas”. Anderson deixa sim de ter esse peso nas costas. Mas sabe perfeitamente que deixa ter muito mais. A começar pelas vantagens financeiras. Porque ensaiava uma mudança, mesmo que de forma experimental, para o boxe.
O esporte que muito dizem estar sepultado mostra, ao menos no aspecto financeiro de seus atletas mais renomados, que a história não é bem essa. Anderson Silva recebeu do UFC uma bolsa de US$ 600 mil (cerca de R$ 1,4 milhão) para lutar com Chris Weidman no último sábado. A Folha de S. Paulo revelou no mesmo dia que o valor pago ao lutador brasileiro é absurdamente inferior ao recebido por luta por Floyd Mayweather, reconhecido como o melhor boxeador da atualidade, que apenas este ano embolsará cifras próximas a US$ 100 milhões (R$ 225 milhões) por dois combates. Já a revista “Sports Illustrated” explica que Mayweather pode chegar a US$ 128 milhões recebidos (R$ 288 milhões), conforme sua performance nos combates. A diferença é imensa e certamente também a considerando, Anderson Silva mirava o tradicional boxe.
No último mês de junho, Anderson cravou ao jornal norte-americano “New York Post” que desejava enfrentar o pugilista aposentado Roy Jones Jr.. Segundo o Spider, como Anderson é conhecido, o duelo contra Jones Jr. é um sonho antigo. “Isso é algo que eu realmente estou interessado em fazer”. Claro que o sonho ainda existe. Mas realizá-lo, se ainda viável, será menos lucrativo. E as superlutas, tão comentadas e esperadas pelos fãs do MMA? “As superlutas estão completamente fora de cogitação agora. Sabíamos que isso poderia acontecer, que Anderson era o elo que ligava todas as peças para que isso acontecesse. Mas não conseguimos mais agora”, explicou o presidente do UFC, Dana White.
Anderson precisará entender, com nitidez, o novo patamar inferior em que está sua carreira. Era o mais respeitado e temido lutador do UFC, o que permitia ao ex-campeão a possibilidade de imaginar sua participação no boxe ou em superlutas dentro do UFC, desafiando campeões de outras categorias, em eventos que certamente trariam ao lutador e aos envolvidos, lucros jamais vistos antes nesta competição. Mas a situação de Anderson ficou delicada. Porque já aos 38 anos, não é mais campeão de sua categoria, não está mais invicto há anos – marca importante na competição de lutas-, e já não goza do mesmo respeito internacional, muito em função de seu comportamento no octógono durante a última derrota, considerado por muitos como desrespeitoso ao adversário.
Antes, Anderson poderia escolher entre caminhos diversos, e todos eles eram promissores. Seu poder de barganha diminuiu drasticamente. E o risco pode ser ainda maior. Porque diante de uma revanche contra Weidman, se vence, olharão a derrota recente como tropeço e os planos promissores podem se reapresentar. Se perde, não é difícil imaginar sua carreira sendo abreviada. O golpe que Anderson não espera e levou no último sábado tirou dele muito mais que a vitória. Tirou sua irrestrita capacidade de decidir o que fazer, com absoluta garantia de sucesso. Porque se sua carreira ainda permite a irrestrita capacidade de decidir, a garantia de sucesso foi nocauteada junto com ele. Anderson vai precisar, duplamente, saber perder.
Siga-nos no Twitter: @viniciuslord e/ou @EXAME_EsporteEx
Anderson Silva estreou no UFC em junho de 2006. Desde então até o último sábado, com 10 defesas de cinturão de campeão dos médios nesse ínterim, não sabia o que era perder. Após uma atuação desastrosa, reaprendeu. Claramente ainda sem saber explicar muita coisa, falou à Rede Globo na noite deste domingo: “Confesso que defendi esse título por muitos anos e é um peso que sai das minhas costas”. Anderson deixa sim de ter esse peso nas costas. Mas sabe perfeitamente que deixa ter muito mais. A começar pelas vantagens financeiras. Porque ensaiava uma mudança, mesmo que de forma experimental, para o boxe.
O esporte que muito dizem estar sepultado mostra, ao menos no aspecto financeiro de seus atletas mais renomados, que a história não é bem essa. Anderson Silva recebeu do UFC uma bolsa de US$ 600 mil (cerca de R$ 1,4 milhão) para lutar com Chris Weidman no último sábado. A Folha de S. Paulo revelou no mesmo dia que o valor pago ao lutador brasileiro é absurdamente inferior ao recebido por luta por Floyd Mayweather, reconhecido como o melhor boxeador da atualidade, que apenas este ano embolsará cifras próximas a US$ 100 milhões (R$ 225 milhões) por dois combates. Já a revista “Sports Illustrated” explica que Mayweather pode chegar a US$ 128 milhões recebidos (R$ 288 milhões), conforme sua performance nos combates. A diferença é imensa e certamente também a considerando, Anderson Silva mirava o tradicional boxe.
No último mês de junho, Anderson cravou ao jornal norte-americano “New York Post” que desejava enfrentar o pugilista aposentado Roy Jones Jr.. Segundo o Spider, como Anderson é conhecido, o duelo contra Jones Jr. é um sonho antigo. “Isso é algo que eu realmente estou interessado em fazer”. Claro que o sonho ainda existe. Mas realizá-lo, se ainda viável, será menos lucrativo. E as superlutas, tão comentadas e esperadas pelos fãs do MMA? “As superlutas estão completamente fora de cogitação agora. Sabíamos que isso poderia acontecer, que Anderson era o elo que ligava todas as peças para que isso acontecesse. Mas não conseguimos mais agora”, explicou o presidente do UFC, Dana White.
Anderson precisará entender, com nitidez, o novo patamar inferior em que está sua carreira. Era o mais respeitado e temido lutador do UFC, o que permitia ao ex-campeão a possibilidade de imaginar sua participação no boxe ou em superlutas dentro do UFC, desafiando campeões de outras categorias, em eventos que certamente trariam ao lutador e aos envolvidos, lucros jamais vistos antes nesta competição. Mas a situação de Anderson ficou delicada. Porque já aos 38 anos, não é mais campeão de sua categoria, não está mais invicto há anos – marca importante na competição de lutas-, e já não goza do mesmo respeito internacional, muito em função de seu comportamento no octógono durante a última derrota, considerado por muitos como desrespeitoso ao adversário.
Antes, Anderson poderia escolher entre caminhos diversos, e todos eles eram promissores. Seu poder de barganha diminuiu drasticamente. E o risco pode ser ainda maior. Porque diante de uma revanche contra Weidman, se vence, olharão a derrota recente como tropeço e os planos promissores podem se reapresentar. Se perde, não é difícil imaginar sua carreira sendo abreviada. O golpe que Anderson não espera e levou no último sábado tirou dele muito mais que a vitória. Tirou sua irrestrita capacidade de decidir o que fazer, com absoluta garantia de sucesso. Porque se sua carreira ainda permite a irrestrita capacidade de decidir, a garantia de sucesso foi nocauteada junto com ele. Anderson vai precisar, duplamente, saber perder.
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