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FIFA vê futebol mais forte que insatisfações. Será?

O Brasil vive um momento único nos últimos 20 anos. Isso acontece justamente durante a realização da Copa das Confederações no país. A imprensa internacional, entre outras coisas, está de olho na capacidade do governo brasileiro e FIFA executarem o que foi prometido sem oferecer grandes riscos à reputação da maior entidade do futebol. E é exatamente isso que tem preocupado a FIFA. Seu presidente, Joseph Blatter, em conversa com […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2013 às 15h36.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h59.

O Brasil vive um momento único nos últimos 20 anos. Isso acontece justamente durante a realização da Copa das Confederações no país. A imprensa internacional, entre outras coisas, está de olho na capacidade do governo brasileiro e FIFA executarem o que foi prometido sem oferecer grandes riscos à reputação da maior entidade do futebol. E é exatamente isso que tem preocupado a FIFA. Seu presidente, Joseph Blatter, em conversa com a Ag. Estado nesta segunda-feira, apontou que as manifestações Brasil afora estão usando o futebol como “plataforma” para protestos. “O futebol existe aqui para unir as pessoas, que estão usando a plataforma do futebol e a presença da imprensa internacional para deixar claro certos protestos”, disse Blatter.

Até então, Blatter fazia uma análise racional e pertinente do que acontece no Brasil. Mas aí veio a declaração que pareceu presunçosa: “O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas. Eu disse a Dilma e Aldo (presidente e Ministro do Esporte do Brasil) que temos confiança neles. Uma vez que a bola rolar, as pessoas vão entender e isso vai acabar”, afirmou. Com essa afirmação, independentemente das manifestações ocorrerem no Brasil, Groelândia ou em Marte, Blatter mostrou que, talvez por sua nacionalidade suíça, não sabe o que é uma real insatisfação.

Crédito: Getty Images

Porque o futebol é esplêndido e leva alegria aonde quer que vá. E sim, realizar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo no país é motivo para orgulho. Mas não se pode confundir coisas tão distintas. Se o brasileiro tem orgulho de realizar tais eventos, as manifestações mostram que ao menos uma parcela significativa da população não tem orgulho de COMO estão sendo realizados. E isso faz toda a diferença.

O fato de o futebol ter atingido o patamar de estar mais forte que insatisfações sobre questões básicas, deveria preocupar o presidente da FIFA e não alentá-lo. Aliás, Blatter deveria ser o primeiro a redimensioná-lo. O esporte, incluindo o futebol, é fundamental para uma sociedade se desenvolver. Mas não pode ser, nunca, maior que a insatisfação da própria sociedade por não se sentir desenvolvida.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, quando questionado sobre a importância destes eventos deixarem um legado concreto para o Brasil e a população, respondeu de forma superficial que “o maior legado é a alegria do povo brasileiro em acolher as competições”. Não foi esse o legado prometido ao país quando foi anunciada a Copa do Mundo no Brasil. Ao falar sobre as obras de infraestrutura prometidas para a Copa de 2014, o ministro escancarou: “Todas as obras que constam da matriz de responsabilidade serão concluídas dentro do prazo. As que não forem concluídas serão retiradas da matriz”. Simples, assim?

A surpresa de Blatter vem da imagem recente do brasileiro, que aponta alguém que aceita calado aquilo que o incomoda. Não esperava que justamente agora, com a reputação da FIFA em jogo, manifestações desta grandeza viessem. O que ele não sabe é que provavelmente nem os brasileiros de fato esperavam. E que a Copa do Mundo faz parte, mas está longe de ser o alvo único das manifestações, visto que cidades que sequer sediam a Copa das Confederações, por exemplo, tem recebido milhares de manifestantes.

Que o futebol traga a merecida alegria a todos! Mas que para isso os brasileiros não precisem optar entre a Copa das Confederações e o direito de manifestação. Porque se considerado o que temos visto nos últimos dias, se necessário optar, Joseph Blatter terá que rever seus conceitos sobre o esporte que ele mesmo administra. Ah, claro, e sobre os brasileiros também. Embora em algo ele esteja certo: o futebol existe aqui para unir as pessoas.

Siga-nos no Twitter: @viniciuslord e/ou @EXAME_EsporteEx

O Brasil vive um momento único nos últimos 20 anos. Isso acontece justamente durante a realização da Copa das Confederações no país. A imprensa internacional, entre outras coisas, está de olho na capacidade do governo brasileiro e FIFA executarem o que foi prometido sem oferecer grandes riscos à reputação da maior entidade do futebol. E é exatamente isso que tem preocupado a FIFA. Seu presidente, Joseph Blatter, em conversa com a Ag. Estado nesta segunda-feira, apontou que as manifestações Brasil afora estão usando o futebol como “plataforma” para protestos. “O futebol existe aqui para unir as pessoas, que estão usando a plataforma do futebol e a presença da imprensa internacional para deixar claro certos protestos”, disse Blatter.

Até então, Blatter fazia uma análise racional e pertinente do que acontece no Brasil. Mas aí veio a declaração que pareceu presunçosa: “O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas. Eu disse a Dilma e Aldo (presidente e Ministro do Esporte do Brasil) que temos confiança neles. Uma vez que a bola rolar, as pessoas vão entender e isso vai acabar”, afirmou. Com essa afirmação, independentemente das manifestações ocorrerem no Brasil, Groelândia ou em Marte, Blatter mostrou que, talvez por sua nacionalidade suíça, não sabe o que é uma real insatisfação.

Crédito: Getty Images

Porque o futebol é esplêndido e leva alegria aonde quer que vá. E sim, realizar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo no país é motivo para orgulho. Mas não se pode confundir coisas tão distintas. Se o brasileiro tem orgulho de realizar tais eventos, as manifestações mostram que ao menos uma parcela significativa da população não tem orgulho de COMO estão sendo realizados. E isso faz toda a diferença.

O fato de o futebol ter atingido o patamar de estar mais forte que insatisfações sobre questões básicas, deveria preocupar o presidente da FIFA e não alentá-lo. Aliás, Blatter deveria ser o primeiro a redimensioná-lo. O esporte, incluindo o futebol, é fundamental para uma sociedade se desenvolver. Mas não pode ser, nunca, maior que a insatisfação da própria sociedade por não se sentir desenvolvida.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, quando questionado sobre a importância destes eventos deixarem um legado concreto para o Brasil e a população, respondeu de forma superficial que “o maior legado é a alegria do povo brasileiro em acolher as competições”. Não foi esse o legado prometido ao país quando foi anunciada a Copa do Mundo no Brasil. Ao falar sobre as obras de infraestrutura prometidas para a Copa de 2014, o ministro escancarou: “Todas as obras que constam da matriz de responsabilidade serão concluídas dentro do prazo. As que não forem concluídas serão retiradas da matriz”. Simples, assim?

A surpresa de Blatter vem da imagem recente do brasileiro, que aponta alguém que aceita calado aquilo que o incomoda. Não esperava que justamente agora, com a reputação da FIFA em jogo, manifestações desta grandeza viessem. O que ele não sabe é que provavelmente nem os brasileiros de fato esperavam. E que a Copa do Mundo faz parte, mas está longe de ser o alvo único das manifestações, visto que cidades que sequer sediam a Copa das Confederações, por exemplo, tem recebido milhares de manifestantes.

Que o futebol traga a merecida alegria a todos! Mas que para isso os brasileiros não precisem optar entre a Copa das Confederações e o direito de manifestação. Porque se considerado o que temos visto nos últimos dias, se necessário optar, Joseph Blatter terá que rever seus conceitos sobre o esporte que ele mesmo administra. Ah, claro, e sobre os brasileiros também. Embora em algo ele esteja certo: o futebol existe aqui para unir as pessoas.

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