Como se preparar e passar numa entrevista de emprego — por Cris Junqueira, do Nubank
Fazer a lição de casa sobre a empresa é essencial para quem quer ter bom desempenho. Cofundadora do banco digital dá dicas sobre como se preparar
Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às, 10h30.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2021 às, 10h30.
A entrevista de emprego costuma representar o momento mais aguardado de um processo seletivo. Afinal, é nela que o recrutador avalia se o candidato preenche ou não os requisitos indispensáveis para ocupar uma vaga. Então, qual a melhor maneira de se preparar para esse momento e se dar bem nessa fase tão decisiva?
Quer virar um expert em oratória? Baixe grátis um e-book da EXAME Academy sobre o assunto
No vídeo desta quinzena, Cristina Junqueira dá dicas sobre o que fazer e quais erros evitar ao participar de uma entrevista de emprego, e conta quais são as perguntas essenciais que faz quando vai contratar alguém para o Nubank:
Como passar numa entrevista de emprego?
Cristina Junqueira: A chave do sucesso é a preparação. Estando bem preparado, você também estará mais seguro e isso faz toda a diferença.
Algumas outras dicas são super importantes nesse tipo de processo também. A primeira delas é ser pontual - tem uma frase famosa que diz: quando você chega antes, está no horário; quando chega na hora, está atrasado; e quando chega atrasado, está fora. É uma coisa que não exige muito, mas para a qual poucas pessoas se atentam.
Além disso, seja educado e gentil com todos com quem você encontrar. Seja otimista e traga uma boa energia para o ambiente. Procure falar tanto da vaga quanto das suas experiências de uma maneira positiva e demonstre quão afim você está de ocupar aquela posição.
Uma das coisas mais importantes nesse momento é demonstrar o quão interessado você está, disposto a se dedicar e a aprender coisas novas para realizar o trabalho. E, ao longo da entrevista, vale contar da sua experiência ressaltando os pontos que você acha que serão mais interessantes para a vaga que está se aplicando.
E como me preparar?
Cristina Junqueira: A primeira coisa é fazer o seu dever de casa. Pesquise tudo o que você puder saber sobre a empresa. Entre no site, leia todo o conteúdo institucional que estiver disponível sobre ela.
No caso do Nubank, por exemplo, eu falo para as pessoas devorarem o conteúdo que tem no nosso site, mas também no nosso perfil do LinkedIn e, claro, no nosso blog. Essa é sempre uma ótima fonte para encontrar artigos que contam a história da empresa, como é que ela funciona, sobre cultura e até como funcionam os processos seletivos.
Tem muita informação disponível hoje em dia e é desestimulante para quem está entrevistando perceber que você não fez o mínimo para entender mais sobre a companhia.
Além disso, pesquise sobre o mercado. Cada empresa está inserida numa indústria diferente e é importante entender qual é o contexto atual do setor, quem são os concorrentes e como os clientes percebem cada um deles, quais são os desafios e o modelo de negócios da empresa. Depois, é importante pensar em como a função que você está pleiteando se encaixaria em tudo isso.
Com todo esse contexto, fica muito mais fácil conseguir utilizar as experiências que você já teve, as oportunidades que já viveu, e ressaltar as competências que serão mais úteis para essa vaga que você está aplicando.
Lembre-se que o mais importante não é falar apenas sobre coisas positivas - é até legal trazer situações adversas - mas sempre focando naquilo que você aprendeu e em como você se tornou um profissional melhor depois.
Qual o pior erro que posso cometer?
Cristina Junqueira: Existem várias coisas mais "óbvias" e que até já mencionei um pouco - como chegar atrasado, ou confundir a pessoa com quem a entrevista vai acontecer, por exemplo -, mas os grandes erros que vejo as pessoas cometerem são: em primeiro lugar, não fazer a lição de casa e pesquisar mais informações sobre a empresa e, em segundo, mentir.
A quantidade de gente que chega na entrevista e conta mentiras, histórias fantasiosas e coisas que não aconteceram é impressionante. E isso, num mercado que é cada vez mais conectado e que tem muita informação disponível nas redes sociais, é muito perigoso. Não vale a pena não ser honesto na entrevista porque, mais cedo ou mais tarde, a verdade aparece.
Além disso, o trabalho é como um relacionamento e, por mais que seja apenas profissional, é preciso ter transparência e integridade. Se for para dar certo, vai dar certo. É melhor ser verdadeiro e entrar na relação com a pessoa já sabendo como você é, quais os pontos fortes e quais ainda não teve a possibilidade de desenvolver, do que criar uma expectativa que depois você não vai conseguir entregar.
Quais perguntas você sempre faz ao entrevistar um candidato?
Cristina Junqueira: A coisa mais importante para mim num processo de entrevista é entender o quanto a pessoa realmente está afim de trabalhar no Nubank. Eu costumo dizer que "eu posso ensinar o que for, mas não posso ensinar alguém a se importar".
Então, eu sempre procuro descobrir como essa pessoa se motiva, o que provocou as últimas decisões dela, e tento entender o quanto a posição que eu tenho para oferecer vai conseguir satisfazer esses critérios que ela definiu ao longo da carreira dela.
É interessante conhecer a história do candidato, como ele fez seus movimentos de carreira, o que estava buscando, o que eventualmente deixou pra trás. Assim, você consegue inferir o quanto aquela posição está realmente alinhada com as expectativas e com os valores dele e, é claro, o quanto isso está conectado com a perspectiva da empresa.
Entender o momento de carreira da pessoa também é essencial. Qual o plano que ela tem para a carreira dela naquele momento? O que está buscando? É um momento em que ela procura um crescimento acelerado, geralmente no começo da carreira, ou está priorizando o que vai aprender no cargo. Diferentes funções podem ser um fit melhor dependendo da motivação da pessoa naquele momento da carreira dela.
Eu também estou sempre prestando atenção nas oportunidades que as pessoas tiveram de aprender. Mudanças de função, de indústria, são sempre bons indicadores de que a pessoa consegue se adaptar e aprender bastante rápido.