Ciência

Praticar a atenção pode ajudar você a aprender uma nova tarefa

Um estudo norte-americano mostrou como a experiência pode alterar o funcionamento do cérebro humano

Foco: como prestar atenção realmente ajuda as pessoas a aprenderem? (Reprodução/Thinkstock)

Foco: como prestar atenção realmente ajuda as pessoas a aprenderem? (Reprodução/Thinkstock)

Marina Demartini

Marina Demartini

Publicado em 2 de julho de 2017 às 07h00.

Última atualização em 2 de julho de 2017 às 07h00.

São Paulo – Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revelaram que a prática pode levar, sim, à perfeição quando o assunto é aprender algo novo. Em um estudo, publicado no jornal PLOS Biology, eles comprovaram que praticar o ato de “prestar atenção” pode aumentar o desempenho em uma nova tarefa.

A pesquisa funcionou da seguinte forma: durante um mês, doze voluntários foram ao laboratório para participar de um jogo para lá de entediante. Enquanto as suas atividades cerebrais eram analisadas – a partir de eletrodos colados em suas cabeças – os participantes precisaram olhar para uma tela de computador. Nela, dois círculos listrados de preto e branco apareciam e desapareciam duas vezes em cada uma das metades do display.

O objetivo dos voluntários era escolher quais desses “flashes” tinham o círculo com o maior contraste entre as suas listras. Em uma das sessões, os participantes foram avisados onde o círculo com contraste poderia aparecer e foram direcionados a prestar toda a sua atenção naquele ponto específico. Em outra, eles foram obrigados a dividir sua atenção em ambas as metades da tela.

A explicação por trás da escolha desse game é que o sistema visual do ser humano detecta mudanças de contraste com certa facilidade. Assim, ao pedir aos participantes para avaliarem os círculos, os cientistas foram capazes de comparar seus desempenhos com o que estava acontecendo dentro de seus cérebros – mais especificamente no córtex visual, local onde as imagens são processadas.

O que o experimento mostrou é que os voluntários que foram direcionados a focar em apenas uma parte da tela aprenderam a escolher o círculo com contraste mais rapidamente após dois ou três dias de treinamento. Após esse período, eles chegaram a um platô, ou seja, pararam de melhorar seu desempenho. Entretanto, eles ainda assim tiveram performances melhores do que quando começaram o jogo.

A melhora dos participantes também foi revelada nas leituras de seus eletroencefalogramas. Os exames mostraram um aumento na atividade elétrica de seus cérebros durante os primeiros dias de treinamento. Porém, o pico de aprendizado desapareceu quando o desempenho na tarefa se estabilizou.

Para os pesquisadores norte-americanos, essa fase automática (em que a pessoa para de melhorar) pode significar que o cérebro está focado em exatamente o que precisa para realizar a tarefa.

A descoberta dos cientistas é uma possível resposta a uma pergunta que ainda não foi respondida pela ciência: como prestar atenção realmente ajuda as pessoas a aprenderem?

Uma teoria sugere que o foco faz com que a informação crítica ganhe destaque no cérebro, enquanto outra indica que o foco diminui o ruído ao redor do dado principal. É como se o cérebro fosse uma orquestra em que o volume de um instrumento é aumentado (teoria um) ou o volume do resto dos instrumentos é diminuído para destacar apenas um (teoria dois).

O que esse estudo sugere é que ambos os processos são importantes para a aprendizagem. A única diferença é que um deles é essencial no início do treinamento e o outro é necessário apenas no final.

Acompanhe tudo sobre:GamesJogosMedicinaPesquisas científicasPsicologiaSaúde

Mais de Ciência

Monte Everest cresce devido à erosão de rios, dizem pesquisadores

No Rio, Paes promete Ozempic nas clínicas da família em campanha de reeleição

FDA aprova novo tratamento para esquizofrenia após décadas de estagnação

Missão espacial chinesa planeja construir rede sem fio e geração de energia na Lua