Ciência

Hábito de apenas duas horas por semana pode te tornar mais saudável

Pesquisa sugere que, para melhorar a saúde, 120 minutos na natureza bastam

Áreas verdes: qual seria o tempo necessário ao ar livre para aprimorar a qualidade de vida? (Florian Gaertner / Photothek/Getty Images)

Áreas verdes: qual seria o tempo necessário ao ar livre para aprimorar a qualidade de vida? (Florian Gaertner / Photothek/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 16 de junho de 2019 às 08h55.

Última atualização em 16 de junho de 2019 às 08h55.

São Paulo - Ao decorrer dos anos, a prática de passar mais tempo em meio à natureza e ao ar livre passou a ser relacionada com vida saudável e com uma felicidade mais pura. Enquanto isso, pesquisadores do Reino Unido estavam buscando descobrir quanto tempo é necessário ficar ao ar livre para que alguém realmente tenha uma vida melhor.

Com base em uma pesquisa nacional de cerca de 20 mil adultos britânicos, realizada entre 2014 e 2016, a equipe de cientistas acredita que eles podem ter encontrado um "ponto ideal" semanal para a exposição à natureza. Os autores do estudo concluíram que é necessário ficar duas horas ou mais em contato com áreas verdes. 

Os resultados ganham força com base em pesquisas anteriores, que descobriram que viver em áreas mais verdes está associado a menores riscos de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, asma, angústia mental, mortalidade e até mesmo miopia em crianças. No entanto, essa pesquisa ainda está em sua fase inicial, e ainda não ficou claro quanta exposição à natureza os seres humanos precisam para colher os benefícios.

Os participantes do estudo foram questionados sobre o contato com o ar livre que tiveram nos últimos sete dias. Selecionando aleatoriamente apenas uma dessas idas a áreas livres, um dos pesquisadores requisitou mais detalhes, incluindo quanto tempo a visita era, com quem iam, como chegavam lá e o que faziam.

Depois, foi perguntado a cada indivíduo como era a sua saúde em geral e se estavam satisfeitos com a vida. Reunindo essas respostas, os autores descobriram que os indivíduos que passaram menos de duas horas na natureza ao longo da semana - incluindo visitas a bosques, praias e parques - relataram saúde e bem-estar semelhantes àqueles que não tiveram qualquer tipo de natureza.

Por outro lado, aqueles que passaram mais de duas horas na natureza relataram ter altos níveis de saúde e bem-estar. E aqueles que passaram mais de três horas mostraram apenas ganhos adicionais graduais, tendo sofrido até perdas dos bons níveis de saúde.

Embora ainda seja cedo demais para fazer recomendações baseadas em evidências sobre esses resultados, os autores acham que seu trabalho é um bom ponto de partida para futuras discussões e investigações. Suas descobertas sugerem que não importa de que maneira esses minutos de exposição sejam alcançados a cada semana - apenas devem ser. Em outras palavras, se forem necessários vários passeios curtos na mata para conseguir duas horas de exposição à natureza, isso parece ser tão útil quanto um longo piquenique no parque.

Em grandes termos, os autores afirmam que o tempo máximo que identificaram é semelhante aos níveis recomendados de atividade física ou orientação nutricional. "Dada a importância amplamente declarada de todos esses fatores para a saúde e o bem-estar, interpretamos o tamanho da relação da natureza como sendo significativa em termos de implicações potenciais para a saúde pública", concluem os autores no estudo.

Ainda que muitos estudos anteriores tenham medido o contato da natureza por meio da proximidade de espaços verdes, a nova pesquisa sugere que essa é uma grande falha. Em vez disso, parece que o "limiar" para a exposição natural está presente mesmo para aqueles que vivem em áreas com poucas configurações naturais. "As oportunidades locais empobrecidas não precisam ser uma barreira para a exposição à natureza", sugerem os autores.

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