Gêmeos idênticos podem não ser tão idênticos assim, diz estudo
Estudo publicado nesta quinta-feira (7) pode questionar a análise científica desses casos para determinar o que é inato e o que é adquirido
AFP
Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 16h35.
As diferenças genéticas entre gêmeos monozigóticos podem aparecer muito cedo, desde o desenvolvimento embrionário, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (7) que pode questionar a análise científica desses casos para determinar o que é inato e o que é adquirido.
Um nascimento de gêmeos monozigóticos ou idênticos ocorre quando o zigoto resultante da fecundação se separa em dois, formando dois embriões.
Em 15% desses casos, o número dessas mutações diferentes é inclusive "substancial", destacam os autores, para quem essas conclusões sugerem que o papel dos fatores genéticos nas diferenças entre este tipo de gêmeos é mais importante do que se pensava.
"O modelo clássico é analisar gêmeos idênticos para distinguir a influência da genética e a do entorno na análise de doenças. Por exemplo, no caso de gêmeos idênticos criados separadamente e um deles desenvolve problemas de autismo, a interpretação clássica é que se deve ao entorno", explicou à AFP Kari Stefansson, diretor da CODE Genetics, filial islandesa do grupo farmacêutico americano Amgen.
"Mas é uma conclusão extremamente perigosa", porque existe a possibilidade de que a doença seja decorrente de uma mutação genética precoce, acrescentou.
Sua equipe sequenciou o genoma completo de 387 gêmeos monozigóticos, assim como os de seus pais, parceiros e filhos, para detectar as mutações genéticas.
Quando uma mutação acontece nas primeiras semanas do desenvolvimento de um embrião, tende a estar presente no conjunto das células do indivíduo e a ser transmitida à sua descendência.
Stefansson estima que, com a divulgação de seu estudo, pode deixar de ser pertinente chamar este tipo de gêmeos de idênticos. "Me inclino mais a chamá-los de monozigóticos", disse.