Estudo liga poluição do ar com tumor no cérebro pela primeira vez
Pequenas partículas no ar podem ser aspiradas e causar aumento na incidência de tumores cerebrais malignos, diz novo estudo
Lucas Agrela
Publicado em 20 de novembro de 2019 às 09h00.
Última atualização em 20 de novembro de 2019 às 10h00.
São Paulo – Não só ao meio ambiente, a poluição faz mal também à saúde dos seres humanos. Isso não é novidade. Mas agora pesquisadores encontraram uma ligação entre a exposição a locais com altos níveis de poluição do ar e o risco de desenvolvimento de tumores malignos no cérebro.
Publicado no periódico científico Epidemiology, o estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá. A análise foi feita a fim de examinar o grau de influência de partículas ambientes ultrafinas na saúde humana. Esse tipo de partícula pode ser encontrada em grandes cidades e são menores do que 100 nanômetros de diâmetro, ou seja, aspiráveis, mas invisíveis a olho nu.
A pesquisa analisou dados de saúde de 1,9 milhão de pessoas no Canadá entre os anos de 1991 e 2016, levando em conta os níveis de poluição do ar aos quais essas pessoas estavam expostas. O resultado: mais de 1.400 pessoas tinham desenvolvido tumores cerebrais. A constatação foi de que a poluição do ar causou um aumento no número de pessoas que apresentaram tal condição médica. Em média, o tumor cerebral maligno é visto em 8 a cada 100 mil pessoas. Segundo o novo estudo, essa estatística muda em cidades poluídas, passando para 9 a cada 100 mil pessoas. Para que isso ocorra, o ar deve apresentar mais de 10 mil nanopartículas por centímetro cúbico – para tanto, basta uma via congestionada de veículos poluentes.
Ainda são necessários mais estudos sobre o tema antes que a comunidade científica concorde que, de fato, há uma forte ligação entre a poluição do ar e o desenvolvimento de tumores cerebrais malignos em humanos.