Ciência

Agência Europeia desaconselha ivermectina no tratamento de covid-19

A EMA reforça que o uso indiscriminado de ivermectina pode levar a efeitos colaterais indesejados

A Merck, fabricante do remédio, informou em comunicado em fevereiro que não há dados que sustentem o uso dele contra a covid-19 e que não existe base científica para a recomendação do vermífugo contra a covid-19 (Gerard Julien/AFP)

A Merck, fabricante do remédio, informou em comunicado em fevereiro que não há dados que sustentem o uso dele contra a covid-19 e que não existe base científica para a recomendação do vermífugo contra a covid-19 (Gerard Julien/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de março de 2021 às 21h54.

Última atualização em 22 de março de 2021 às 22h01.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) emitiu um comunicado nesta segunda-feira, 22, desaconselhando o uso de ivermectina no tratamento e na prevenção de covid-19. Ela concluiu que os dados que estão à disposição não confirmam a necessidade de utilização desse fármaco para combater o coronavírus -- ele é indicado para tratar infestações de parasitas como piolho e sarna.

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"Na União Europeia, os comprimidos de ivermectina são aprovados para o tratamento de algumas infestações de vermes parasitas, enquanto fórmulas preparadas com ivermectina são aprovadas para o tratamento de doenças de pele como a rosácea. A ivermectina também está autorizada para uso veterinário em uma ampla gama de espécies animais para parasitas internos e externos. Os medicamentos com ivermectina não estão autorizados para uso na covid-19 na União Europeia e a EMA não recebeu nenhum pedido para esse uso", disse a agência.

No Brasil, um grupo de médicos que defende o tratamento precoce contra a covid-19, que implica o consumo de medicamentos mesmo como profilaxia e sem que a pessoa esteja sentindo qualquer sintoma, colocou a ivermectina como um dos remédios que deveria ser utilizados contra a covid-19. Ele está no mesmo grupo de outros, sem eficácia comprovada, como a cloroquina, e ambos são defendidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

"Após recentes relatórios de publicações sobre o uso de ivermectina, a EMA revisou as evidências publicadas mais recentes de estudos de laboratório, estudos observacionais, ensaios clínicos e meta-análises. Estudos de laboratório descobriram que a ivermectina pode bloquear a replicação do SARS-CoV-2 (o vírus que causa o COVID-19), mas em concentrações de ivermectina muito mais altas do que as alcançadas com as doses atualmente autorizadas", disse a EMA.

"Os resultados dos estudos clínicos foram variados, com alguns estudos mostrando nenhum benefício e outros relatando um benefício potencial. A maioria dos estudos revisados pela EMA era pequena e tinha limitações adicionais, incluindo diferentes regimes de dosagem e uso de medicamentos concomitantes. A EMA concluiu, portanto, que a evidência atualmente disponível não é suficiente para apoiar o uso de ivermectina para covid-19 fora dos ensaios clínicos", continuou.

A EMA reforça que o uso indiscriminado de ivermectina pode levar a efeitos colaterais indesejados e reitera que sua declaração de saúde pública é endossada também pela Força Tarefa contra a Covid-19 (COVID-ETF).

No Brasil, a utilização de ivermectina como profilaxia tem provocado problemas no fígado de muitos pacientes, alguns inclusive com a necessidade de transplante devido à alta dosagem de medicamente ineficaz contra a covid-19 que consumiu.

Por causa do problema, a Merck, fabricante do remédio, informou em comunicado em fevereiro que não há dados que sustentem o uso dele contra a covid-19 e que não existe base científica para a recomendação do vermífugo contra a covid-19.

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