Carreira

Em 20 meses, o Peixe Urbano foi de 5 para mil funcionários

O Peixe Urbano é um exemplo expressivo de quanto o mercado de compras online cresce no Brasil

Da esquerda para a direita: os sócios Alexander Tabor, Emerson Andrade e Júlio Vasconcelos no novo escritório, que vai abrigar, em três andares, toda a equipe carioca (Marcelo Correa/EXAME.com)

Da esquerda para a direita: os sócios Alexander Tabor, Emerson Andrade e Júlio Vasconcelos no novo escritório, que vai abrigar, em três andares, toda a equipe carioca (Marcelo Correa/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2013 às 17h58.

São Paulo - O Peixe Urbano, primeiro e maior site de compras coletivas do Brasil, uma espécie de loja de descontos virtual, foi lançado por aqui em março de 2010, quando tinha uma equipe de cinco pessoas.

Destas, três eram os sócios fundadores: Júlio Vasconcelos, de 30 anos, Alexander Tabor, de 31, e Emerson Andrade, de 37. Os três haviam acabado de chegar do Vale do Silício, nos Estados Unidos, de onde traziam na bagagem experiências com startup (empresa em início de operação) e uma ideia inovadora.

De lá para cá, muita coisa mudou. Em dezembro do ano passado, foi anunciada a entrada do apresentador Luciano Huck, de 40 anos, na sociedade, receberam duas rodadas de investimentos, conquistaram 15 milhões de usuários cadastrados, estão em 70 cidades brasileiras e em mais três países: México, Argentina e Chile.

Menos de dois anos se passaram e eles saltaram de 5 para mais de 1 000 funcionários. Por causa da rápida expansão, tiveram de estruturar, às pressas, uma área de recursos humanos capaz de integrar e treinar os jovens profissionais num mercado que está sendo desbravado. Nesse negócio, formar bem os profissionais é fundamental porque são eles os responsáveis por capturar as ofertas que vão para o site. 

O aquário ficou pequeno

O sobrado alugado no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, ficou pequeno no primeiro mês. “Já começamos a contratar gente desde o primeiro dia”, diz Júlio, o presidente da empresa. E logo alugaram outro espaço. Só no Rio de Janeiro, a equipe se divide em cinco aquários — como são chamados os escritórios —, enquanto aguarda a reforma do novo edifício corporativo, onde se concentrará em três andares. 

Por causa do ritmo apressado de contratações, a área de recrutamento foi uma das primeiras a ser estruturada, apenas dois meses depois do lançamento do site. “Estávamos contratando muita gente, então tivemos de ter alguém só para fazer o recrutamento”, conta Júlio. Eles fecharam 2010 com 300 colaboradores.

E até novembro de 2011 empregaram mais 700, o que representou a contratação de praticamente 80 pessoas por mês, ou mais de dois profissionais por dia. “A remuneração que oferecemos é tão competitiva quanto a do mercado. Mas o atrativo é a nossa missão”, diz o presidente, referindo-se ao grande desafio das companhias online: ganhar escala e desbravar o novo segmento. 


A diretora de recursos humanos Maria Fernanda Ortega, ex-Fnac, aceitou a empreitada. Ela foi contratada em setembro para estruturar a área de RH, que já conta com 20 pessoas. Em suas mãos, uma missão instigante: continuar crescendo, criar processos de gestão de pessoas e, ao mesmo tempo, manter o DNA do Peixe Urbano.

Além disso, eles precisam conseguir ter uma comunicação integrada, disseminando a visão corporativa por todas as sedes da empresa e em diferentes países. 

Para isso, eles já colocaram as nadadeiras para trabalhar. Em menos de três meses, Maria Fernanda e sua equipe começaram a desenvolver o planejamento estratégico junto à diretoria, o plano de cargos e salários, e fizeram uma reunião com o board para passar a limpo a missão, a visão e os valores da organização.

“Antes disso, consultamos os funcionários para saber quais eles achavam que eram os traços mais marcantes de nossa cultura. Isso vai nos ajudar a definir e a disseminar nosso DNA”, conta a diretora de RH. 

Júlio Vasconcelos é um presidente participativo. Desde o início faz pesquisa de satisfação a cada três meses. “Os colaboradores queriam saber qual era o papel deles na companhia e, como tudo é muito ágil, aonde podem chegar”, diz Maria Fernanda. A gerente de relacionamento com parceiros, Carolina Baptista, de 30 anos, que o diga.

Ela começou a trabalhar na empresa em julho de 2010 como analista de publicação e, em um ano e dois meses, passou por quatro promoções. “Fui surpreendida pela velocidade. Mas o que mais me deixa feliz é que, conforme o Peixe Urbano foi crescendo, fui sendo reconhecida por meu trabalho”, conta Carolina. 

Uma das prioridades é o treinamento. Até o fim deste ano, a companhia quer que a universidade corporativa (UniPeixe) já esteja funcionando. “Como é um negócio novo e muito conhecimento é gerado aqui dentro, temos de dar um jeito de mantê-lo e disseminá-lo.” Outro tema trabalhado pela área de RH é a liderança.

“A média de idade dos funcionários é 28 anos. Temos de fazer nossos líderes manterem o foco na construção da organização e na consolidação da cultura entre todos os jovens”, afirma Maria Fernanda, diretora de RH. 

Júlio, o presidente do Peixe Urbano, conversa uma vez por mês com todos os gestores para alinhar as metas da empresa. Também mensalmente, todos os funcionários, ou cardume, como gostam de dizer, se reúnem com um dos sócios para falar das estratégias do site e dos próximos passos. A reunião, que leva o nome de Papo de Peixe, sempre acaba em happy hour.  

Espírito de diversão

Um dos valores do Peixe Urbano é a diversão. “Aqui o casual day não é só sexta-feira. Nós dizemos que é casual everyday”, diz Maria Fernanda. As pessoas costumam trabalhar de jeans e camiseta, mas não é raro encontrar jovens de bermudão, camiseta e chinelo. No novo aquário, para o qual devem se mudar no início do ano que vem, o traje será social, já que os profissionais dividirão o espaço com executivos de outras organizações.


Mas, como a informalidade faz parte da filosofia da empresa, os sócios se reuniram com a administração do edifício para acordar que não haveria problema com os trajes de seus funcionários. Os horários também são flexíveis e cada um faz o seu. No atendimento, por exemplo, em que a jornada tem de ser um pouco mais rigorosa, os profissionais escolhem a hora de entrar, que varia das 8h às 11h. 

E o clima de festa é assim até com os processos de atração de talentos. Para contratar engenheiros de TI no ritmo que precisavam, eles foram criativos: convidaram alunos de universidades cariocas para um luau.

“Teve um evento de apresentação e informalmente as pessoas foram conversando e conseguimos perceber quem tinha perfil para trabalhar com a gente”, conta Maria Fernanda. Os colaboradores também são estimulados a indicar amigos por meio de um programa de incentivo financeiro, que paga bônus pela indicação aprovada. 

Gente boa

O Peixe Urbano se considera uma empresa de inovação em produtos, portanto, sua expertise tem de estar na área de tecnologia. “Queremos os melhores profissionais do país”, afirma Júlio. Com a dificuldade em recrutar no Brasil, grande parte da equipe de TI vem do Vale do Silício.

“Compras coletivas ainda é um segmento muito novo aqui, por isso muitas vezes precisamos trazer de fora gente com know-how na área”, diz o presidente. “Temos colaboradores que vieram do Facebook, da Microsoft e da Apple, então, nos tornamos um grande celeiro de aprendizado para novos talentos”, completa Júlio. 

Como os fundadores estudaram na Universidade Stanford, eles mantêm um bom networking e conseguem trazer o pessoal de lá. O fato de o Brasil viver um bom momento econômico e de o Rio de Janeiro ser uma cidade turística é um atrativo. Cerca de 10% do escritório carioca é de estrangeiros, sendo 20 americanos.

Eric Pan, de 28 anos, americano, é um exemplo. “Aceitei o desafio porque o Brasil me oferece mais oportunidades hoje do que os Estados Unidos. O mercado brasileiro de internet está crescendo em proporções sem precedentes. Além disso, por estar aqui agora, me sinto fazendo parte deste momento especial e fazendo história”, afirma o gerente de produto do Peixe Urbano.

Para trabalhar no site, duas características são importantes: ter perfil empreendedor, que goste de construir novos projetos sem medo de errar, e ter “espírito de diversão”. A entrevista de emprego é feita por uma banca de no mínimo seis pessoas. “Os avaliadores são o gestor imediato, os pares, o diretor da área e, se for cargo de liderança, um subordinado”, diz Maria Fernanda, do RH.

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