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Cofundador da Natura diz o que admira em um profissional

Confira os conselhos de carreira de Pedro Passos, da Natura, e saiba mais sobre a trajetória do executivo e o que o inspira

Candidatos a vaga de emprego: profissionais raros no Brasil (Foto/Thinkstock)
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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2017 às 15h00.

Última atualização em 28 de setembro de 2017 às 15h00.

Nos anos 1970, quando a Natura ainda era bem pequena, os jovens sócios Guilherme Leal e Luiz Seabra tinham um sonho: transformá-la numa grande empresa brasileira do setor de beleza.

Então engenheiro numa multinacional, Pedro Passos aceitou o convite dos amigos, que precisavam de alguém com seus conhecimentos técnicos para ajudar na expansão.

Abriu mão de um plano de carreira em uma empresa grande sem olhar para trás, e entrou como sócio e cofundador. Com isso, também trocou a situação de liderar centenas de pessoas para assumir um time que ainda estava nas dezenas. “Foi uma mudança de carreira absoluta, baseada na relação que tinha com as pessoas e em minha vontade de empreender”, explica.

Abaixo, Pedro Passo fala sobre seus pontos fortes e fracos, inovação, sucesso, sustentabilidade e o que quer ver em um candidato:

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Hoje copresidente do conselho de administração da Natura, Passos viu seu negócio se tornar um gigante avaliado em US$ 10,5 bilhões e a maior empresa B do mundo, como são conhecidas as companhias com fins lucrativos e impacto social positivo certificadas pela B Corporation.

No processo, se tornou um dos maiores empreendedores do país.

A trajetória de Pedro Passos

Formando em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP, Passos escolheu a especialização atraído pela “cara de economia” do currículo. Logo após se formar, quis se aprofundar em gestão e engatou um curso de Administração na Fundação Getulio Vargas.

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Ainda na USP, sua primeira experiência profissional foi numa metalúrgica, onde estagiou como gestor de produção e trabalhou em uma fundição de latão.

“Às vezes saímos da escola com a ideia de que sabemos tudo e vamos sentar ao lado do presidente. Eu literalmente fui para o chão da fábrica empurrar carrinho”, diverte-se. “Era um pouco o desenho do inferno: um lugar cheio de fumaça e quente.”

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Naquela época, aprendeu que um gestor se beneficia do contato direto com funcionários. Incumbido da tarefa de aumentar a produção da fundição, não sabia o que fazer até estabelecer uma amizade com os trabalhadores, que lhe deram os insights necessários.

“Foi minha salvação e eles me deram as dicas”, afirma. “Até hoje, quando visito alguma fábrica ou escritório e quero aprender algo, converso com a turma que está com a mão na massa.”

Começo da Natura

Em seguida, passou dois anos na Ferrovia Paulista (Fepasa) a convite do amigo Guilherme Leal. “Vale muito a pena ter experiências na área pública para saber como as coisas são feitas”, resume.

Quando a gestão estadual mudou, Passos perdeu o emprego e foi trabalhar numa multinacional. Ficou por lá até Leal lhe fazer um novo convite: trabalhar em uma empresa de cosméticos que pertencia a um pequeno grupo chamado Natura.

“Passei do mercado de ferrovias para trabalhar com batom”, ele brinca, para dar conta da dimensão da mudança. Ao conversar com Leal e Seabra, ambos administradores, o engenheiro da turma pediu apenas para se tornar sócio da empresa caso o trabalho desse certo. “Foi na base da confiança e sem papel assinado”, lembra.

Ter confiança nas pessoas com quem você se relaciona profissionalmente e buscar pessoas que são melhores que você são outros conselhos de carreira seus. “Conhecimento é importante, mas é fundamental se cercar com pessoas boas”, garante.

Como empreender no Brasil

Para Passos, empreendedores podem ser muito diferentes entre si, mas são pessoas que têm vontade de causar mudanças e são apaixonadas por uma ideia ou causa. O empreendedor, continua, é “um sujeito que está sempre buscando ir adiante”.

Ele afirma que essa capacidade não depende tanto de fatores externos, como um cenário econômico estável.

Pensando no início da Natura, ele se lembra da crise intensa no país – “era um Brasil sem moeda”, resume – e do jeito que os sócios encontraram para se destacar dos concorrentes.

Quando poucos produtos de beleza importados chegavam ao território e multinacionais focavam na criação de produtos populares, a Natura decidiu oferecer produtos brasileiros de qualidade e efetivamente preencher um segmento do mercado.

“Nós nos posicionamos para oferecer algo que o consumidor brasileiro não tinha”, diz Passos, exemplificando sua ideia de que um empreendedor é capaz de ver um cenário e, a partir dele, extrair oportunidades.

“Não conte só com vento a favor: empreenda quando tiver uma boa ideia e um bom diagnóstico.”

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