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Voo Rio-Paris: uma reconstituição desfavorável aos pilotos

A hipótese de resfriamento das sondas de velocidade Pitot foi logo descartada para se focalizar nas manobras do copiloto e dos comandos

O acidente com o Airbus da Air France, num relatório interino do BEA, o birô de investigação e análises da aviação civil (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de março de 2012 às 23h12.

São Paulo - Três meses antes da publicação do relatório final da investigação sobre as causas do acidente com o voo Rio-Paris, no dia 1º de junho de 2009, o canal France 3 deve divulgar, no dia 14 de março, uma reportagem com a reconstituição tridimensional dos últimos minutos de voo, com a ajuda de atores, e que culpa os pilotos.

Intitulada "Vol AF 447 Rio/Paris: les raisons d'un crash", (Voo AF 447 Rio/Paris: as razões do acidente, numa tradução livre) esta reconstituição, à que a AFP teve acesso, usa os atores para transformar em imagens a ação dos pilotos durante os quatro últimos minutos e 22 segundos na cabine do avião, antes de o Airbus A330 se chocar com o Atlântico.

Apresenta a tese de que as reações deles levaram ao acidente no qual 228 pessoas morreram.

Esta reconstituição, que joga com o emocional e com o sensacional, foi "uma escolha editorial assumida", explicou à AFP Jean-François Gringoire, redator-chefe.

"Evidentemente, o caráter emocional não é neutro, uma vez que não se trata de um relato de um passeio no campo, mas dos quatro últimos minutos de um avião de carreira que está prestes a cair", comentou.

Mas defendeu este formato adaptado à reportagem televisual, usada há tempos pelas mídias anglo-saxônicas. "A dimensão emocional torna-se mais forte se der para visualizar com os autores", destacou.


Os jornalistas encarregados da enquete, Fabrice Amedeo e Véronique Préault, afirmam "ter rigorosamente reconstituído" o que aconteceu antes do acidente, mas a reportagem leva indiscutivelmente o espectador à convicção de um erro na pilotagem.

A hipótese de resfriamento das sondas de velocidade Pitot foi logo descartada para se focalizar nas manobras do copiloto e dos comandos, que não cessam de puxar o manche em vez de empurrá-lo.

O alarme que se ouve soar 74 vezes em 54 segundos, não é em nenhum momento mencionados no interior da cabine, deixando uma impressão de caos e incompreensão da situação.

Ouvido sobre a reportagem, o porta-voz da Air France respondeu à AFP: "o relatório definitivo ainda não foi publicado. Vamos esperar esclarecimentos suplementares sem os quais é impossível tirar conclusões definitivas".

"É por este motivo que a Air France não deseja se somar a esta 'contrainvestigação' que se faz com elementos parciais. (...) os métodos nos aparecem extremamente contestáveis e deslocados em relação à memória das vítimas", acrescentou.

Por sua vez, o pessoal do Birô de Investigações e Análises (BEA), encarregado da investigação técnica, que não viu a reportagem, não fez comentários, lembrando que o relatório definitivo deverá ser publicado "durante o mês de junho".

Em seu relatório interino do final de julho de 2011, o BEA destacou uma série de falhas dos pilotos.

A Air France e a Airbus são questionadas neste dossiê por homicídios involuntários.

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São Paulo - Três meses antes da publicação do relatório final da investigação sobre as causas do acidente com o voo Rio-Paris, no dia 1º de junho de 2009, o canal France 3 deve divulgar, no dia 14 de março, uma reportagem com a reconstituição tridimensional dos últimos minutos de voo, com a ajuda de atores, e que culpa os pilotos.

Intitulada "Vol AF 447 Rio/Paris: les raisons d'un crash", (Voo AF 447 Rio/Paris: as razões do acidente, numa tradução livre) esta reconstituição, à que a AFP teve acesso, usa os atores para transformar em imagens a ação dos pilotos durante os quatro últimos minutos e 22 segundos na cabine do avião, antes de o Airbus A330 se chocar com o Atlântico.

Apresenta a tese de que as reações deles levaram ao acidente no qual 228 pessoas morreram.

Esta reconstituição, que joga com o emocional e com o sensacional, foi "uma escolha editorial assumida", explicou à AFP Jean-François Gringoire, redator-chefe.

"Evidentemente, o caráter emocional não é neutro, uma vez que não se trata de um relato de um passeio no campo, mas dos quatro últimos minutos de um avião de carreira que está prestes a cair", comentou.

Mas defendeu este formato adaptado à reportagem televisual, usada há tempos pelas mídias anglo-saxônicas. "A dimensão emocional torna-se mais forte se der para visualizar com os autores", destacou.


Os jornalistas encarregados da enquete, Fabrice Amedeo e Véronique Préault, afirmam "ter rigorosamente reconstituído" o que aconteceu antes do acidente, mas a reportagem leva indiscutivelmente o espectador à convicção de um erro na pilotagem.

A hipótese de resfriamento das sondas de velocidade Pitot foi logo descartada para se focalizar nas manobras do copiloto e dos comandos, que não cessam de puxar o manche em vez de empurrá-lo.

O alarme que se ouve soar 74 vezes em 54 segundos, não é em nenhum momento mencionados no interior da cabine, deixando uma impressão de caos e incompreensão da situação.

Ouvido sobre a reportagem, o porta-voz da Air France respondeu à AFP: "o relatório definitivo ainda não foi publicado. Vamos esperar esclarecimentos suplementares sem os quais é impossível tirar conclusões definitivas".

"É por este motivo que a Air France não deseja se somar a esta 'contrainvestigação' que se faz com elementos parciais. (...) os métodos nos aparecem extremamente contestáveis e deslocados em relação à memória das vítimas", acrescentou.

Por sua vez, o pessoal do Birô de Investigações e Análises (BEA), encarregado da investigação técnica, que não viu a reportagem, não fez comentários, lembrando que o relatório definitivo deverá ser publicado "durante o mês de junho".

Em seu relatório interino do final de julho de 2011, o BEA destacou uma série de falhas dos pilotos.

A Air France e a Airbus são questionadas neste dossiê por homicídios involuntários.

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