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Terra Ianomâmi: garimpo ilegal causou alta de 309% no desmatamento

Pelo cálculo do MapBiomas, as comunidades ianomâmis terminaram os anos de 2020 e 2021 com 920 e 1.556 hectares de floresta a menos

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Ianomâmi: levantamento aponta, ainda, mais de 21 mil casos de malária (Ricardo Stuckert/Agência Brasil)

Ianomâmi: levantamento aponta, ainda, mais de 21 mil casos de malária (Ricardo Stuckert/Agência Brasil)

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Agência Brasil

Publicado em 27 de janeiro de 2023 às, 18h35.

Última atualização em 27 de janeiro de 2023 às, 18h45.

No intervalo entre outubro de 2018 e dezembro de 2022, o desmatamento resultante do garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Ianomâmi aumentou 309%, de acordo com levantamento elaborado pela Hutukara Associação Ianomâmi. Em dezembro de 2022, último mês do governo de Jair Bolsonaro, a área devastada era de 5.053,82 hectares, ante 1.236 hectares detectados no início do monitoramento.

Conforme o Instituto Socioambiental (ISA), a entidade estabeleceu um comparativo com os números coletados pela equipe do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), constatando uma curva maior de crescimento no período. A diferença se deve à qualidade dos equipamentos utilizados. Enquanto o satélite usado pelo MapBiomas, o Landsat, processa dados com inteligência artificial, o sistema da Hutukara tem alta resolução espacial, o que permite maior precisão e a cobertura de perímetros que, por vezes, deixam de ser captados. Outro fator destacado pelo ISA é a alta frequência de visitas à Terra Indígena, por parte da associação representativa dos ianomâmis, o que influencia no trabalho de acompanhamento e registro.

Pelo cálculo do MapBiomas, as comunidades ianomâmis terminaram os anos de 2020 e 2021 com 920 e 1.556 hectares de floresta a menos. A entidade ianomâmi, por sua vez, avalia que as perdas foram, respectivamente, de 2.126,64 e 3.272,09 hectares.

Malária

De acordo com o presidente da Urihi Associação Ianomâmi, Junior Yanomami, o problema do garimpo extrapassa a questão ambiental e é raiz de outras consequências, como o bloqueio ao atendimento de saúde. Há algumas semanas, a TI Ianomâmi tornou-se centro das atenções da imprensa e do governo federal, com a difusão de denúncias sobre a condição de saúde da população local.

Fotografias de crianças e adultos ianomâmis têm inundado as redes sociais e impactado os usuários, devido à magreza dos corpos, que, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), mostra a omissão do governo Bolsonaro diante de inúmeros apelos ignorados.

Além da desnutrição infantil, outra contrariedade já bem conhecida dos ianomâmis é a malária, doença tratável. De acordo com o balanço da Hutukara, somente durante o governo Michel Temer, foram registrados 28.776 casos da doença. Desse total, 9.908 casos correspondem a 2018, e, no ano seguinte, início do governo Bolsonaro, a soma saltou para 18.187. Em 2020, a entidade contabilizou 19.828 casos e, em 2021, 21.883 casos.

Para o líder ianomâmi, autoridades de segurança pública são fundamentais enquanto o cerco de garimpeiros aos indígenas e a profissionais de saúde permanece. "Não adianta a gente mandar médicos. Garimpeiros vão intimidar com fuzil, submetralhadora. Exército, Polícia Federal tem de combater forte, punir, responsabilizar essas pessoas que estão destruindo a vida, o rio", afirma Junior.

A crise que afeta as comunidades da Terra Indígena Ianomâmi levou o governo federal a decretar Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional para combate à desassistência sanitária dos povos que vivem na região. No sábado, 21, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros de Estado visitaram Roraima para acompanhar a situação dos indígenas.

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