Brasil

Senado deve votar cassação de Delcídio nesta terça

Senadores tucanos tentaram bancar a tese da defesa, que pedia a suspensão do processo de cassação, mas sem sucesso


	Delcídio do Amaral: cassação do senador será julgada hoje, um dia antes da votação sobre abertura de processo de impeachment contra Dilma.
 (Jefferson Rudy/ Agência Senado)

Delcídio do Amaral: cassação do senador será julgada hoje, um dia antes da votação sobre abertura de processo de impeachment contra Dilma. (Jefferson Rudy/ Agência Senado)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2016 às 08h44.

Brasília - Em sessão que ouviu o senador Delcídio Amaral (sem partido - MS) nesta segunda-feira, 9, senadores tucanos tentaram bancar a tese da defesa, que pedia a suspensão do processo de cassação do ex-líder do governo, mas, em rara reunião realizada no plenário do Senado, a Comissão de Constituição (CCJ) da Casa aprovou o aval ao prosseguimento do processo de cassação do senador. A votação da cassação deverá ocorrer ainda nesta terça-feira, 10.

Com isso, mantém-se a previsão original feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de votar o pedido de perda de mandato do ex-líder do governo no Senado pelo plenário nesta terça-feira, 10, um dia antes da votação do afastamento da presidente Dilma Rousseff.

Mais cedo, a CCJ havia aprovado um pedido de suspensão do processo contra Delcídio até a quinta-feira, 12, para que a Procuradoria-Geral da República enviasse ao colegiado o aditamento da denúncia a partir da delação do ex-petista que envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A situação, no entanto, causou revolta no plenário do Senado, onde o presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), comparou a decisão a um espetáculo.

O peemedebista chegou a ameaçar não realizar a votação do afastamento de Dilma se a cassação de Delcídio não fosse apreciada antes e, em rara atitude regimental, o Senado aprovou um requerimento de urgência apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) para que uma sessão extraordinária da CCJ votasse o parecer do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) para dar prosseguimento ao processo de cassação de Delcídio.

Renan e Jucá trabalharam durante a última semana para garantir que Delcídio fosse cassado antes da votação do impeachment de Dilma, um pedido que a própria presidente teria feito ao presidente do Senado.

Articulação

O adiamento da decisão sobre o processo de cassação de Delcídio havia sido concedido pela CCJ após um requerimento apresentado pelo tucano Aloysio Nunes (PSDB-SP) pedir a suspensão do processo até que o Senado tivesse acesso aos novos fatos incluídos no processo do senador.

O aditamento foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na terça-feira, 3, alegando que Lula, o pecuarista Carlos Bumlai e seu filho, Maurício, também tiveram participação na tentativa de compra de silêncio do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

O pedido de Aloysio Nunes foi endossado por uma fileira de outros tucanos, que pediram a palavra para apoiar o adiamento da votação contra Delcídio.

Entre eles, o relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Antonio Anastasia (PSDB-MG), e o relator do próprio processo de Delcídio na CCJ, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que já havia apresentado relatório a favor da constitucionalidade da cassação de Delcídio.

"Evidentemente esse aditamento traz o chamado fato novo, fundamental para a defesa. E o princípio da defesa, nós não podemos desprezá-lo, ainda mais num processo com essas características", disse Anastasia.

No mês passado, o jornal O Estado de S. Paulo adiantou que tucanos negociavam com Delcídio sua vinda ao Senado para reforçar acusações contra o governo às vésperas da votação do impeachment de Dilma e, ao mesmo tempo, aliviar as citações que fez em delação premiada sobre o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).

Em sessão plenária, contudo, os senadores da CCJ voltaram atrás e entenderam que o colegiado deveria apenas opinar se o processo por quebra de decoro do ex-petista está de acordo com os preceitos constitucionais, legais e regimentais.

Renan e Jucá argumentavam que somente o Conselho de Ética do Senado tinha poderes para apreciar provas - essa comissão, entretanto, já havia concluído os trabalhos.

Acompanhe tudo sobre:Delcídio do AmaralPolítica no BrasilSenado

Mais de Brasil

Lula demite Nísia; Padilha assumirá Ministério da Saúde

Defesa Civil emite alerta severo de chuvas para São Paulo na tarde desta terça

Tarcísio diz que denúncia da PGR contra Bolsonaro 'não faz sentido nenhum' e critica 'revanchismo'

Pé-de-Meia: como funciona o programa e como sacar o primeiro pagamento