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Saudades do 'arraiá': Volta das festas de São João anima mercado de eventos

Calendário junino se estende até agosto. No Rio, venda de fantasias, quitutes e item de decoração tiveram alta de 65%

Ao menos 12 produtos tiveram alta acima da inflação, com destaque para itens como milho de pipoca (20,95%), aipim (16,03%) e fubá de milho (15,63%). (Embratur/Divulgação)

Ao menos 12 produtos tiveram alta acima da inflação, com destaque para itens como milho de pipoca (20,95%), aipim (16,03%) e fubá de milho (15,63%). (Embratur/Divulgação)

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Agência O Globo

Publicado em 4 de junho de 2022 às 11h49.

Depois de dois anos sem arraiá, o brasileiro tirou a camisa quadriculada do armário, em um movimento que aquece as vendas e o mercado de eventos. No Rio, a Associação de Lojistas da Saara percebeu um crescimento de 65% na venda de fantasias, quitutes e itens de decoração.

Com a volta das festas populares de São João, a Feira de São Cristóvão já tem calendário fechado para o período de junho a agosto. Os ingressos custam cerca de R$ 60, e a expectativa de público ao longo de três meses é de quase 1 milhão de pessoas.

"Vamos juntar a vontade do povo nordestino com a vontade do povo carioca de curtir um bom São João. Essa data é muito importante para a gente, é quando movimentamos a feira. Por isso, estendemos as festividades até agosto, para que o povo possa aproveitar", afirmou Magno Pereira, diretor da comissão administradora e organizadora da Feira de São Cristóvão.

O apetite pelas festas com quadrilha, quentão e canjica pode ser medido pela escalada de preços. Os ingredientes para fazer os quitutes típicos da época e bebidas aumentaram 13,12% nos últimos 12 meses, enquanto a inflação ao consumidor medida pelo IPC-M, da Fundação Getulio Vargas (FGV), ficou em 10,08% no mesmo período.

Ao menos 12 produtos tiveram alta acima da inflação, com destaque para itens como milho de pipoca (20,95%), aipim (16,03%) e fubá de milho (15,63%).

A Associação de Lojistas de Shopping da Bahia (ALSCIB) verificou crescimento no mercado desde o Dia das Mães, que deve seguir embalado pelas comemorações de junho e julho, com os festejos de São João. A perspectiva é de alta de 11% em relação ao mesmo período de 2019. O movimento é percebido em outras regiões.

"Vemos que o mercado está voltando ao normal. Essa retomada seria importante para a economia. Vamos esperar as próximas semanas para ter uma ideia de como o comércio vai se comportar, mas é possível ver que as pessoas estão indo às compras. Os lojistas estão indo também repor mercadoria", afirmou Melca Farias, diretora da Associação Comercial da Paraíba (ACPB).

O empresário José João Richa, de 59 anos, administra a loja Multifestas, na Saara, no Centro do Rio, desde 1994. Ele aposta que a retomada do comércio este ano será tão forte que poderá faltar mercadoria para repor os estoques.

Segundo Richa, desde 20 de maio, a procura por produtos juninos aumentou 30%, em comparação ao mesmo período de 2019, antes da pandemia.

"Vendo para CNPJ, ou seja, para pequenos comerciantes, e pessoas físicas. Vamos ter uma demanda muito maior este ano. Até porque todo mundo está necessitado, carente de festas, o que é muito bom, porque aquece a economia. Comprei mercadorias acreditando num aumento de vendas entre 30% e 40%. Mas, na verdade, esse aumento deve ser de 60% a 70%. As pessoas estão comprando mais. Porém, os fabricantes não estão atendendo à demanda do mercado por falta de matérias-primas", diz o empresário.

Fernando Carvalho, de 39 anos, é dono da Usina de Arte, que confecciona cinturões, balões, chapéus de cangaceiro e balões de fita. Há 30 anos, ele produz e vende artigos para o mercado varejista:

"Criou-se no mercado uma insegurança muito grande. Ficou caro comprar da China. As pessoas estão loucas para fazer festa. Tem muita demanda, mas está faltando segurança na economia".

O carioca Fernando Torres, de 39 anos, é dono do bar Os Imortais, em Copacabana. Ele não via a hora de as festas juninas voltarem para vender o carro-chefe da casa, os “kits juninos”, com salsichão, caldo verde, batida de paçoca, milho, espetinho de carne de sol, entre outros produtos. Em vez de comprar com fornecedores, o comerciante optou este ano por buscar os insumos diretamente do Ceasa.

"Comprei um carro de segunda mão, barato, para conseguir transportar os alimentos sem pagar frete. Estou na expectativa de fazer algo mais comemorativo e bacana, mas sei que tenho que segurar a onda nos gastos", resume.

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