Brasil

Para Bolsonaro, se escola "tiver partidos, que tenha os dois lados"

"Não pode é ter um lado só na escola, isso leva ao que não queremos", disse o presidente sem dar maiores detalhes

Jair Bolsonaro: presidente voltou ao tema da educação em suas redes sociais (Adriano Machado/Reuters/Reuters)

Jair Bolsonaro: presidente voltou ao tema da educação em suas redes sociais (Adriano Machado/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de abril de 2019 às 13h03.

Última atualização em 28 de abril de 2019 às 13h47.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar uma suposta doutrinação ideológica de professores no Brasil e defender a ideia da Escola sem Partido neste domingo (28). Ele disse que não pode existir um lado apenas nas salas de aula.

"Nós queremos a escola sem partidos, ou se tiver partidos, que tenha os dois lados. Não pode é ter um lado só na escola, isso leva ao que não queremos", disse, sem dar maiores detalhes.

O presidente falou sobre o tema ao ser questionado por jornalistas neste domingo, após encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre um vídeo postado em seu Twitter nesta manhã.

Com a legenda "professor tem que ensinar e não doutrinar", o vídeo mostra uma aluna questionando uma professora sobre críticas que teriam sido feitas ao governo e ao guru bolsonarista Olavo de Carvalho.

https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1122466597644505089

Circula no Congresso o Projeto de Lei “Escola sem Partido” (PL 258/2019), de autoria de Bia Kicis, deputada estreante do PSL, e que atualiza o projeto anterior (PL 7180/2014),i arquivado na Câmara em dezembro do ano passado.

Em entrevista para a Folha de São Paulo em fevereiro, Maia disse o seguinte sobre a tramitação do projeto:

“Quem vai barrar é o STF, não eu. Quem é a favor da Escola sem Partido tem que tomar cuidado porque, na hora que começar a tramitar no Congresso, o Supremo vai derrubar, vai declarar a inconstitucionalidade”.

Em 2016, o Ministério Público Federal declarou que o Escola sem Partido era inconstitucional por impedir o pluralismo de ideias.

Dentre as novidades do atual texto, está a possibilidade de os alunos gravarem as aulas e a proibição de manifestação político-partidária nos grêmios estudantis.

O texto do projeto e seus apoiadores não apresentam nenhuma evidência empírica de que a doutrinação é um fenômeno amplo nas escolas brasileiras e a questão não é vista como prioritária entre especialistas em educação.

Esta foi uma das áreas que geraram mais polêmicas ao longo dos primeiros meses de governo, e Ricardo Vélez, ministro da Educação, foi substituído no início deste mês por Abraham Weintraub. Ambos viraram ministros apesar de não terem experiência na área.

Encontro

Ao falar com jornalistas neste domingo, o presidente também afirmou que o encontro com Maia no início da manhã foi "excelente" e durou cerca de uma hora.

Questionado sobre se conversaram sobre a tramitação da Reforma da Previdência no Congresso, Bolsonaro respondeu apenas que trataram de "um montão de assuntos".

Ao Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, Maia confirmou mais cedo que a tramitação da reforma foi assunto da conversa. Ele também afirmou que o governo ainda está discutindo a possível transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Há uma movimentação no Congresso para que o órgão saia da competência do Ministério da Justiça e retorne à estrutura do Ministério da Economia. O ministro Sérgio Moro (Justiça) é contrário à mudança e tem feito apelos públicos para que a sua pasta não seja desidratada.

No sábado, Maia negou que tenha feito críticas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) quando falou da atuação deles em relação ao pai, o presidente Jair Bolsonaro, em entrevista publicada pelo site Buzzfeed Brasil. Em nota, afirmou que "as informações estão totalmente fora de contexto e que a entrevista aparenta uma agressão verbal que não ocorreu".

Ao Buzzfeed, Maia disse que Eduardo teria saído do "baixíssimo clero" para comandar uma política externa que "é essa loucura aí" e que estaria vivendo um "momento de deslumbramento". Carlos por sua vez, seria "doido à vontade" mas com estratégia definida por Bolsonaro nas redes sociais.

Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada perto da hora do almoço neste domingo e foi visitar o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que mora em apartamento em um bairro de classe média alta de Brasília. Ao chegar ao local, disse que é a primeira vez que visita a casa do seu primogênito. Ele chegou acompanhado por seu filho mais novo, Jair Renan.

Acompanhe tudo sobre:Governo BolsonaroJair BolsonaroRodrigo Maia

Mais de Brasil

PEC das Praias: pedido de vista adia votação de proposta na CCJ do Senado

Proporção de médicos no Brasil é pouco acima da metade da média argentina, aponta IBGE

Brasil lidera envelhecimento na América Latina e supera México e Colômbia

IBGE: cai número de adolescentes fora da escola, mas trabalho é maior motivo para não estudar