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Os cinco assessores pelo caminho

Em menos de 24 horas, Temer perdeu dois assessores especiais; saiba quais outros membros da equipe mais próxima do presidente já deixaram o governo

ROCHA LOURES: ex-assessor especial pode se tornar um dos próximos desafios do presidente Temer caso decida pela delação premiada / Divulgação

ROCHA LOURES: ex-assessor especial pode se tornar um dos próximos desafios do presidente Temer caso decida pela delação premiada / Divulgação

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Isabel Seta

Publicado em 24 de maio de 2017 às 14h55.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 14h45.

A crise política está desintegrando rapidamente a equipe do presidente Michel Temer. Em menos de 24 horas, ele perdeu dois assessores especiais, membros de seu núcleo mais próximo no Palácio do Planalto.

Nesta terça-feira 23, o ex-vice-governador do Distrito Federal Tadeu Filippelli (PMDB) foi exonerado do cargo após ser preso pela Polícia Federal por suspeita de ter participado de um esquema de corrupção nas obras do estádio Mané Garrincha. Também na terça, por volta das 22h, o ex-deputado federal e assessor do presidente Sandro Mabel (PMDB-GO) entregou sua carta de demissão.

A equipe responsável por fazer articulações com o Congresso e com empresários, portanto, está esfacelada no momento em que o Planalto mais precisa. Mabel é o quarto assessor a deixar o governo. Além dele e de Filippelli, saíram o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-RJ) e José Yunes saíram — todos despachavam do terceiro andar do Palácio do Planalto, o mesmo do gabinete presidencial. Outra baixa importante foi a do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, que deixou o cargo em novembro do ano passado. Um perfil dos cinco homens que caíram e deixam o governo cada dia mais encurralado.

1- Sandro Mabel

Segundo a carta de demissão escrita por Mabel, assessor de Temer e ex-deputado federal, a saída dele já havia sido acordada com o presidente na semana passada “mais precisamente, no dia 18 de maio”, para “retornar à minha família e aos meus negócios”. No documento, Mabel afirma que já havia pedido para deixar o cargo em dezembro do ano passado, mas que atendeu um pedido do presidente para que permanecesse por mais 120 dias.

Um dos articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Mabel era responsável pela articulação política com o Congresso Nacional –no início, especialmente com PMDB e PR– e com o empresariado. O ex-deputado é um dos muitos políticos citados em delações de executivos da Odebrecht, que acusam Mabel de ter recebido 100.000 reais em propina para sua campanha a deputado federal, em 2010. Segundo o blog da repórter Andréia Sadi, da GloboNews, o Ministério Público de Goiás requisitou, na semana passada, a abertura de um inquérito policial para investigar os supostos pagamentos ilícitos — já que ele não possui foro privilegiado. Ao blog, Mabel disse ter “zero preocupação” com as afirmações dos delatores. Já em nota ao jornal Valor Econômico, o ex-deputado disse que “quer o esclarecimento dos fatos o mais rápido possível”.

2- Tadeu Filippelli

Nesta terça-feira, Temer se apressou em exonerar o ex-governador do DF Tadeu Filippelli, logo após ele ter sido preso pela Operação Panateico, da Polícia Federal, que investiga irregularidades no superfaturamento de 900 milhões de reais (em valores corrigidos pela inflação) na reforma do estádio Mané Garrincha para a Copa do Mundo de 2014.

Filippelli, que foi vice-governador do Distrito Federal entre 2010 e 20114 e acumulava as funções de presidente regional do PMDB no DF e de assessor de Temer, é suspeito de ser um dos beneficiados pelo esquema de corrupção que desviou recursos públicos das obras na arena de Brasília. O estádio, que foi orçado inicialmente em 600 milhões de reais, acabou custando 1,5 bilhão, tornando-se o mais caro entre os 12 estádios construídos para o Mundial de 2014.

No Palácio do Planalto, Filippelli ocupava uma sala no terceiro andar, a poucos metros do gabinete de Temer, e era outro responsável pela interlocução do governo com parlamentares e empresários. O assessor também costumava representar Temer em eventos do partido — os dois se conhecem há quase 20 anos. Em julho do ano passado, quando ainda era vice-presidente, Temer nomeou Filippelli para a chefia de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais, que passaria a atuar ao lado de Eliseu Padilha, então ministro-chefe da Aviação Civil, e de Rodrigo Rocha Loures nas negociações com o Congresso que envolviam a distribuição de cargos e emendas.

3- Rodrigo Rocha Loures

Filmado em uma “ação controlada” da Polícia Federal com uma mala contendo 500.000 reais em propina entregue por um executivo do grupo J&F, que controla o frigorífico JBS, Rocha Loures foi afastado da Câmara por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta terça-feira 23, o ex-deputado entregou à PF a mala com 35.000 reais a menos, além de seu passaporte — ainda não se sabe o paradeiro do dinheiro desaparecido.

Nos primeiros meses do governo Temer, Rocha Loures ocupava uma sala ao lado da de Tadeu Filippelli. Em março, assumiu o mandato de deputado na vaga deixada pelo atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio. Ele fazia parte de um grupo de cinco assessores especiais escolhidos por Temer no início de seu mandato como presidente. Além dele e dos outros três já citados, faz parte da equipe o advogado Gastão Toledo, o último sobrevivente do grupo original.

4-José Yunes

Amigo de mais de 40 anos de Temer, o advogado José Yunes pediu demissão em dezembro do ano passado, após ter sido citado na delação da Odebrecht. Segundo o depoimento de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, uma parte de 10 milhões de reais destinados ao PMDB para a campanha de 2014 foi entregue no escritório de Yunes em São Paulo.

Em depoimento ao Ministério Público Federal prestado em fevereiro, Yunes afirmou ter recebido, em 2014, uma encomenda entregue pelo doleiro Lucio Funaro a pedido de Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil. Segundo a delação, o conteúdo do pacote seria o dinheiro da Odebrecht para o PMDB. Yunes alega não ter conhecimento da transação e afirmou ter sido “um mula involuntário”.

5-Geddel Vieira Lima

Importante articulador do Planalto, o ex-ministro da Secretaria de Governo deixou o cargo em novembro do ano passado, depois de ter sido acusado de pressionar pelo então ministro da Cultura, Marcelo Calero, de pressioná-lo para liberar a construção de um prédio, onde Geddel havia adquirido um apartamento, em Salvador.

Na época, Calero afirmou ter sido procurado pelo menos cinco vezes por Geddel para que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) aprovasse um projeto imobiliário nos arredores de uma área tombada de Salvador. Em depoimento à Polícia Federal, Calero da cultura disse ainda que o próprio Temer o “enquadrou” no intuito de encontrar uma “saída” para o impasse entre os dois ministros.

Geddel também foi objeto da polêmica conversa entre Temer e Joesley Batista, da J&F. No diálogo gravado pelo empresário, Joesley disse ter perdido contato com Geddel por conta das investigações que o envolvem, ao que Temer demonstrou preocupação: “É complicado”. O presidente que o diga.

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