MPF investiga suposta espionagem ilegal feita pela Vale
Segundo um ex-gerente da Vale, até políticos teriam sido investigados pelos espiões da empresa, que teria contratado dois agentes da Abin, outra ilegalidade
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Rio - O Ministério Público Federal (MPF) abriu procedimento sigiloso para investigar supostas atividades ilegais de espionagem - inclusive de grampos telefônicos e infiltração em movimentos sociais - feita contra a Vale por seu ex-gerente de Inteligência André Almeida, à Procuradoria da República, por escrito.
O procurador Carlos Aguiar informou nesta quinta-feira, 25, por meio de assessores, que busca "elementos para confirmar a credibilidade das informações" do denunciante, que incluem a violação do sigilo telefônico de uma jornalista.
Aguiar deverá ouvir depoimentos de pessoas citadas na denúncia. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou que a área à qual Almeida era subordinado não existe mais e acusou o executivo de usar cartão corporativo para despesas pessoais.
De acordo com o advogado Ricardo José Régis Ribeiro, representante e porta-voz de Almeida, os arapongas obtiveram ilegalmente um extrato telefônico de uma repórter que cobria a empresa, para saber quem vazava informações internas para a imprensa.
O ex-gerente também relatou por escrito ao MPF que um chefe da área de Comunicação da empresa teve o seu telefone grampeado, assim como "pessoas estratégicas", externas à Vale, teriam sido espionadas.
Ainda de acordo com Ribeiro, Almeida disse que até políticos teriam sido investigados pelos espiões da empresa, que, segundo o ex-gerente, contratou dois agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), agência sucessora do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI), outra possível ilegalidade.
"Quem montou este setor de segurança foram ex-militares, então, a grande maioria dos seus integrantes é de ex-membros do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva) e NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva)", disse o advogado.
Ele explicou que o ex-gerente serviu no CPOR e é oficial temporário (ou seja, por estar então em curso superior, prestou serviço militar como oficial e deu baixa nessa condição), tendo sido recrutado dessa forma para trabalhar com espionagem. Almeida trabalhou oito anos para a empresa: dois para uma terceirizada e seis diretamente para a Vale. Foi demitido no ano passado.
O ex-gerente, segundo o advogado, também apresentou ao MPF os nomes de empresas que seriam terceirizadas pela Vale para serviços ilegais de arapongagem. Uma teria infiltrado informantes no Movimento dos Sem-Terra e na organização Justiça nos Trilhos, que afetariam interesses da mineradora.
Pelo menos outras três firmas checariam ilegalmente antecedentes criminais de candidatos a vagas na empresa, violando dados pessoais sigilosos, segundo a denúncia. Almeida também relatou visitas feitas à empresa pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares, embora não tenha informado os motivos da presença dos visitantes, condenados ano passado no processo do mensalão.
Investigação
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, confirmou nesta quinta-feira, 25, a abertura de auditoria para apurar as denúncias de Almeida. Ferreira revelou que a decisão de abrir a investigação interna foi tomada em conjunto com o presidente do conselho de administração da mineradora, Dan Conrado. Ressaltou, porém, que a área de segurança da empresa passou por uma reestruturação logo que assumiu o comando da Vale há cerca de dois anos.
"Fizemos uma reavaliação completa, inclusive a área de que fazia parte o senhor André Almeida não existe mais", disse. "Para nós é importante a verdade dos fatos. Temos de esperar a auditoria concluir as análises."
Ferreira esclareceu que o trabalho da auditoria responde diretamente ao presidente do conselho de administração da empresa e não à diretoria executiva. "Aguardo o resultado da auditoria para tirarmos todas as conclusões sobre o caso", disse.
O presidente da Vale destacou ainda que o ex-funcionário foi demitido por justa causa há cerca de um ano por "largo uso" do cartão corporativo para despesas pessoais. De acordo com Ribeiro, o cartão foi usado por engano, por ser da mesma bandeira (Bradesco) que o cartão pessoal de Almeida, que teria comunicado o engano a seu superior e devolvido o dinheiro.
O advogado lembrou que a lei proíbe a divulgação do motivo de demissão (imotivada ou por justa causa) e prometeu que o ex-gerente processará a Vale no campo trabalhista.
Rio - O Ministério Público Federal (MPF) abriu procedimento sigiloso para investigar supostas atividades ilegais de espionagem - inclusive de grampos telefônicos e infiltração em movimentos sociais - feita contra a Vale por seu ex-gerente de Inteligência André Almeida, à Procuradoria da República, por escrito.
O procurador Carlos Aguiar informou nesta quinta-feira, 25, por meio de assessores, que busca "elementos para confirmar a credibilidade das informações" do denunciante, que incluem a violação do sigilo telefônico de uma jornalista.
Aguiar deverá ouvir depoimentos de pessoas citadas na denúncia. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou que a área à qual Almeida era subordinado não existe mais e acusou o executivo de usar cartão corporativo para despesas pessoais.
De acordo com o advogado Ricardo José Régis Ribeiro, representante e porta-voz de Almeida, os arapongas obtiveram ilegalmente um extrato telefônico de uma repórter que cobria a empresa, para saber quem vazava informações internas para a imprensa.
O ex-gerente também relatou por escrito ao MPF que um chefe da área de Comunicação da empresa teve o seu telefone grampeado, assim como "pessoas estratégicas", externas à Vale, teriam sido espionadas.
Ainda de acordo com Ribeiro, Almeida disse que até políticos teriam sido investigados pelos espiões da empresa, que, segundo o ex-gerente, contratou dois agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), agência sucessora do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI), outra possível ilegalidade.
"Quem montou este setor de segurança foram ex-militares, então, a grande maioria dos seus integrantes é de ex-membros do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva) e NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva)", disse o advogado.
Ele explicou que o ex-gerente serviu no CPOR e é oficial temporário (ou seja, por estar então em curso superior, prestou serviço militar como oficial e deu baixa nessa condição), tendo sido recrutado dessa forma para trabalhar com espionagem. Almeida trabalhou oito anos para a empresa: dois para uma terceirizada e seis diretamente para a Vale. Foi demitido no ano passado.
O ex-gerente, segundo o advogado, também apresentou ao MPF os nomes de empresas que seriam terceirizadas pela Vale para serviços ilegais de arapongagem. Uma teria infiltrado informantes no Movimento dos Sem-Terra e na organização Justiça nos Trilhos, que afetariam interesses da mineradora.
Pelo menos outras três firmas checariam ilegalmente antecedentes criminais de candidatos a vagas na empresa, violando dados pessoais sigilosos, segundo a denúncia. Almeida também relatou visitas feitas à empresa pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares, embora não tenha informado os motivos da presença dos visitantes, condenados ano passado no processo do mensalão.
Investigação
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, confirmou nesta quinta-feira, 25, a abertura de auditoria para apurar as denúncias de Almeida. Ferreira revelou que a decisão de abrir a investigação interna foi tomada em conjunto com o presidente do conselho de administração da mineradora, Dan Conrado. Ressaltou, porém, que a área de segurança da empresa passou por uma reestruturação logo que assumiu o comando da Vale há cerca de dois anos.
"Fizemos uma reavaliação completa, inclusive a área de que fazia parte o senhor André Almeida não existe mais", disse. "Para nós é importante a verdade dos fatos. Temos de esperar a auditoria concluir as análises."
Ferreira esclareceu que o trabalho da auditoria responde diretamente ao presidente do conselho de administração da empresa e não à diretoria executiva. "Aguardo o resultado da auditoria para tirarmos todas as conclusões sobre o caso", disse.
O presidente da Vale destacou ainda que o ex-funcionário foi demitido por justa causa há cerca de um ano por "largo uso" do cartão corporativo para despesas pessoais. De acordo com Ribeiro, o cartão foi usado por engano, por ser da mesma bandeira (Bradesco) que o cartão pessoal de Almeida, que teria comunicado o engano a seu superior e devolvido o dinheiro.
O advogado lembrou que a lei proíbe a divulgação do motivo de demissão (imotivada ou por justa causa) e prometeu que o ex-gerente processará a Vale no campo trabalhista.