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Governo teme nova onda de manifestações

Na avaliação do governo, o Congresso contribuiu para aumentar a tensão política, ao aprovar um pacote que desfigurou as medidas contra a corrupção.

Protestos em Brasília na última terça-feira contra a PEC do Teto (Adriano Machado/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de dezembro de 2016 às 09h27.

Última atualização em 4 de dezembro de 2016 às 09h34.

Brasília - As manifestações de rua previstas para hoje, em todo o país, preocupam o Palácio do Planalto. O receio é de que os protestos sirvam para puxar uma perigosa onda de mobilização pela saída do presidente Michel Temer , como aconteceu com Dilma Rousseff, deposta em agosto por um processo de impeachment.

Na avaliação do governo, o Congresso contribuiu, nos últimos dias, para aumentar a tensão política, ao aprovar um pacote que desfigurou as medidas contra a corrupção.

Sem conseguir reduzir sua impopularidade e sofrendo um revés atrás do outro na economia, Temer procura escapar de eventos em locais abertos desde que assumiu o cargo, há seis meses, mas ontem, após ser criticado, compareceu ao velório de jogadores da Chapecoense e jornalistas na Arena Condá, em Santa Catarina.

A "voz das ruas" também foi a justificativa usada pelo presidente, há uma semana, ao anunciar que jamais sancionaria uma proposta de anistia a caixa 2, caso a iniciativa fosse aprovada pela Câmara. Foi surpreendido, porém, com críticas de tucanos, para quem a fala expôs a fragilidade do governo.

O comportamento do PSDB na crise tem causado estranheza a Temer e até ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Na quarta-feira, por exemplo, o presidente soube que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) participou da articulação para tentar votar, a toque de caixa, o pacote aprovado pela Câmara, no qual foi embutido o crime de abuso de autoridade contra juízes, procuradores e promotores.

A manobra foi conduzida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas acabou se transformando em um fiasco. Informações que chegaram ao Planalto - muitas delas vindas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) - dão conta de que Renan, hoje réu em ação penal por peculato, será o principal alvo das manifestações deste domingo, ao lado de bandeiras pedindo o fim da corrupção.

Interlocutores de Temer disseram ao jornal O Estado de S. Paulo, porém, que a desastrada operação do presidente do Senado provocou ainda mais repúdio da população à classe política, respingando no Planalto.

O governo esperava esfriar os protestos ao anunciar posição contrária ao caixa 2, e sair das cordas com uma "agenda positiva", mas, diante de tantos problemas, a semana serviu para elevar a temperatura da crise. De quebra, trouxe más notícias na economia, com a divulgação da sétima queda consecutiva no desempenho trimestral do Produto Interno Bruto (PIB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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