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Qualquer um na presidência hoje, estaria enrolado, diz FHC

"Hoje o Brasil vive o apogeu desse sistema político que não está funcionando", disse

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2015 às 05h44.

São Paulo - O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso disse que falou a amigos que, se qualquer um estivesse na Presidência, hoje, estaria enrolado. "Como se forma maioria?", questionou, durante o primeiro bloco do programa Roda Viva, da TV Cultura.

O ex-presidente, que lança nesta semana o primeiro dos quatro volumes de seus Diários da Presidência, afirmou que, em seus escritos, é possível perceber o início dos problemas políticos atuais. "Hoje o Brasil vive o apogeu desse sistema político que não está funcionando", disse.

Para FHC, o sistema político fracassou e, recentemente, o Congresso perdeu uma oportunidade de fazer uma reforma que reduzisse a tendência de fragmentação do Congresso, que dificulta a formação de uma base de sustentação do governo.

"O sistema está viciado e isso é mais grave do que o problema da economia", afirmou.

Segundo o tucano, os partidos hoje não são verdadeiramente partidos porque não organizam as opiniões, o que impede a formação de uma coalizão em torno de ideias.

FHC apontou que nem os líderes das legendas têm controle das bancadas, o que dificulta os acordos, mas defendeu o diálogo com todas as forças e com a sociedade.

Ele lembrou a crise energética de 2001 para exemplificar sua atitude em um momento difícil. "O que eu fiz no apagão? Chamei todos os partidos, a sociedade civil", disse. "Perdi popularidade, sem dúvida, mas não se está no governo para ter popularidade".

O ex-presidente afirmou que, embora às vezes se queixe, recebeu apoio do PSDB em sua gestão. "Não tinha uma questão como a do PT hoje, que é contra o ministro da Fazenda", afirmou, em referência às falas de lideranças petistas sobre Joaquim Levy.

Cunha

Questionado sobre como uma pessoa como Eduardo Cunha, que já havia apresentado problemas ainda na época Fernando Collor, chegou à presidência da Câmara, FHC disse não ser responsável pela trajetória do deputado.

O tucano voltou a afirmar que tinha uma vaga ideia de quem Cunha quando a bancada do Rio de Janeiro lhe pediu a nomeação dele para um cargo na Petrobras. "Sabia que ele já tinha dado problema, tinha sido afastado do cargo", afirmou, para justificar a negativa ao pedido.

FHC disse que conheceu Cunha muito recentemente. "Alguma qualidade ele tem que ter, mas isso não o inocenta de responder pelo que fez", afirmou.

Memórias

Questionado sobre a insatisfação das pessoas ao serem citadas em seu livro, FHC disse que apenas conta a história tal como a percebeu. Ele afirmou que, por sua formação acadêmica, não seria capaz de falsificar a história.

Ele disse ainda que pediu desculpas de antemão aos amigos retratados nas páginas e minimizou as opiniões que manifesta na obra.

"As pessoas que forem ler esse livro não têm que se assustar. Eu mudo de opinião. O livro reflete a opinião daquele momento. É muito mais um documento de como é que se exercicia o poder naquele momento do que propriamente uma análise objetiva."

Segundo FHC, o livro mostra como é difícil exercer o comando do país, mesmo com toda boa vontade.

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São Paulo - O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso disse que falou a amigos que, se qualquer um estivesse na Presidência, hoje, estaria enrolado. "Como se forma maioria?", questionou, durante o primeiro bloco do programa Roda Viva, da TV Cultura.

O ex-presidente, que lança nesta semana o primeiro dos quatro volumes de seus Diários da Presidência, afirmou que, em seus escritos, é possível perceber o início dos problemas políticos atuais. "Hoje o Brasil vive o apogeu desse sistema político que não está funcionando", disse.

Para FHC, o sistema político fracassou e, recentemente, o Congresso perdeu uma oportunidade de fazer uma reforma que reduzisse a tendência de fragmentação do Congresso, que dificulta a formação de uma base de sustentação do governo.

"O sistema está viciado e isso é mais grave do que o problema da economia", afirmou.

Segundo o tucano, os partidos hoje não são verdadeiramente partidos porque não organizam as opiniões, o que impede a formação de uma coalizão em torno de ideias.

FHC apontou que nem os líderes das legendas têm controle das bancadas, o que dificulta os acordos, mas defendeu o diálogo com todas as forças e com a sociedade.

Ele lembrou a crise energética de 2001 para exemplificar sua atitude em um momento difícil. "O que eu fiz no apagão? Chamei todos os partidos, a sociedade civil", disse. "Perdi popularidade, sem dúvida, mas não se está no governo para ter popularidade".

O ex-presidente afirmou que, embora às vezes se queixe, recebeu apoio do PSDB em sua gestão. "Não tinha uma questão como a do PT hoje, que é contra o ministro da Fazenda", afirmou, em referência às falas de lideranças petistas sobre Joaquim Levy.

Cunha

Questionado sobre como uma pessoa como Eduardo Cunha, que já havia apresentado problemas ainda na época Fernando Collor, chegou à presidência da Câmara, FHC disse não ser responsável pela trajetória do deputado.

O tucano voltou a afirmar que tinha uma vaga ideia de quem Cunha quando a bancada do Rio de Janeiro lhe pediu a nomeação dele para um cargo na Petrobras. "Sabia que ele já tinha dado problema, tinha sido afastado do cargo", afirmou, para justificar a negativa ao pedido.

FHC disse que conheceu Cunha muito recentemente. "Alguma qualidade ele tem que ter, mas isso não o inocenta de responder pelo que fez", afirmou.

Memórias

Questionado sobre a insatisfação das pessoas ao serem citadas em seu livro, FHC disse que apenas conta a história tal como a percebeu. Ele afirmou que, por sua formação acadêmica, não seria capaz de falsificar a história.

Ele disse ainda que pediu desculpas de antemão aos amigos retratados nas páginas e minimizou as opiniões que manifesta na obra.

"As pessoas que forem ler esse livro não têm que se assustar. Eu mudo de opinião. O livro reflete a opinião daquele momento. É muito mais um documento de como é que se exercicia o poder naquele momento do que propriamente uma análise objetiva."

Segundo FHC, o livro mostra como é difícil exercer o comando do país, mesmo com toda boa vontade.

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