Exame logo 55 anos
Remy Sharp
Acompanhe:

Conheça as polêmicas envolvendo o juiz da Lava Jato Eduardo Appio, afastado pelo TRF-4

Corte apura se magistrado é o responsável por ligação anônima para filho de desembargador, que é genro e sócio de Sérgio Moro

Modo escuro

Appio também acumula reveses na mesma Corte que o retirou do cargo, que já reverteu decisões do magistrado envolvendo o advogado Rodrigo Tacla Duran, o ex-deputado Eduardo Cunha, o ex-doleiro Alberto Youssef (Justiça Federal do Paraná/Divulgação)

Appio também acumula reveses na mesma Corte que o retirou do cargo, que já reverteu decisões do magistrado envolvendo o advogado Rodrigo Tacla Duran, o ex-deputado Eduardo Cunha, o ex-doleiro Alberto Youssef (Justiça Federal do Paraná/Divulgação)

Afastado nesta segunda-feira pelo TRF-4, o juiz Eduardo Appio, responsável pela Operação Lava-Jato em Curitiba, envolveu-se em uma série de polêmicas desde que assumiu o posto antes ocupado pelo agora senador Sergio Moro (União-PR). Appio também acumula reveses na mesma Corte que o retirou do cargo, que já reverteu decisões do magistrado envolvendo o advogado Rodrigo Tacla Duran, o ex-deputado Eduardo Cunha, o ex-doleiro Alberto Youssef e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

Assim que sentou-se na cadeira que foi de Moro, Appio passou a ter diversos aspectos de sua vida revisitados. Ele teve, por exemplo, o seu nome divulgado na lista de doadores da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo dados do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o juiz teria repassado R$ 13. Appio nega.

Também descobriu-se que o magistrado usava uma senha eletrônica alusiva à campanha de Lula no sistema processual da Justiça. Nele, até assumir o comando da Lava-Jato, o juiz assinava como “LUL22”. Nesta segunda-feira, horas antes de ser afastado, Appio confirmou, em entrevista à GloboNews, que se tratava de um protesto silencioso contra a prisão do hoje presidente, que teve as condenações por Moro derrubadas no Supremo Tribunal Federal (STF).

Crítico do antecessor, Appio prometia dar início a uma “Lava-jato 2.0” em Curitiba. Ele anulou decisões de Moro por falta de imparcialidade e para garantir a Sérgio Cabral o devido processo legal.

Em março, Appio determinou que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha entregasse à Justiça seis carros bloqueados pela Lava-Jato e impôs a mesma sanção a Antonio Palocci, ex-ministro de governos petistas. A decisão acabou revista pelo TRF-4.

O doleiro Alberto Youssef foi solto, também em março, por decisão de Appio, após queda de braço com o desembargador Marcelo Malucelli, também do TRF-4. Youssef havia sido preso por ter deixado de devolver aos cofres públicos valores fixados pela Justiça. Appio também notificou a Superintendência da Polícia Federal do Paraná para que instaure um inquérito para investigar a existência de escutas ilegais na cela onde o doleiro ficou preso em 2014.

Foi justamente Malucelli quem apresentou a representação que culminou no afastamento de Appio. Ele chegou a se declarar suspeito para avaliar medidas associadas à Lava-Jato por ser pai de João Eduardo Barreto Malucelli, genro e sócio de Sérgio Moro.

O magistrado citou, no pedido, uma ligação feita para João Eduardo a partir de um número bloqueado. A pessoa na linha identificou-se como servidor da área de saúde da Justiça Federal e apresentou-se como Fernando Gonçalves Pinheiro. No entanto, a decisão afirma que não existe nenhum funcionário do órgão com este nome na Justiça Federal da 4ª Região.

O texto, destacado pelo "G1", pontua ainda que haveria "muita semelhança entre a voz do interlocutor da ligação telefônica suspeita e a do juiz federal Eduardo Fernando Appio, tendo então a Presidência do TRF4 e a Corregedoria Regional noticiado esses fatos à Polícia Federal e solicitado realização de perícia para comparação do interlocutor da ligação suspeita com aquele magistrado federal".

Já a jornalista Bela Megale, colunista do GLOBO, revelou que o laudo apresentado pela PF atesta que "a partir da comparação da voz do interlocutor da ligação suspeita com a voz do juiz federal Eduardo Fernando Appio" se corrobora "fortemente a hipótese" de que se trate do próprio magistrado. A voz teria dito a seguinte frase para João Eduardo:

— O senhor tem certeza de que não tem aprontado nada?

Ex-presidente: STF forma maioria para condenar Collor por corrupção em caso da Lava-Jato

O magistrado foi afastado imediatamente e terá prazo de 15 dias para apresentar sua defesa. Ele precisará entregar o computador desktop, o notebook e o celular funcional que estava utilizando desde que assumiu o cargo, em fevereiro.

Após o juiz apresentar sua defesa preliminar, a Corregedoria avaliará a necessidade de abrir um processo administrativo disciplinar contra ele, o que precisará do aval do mesmo colegiado que proferiu a decisão desta segunda-feira no TRF-4

Créditos

Últimas Notícias

ver mais
CCJ da Câmara aprova proposta que amplia isenção tributária de igrejas e partidos políticos
Brasil

CCJ da Câmara aprova proposta que amplia isenção tributária de igrejas e partidos políticos

Há 4 horas
Qualidade da água do rio Tietê melhora, mas mancha de poluição quase dobra em dois anos
Brasil

Qualidade da água do rio Tietê melhora, mas mancha de poluição quase dobra em dois anos

Há 5 horas
Governo planeja criar bolsa para que estudantes do ensino médio não abandonem a escola
Brasil

Governo planeja criar bolsa para que estudantes do ensino médio não abandonem a escola

Há 5 horas
Policial federal ferida por Roberto Jefferson com tiros de fuzil pede R$ 1 milhão de indenização
Brasil

Policial federal ferida por Roberto Jefferson com tiros de fuzil pede R$ 1 milhão de indenização

Há 6 horas
icon

Branded contents

ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

leia mais