Cármen Lúcia dá uma lição sobre desigualdade de gênero no STF
A presidente do STF deu uma bronca no ministro Luiz Fux quando ele interrompeu a fala da ministra Rosa Weber
Valéria Bretas
Publicado em 12 de maio de 2017 às 11h32.
Última atualização em 5 de abril de 2021 às 09h37.
São Paulo – Durante sessão plenária na última quarta-feira (10), a presidente do Supremo Tribunal Federal ( STF ), Cármen Lúcia , deu uma bronca no ministro Luiz Fux quando ele interrompeu a fala da ministra Rosa Weber.
A ministra se queixou da desigualdade entre homens e mulheres na Corte ao dizer que os magistrados as interrompem constantemente. Vale lembrar que Cármen Lúcia e Rosa Weber são as únicas mulheres na composição atual do STF.
Cármen chamou a atenção de Fux quando ele disse que concedia a palavra para que Rosa Weber proferisse o seu voto. “Como concede a palavra? É a vez dela votar. Ela é quem concede, se quiser, uma parte”, afirmou a ministra.
Em seguida, a presidente da Suprema Corte citou uma pesquisa que diz que em todos os tribunais constitucionais onde há mulheres, as ministras são 18 vezes mais interrompidas do que os ministros.
Veja o diálogo:
Cármen Lúcia: Ministra Rosa Weber, Vossa Excelência tem a palavra para voto.
Rosa Weber: Ministro Lewandowski, o ministro Fux é quem tinha me concedido um aparte.
[Nesse momento, o ministro Luiz Fux interrompe a fala das ministras]
Cármen Lúcia: Agora é o momento do voto.
Luiz Fux: Concedo a palavra para o voto integral.
Cármen Lúcia: Como concede a palavra? É a vez dela votar. Ela é quem concede, se quiser, à Vossa Excelência, uma parte.
Foi feita agora uma análise, só um parêntese. Foi feita agora uma pesquisa, já dei ciência à ministra Rosa, em todos os tribunais constitucionais onde há mulheres, o número de vezes em que as mulheres são aparteadas é 18 vezes maior do que entre os ministros.
Luiz Fux: Deve ser inveja.
Cármen Lúcia: E vou dizer mais, a ministra Sotomayor [da Suprema Corte americana] me perguntou: como é lá? Lá, em geral, eu e a ministra Rosa, não nos deixam falar, então nós não somos interrompidas. Mas agora é a vez de a ministra [Rosa Weber], por direito constitucional, votar. Tem a palavra, ministra.