Barbosa avisou colegas do STF sobre redistribuir mensalão
De acordo com um dos integrantes da Corte, esse já era um indicativo de que ele se aposentaria
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2014 às 12h47.
Brasília - O presidente do Supremo Tribunal Federal ( STF ), Joaquim Barbosa , teria avisado nessa quarta-feira, 28, aos colegas da Corte, que iria redistribuir o processo do mensalão.
De acordo com um dos integrantes da Corte, já era um indicativo de que ele se aposentaria, pois o regimento não prevê a redistribuição de processos que estejam em um gabinete.
Na conversa reservada que teve ontem, Barbosa não avisou que deixaria o tribunal no próximo mês. No entanto, servidores do tribunal já começavam a discutir os preparativos da posse do ministro Ricardo Lewandowski, atual vice-presidente da Corte.
Oficialmente, o processo do mensalão permanece no gabinete de Joaquim Barbosa, assim como os detalhes da execução das penas dos mensaleiros.
Ainda não há definição se o próprio Joaquim Barbosa levará a plenário os recursos contra a negativa de trabalho externo para parte dos condenados, incluindo o ex-ministro José Dirceu.
Se a distribuição do processo for feita imediatamente, caberá ao próximo ministro a decisão de quando levar o caso a plenário.
A notícia sobre a saída de Barbosa do STF foi dada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que o recebeu agora pela manhã em seu gabinete. Antes, Barbosa teve uma audiência com a presidente Dilma Rousseff.
O encontro de Barbosa com Dilma durou menos de 15 minutos, no Palácio do Planalto, e a audiência foi convocada a pedido dele. A assessoria da Presidência da República não informou oficialmente o assunto da reunião.
Ricardo Lewandowski Contexto: Os ministros se desentenderam quando julgavam se uma denúncia contra Anthony Garotinho ficaria com o STF ou deveria ser remetida à primeira instância. Gilmar Mendes apontou que Lewandowski já havia votado em sentido contrário uma vez, o que acarretou a discussão. Embora o processo não seja o do mensalão, a discussão só ocorreu devido aos desentendimentos prévios do outro processo.
Gilmar Mendes Apaziguador:
“Nós temos ditos aqui que este contraditório é também saudável. Aqui ninguém diminui ninguém intelectualmente. Não houve essa intenção”
Carlos Ayres Britto, se dirigindo a Lewandowski
Joaquim Barbosa Contexto: Lewandowski não via razão para condenar o ex-assessor do PTB Emerson Palmieri, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Barbosa irritou-se com a posição do revisor, alegando que havia provas documentais.
Ricardo Lewandowski 3º Participante:
“Ministro (Joaquim), somos 11 juízes. Ninguém faz vista grossa. Cuidado com as palavras. Vamos respeitar os colegas. O senhor não está respeitando. Policie a sua linguagem”
Marco Aurélio Mello., se dirigindo a Barbosa Apaziguador:
“Ministro Joaquim, os fatos comportam leituras. O Ministro Lewandowski esta fazendo uma leitura dos fatos”
Carlos Ayres Britto, presidente da Corte
Joaquim Barbosa Contexto: O revisor explicava porque havia absolvido a ré Geiza Dias, ex-funcionária de Marcos Valério, e indicou que era importante contrapor “a cada argumento da acusação” o “argumento da defesa”, o que deu início a discussão.
Ricardo Lewandowski Apaziguador:
"Vossa Excelência (Lewandowski) tem a palavra na plenitude do seu direito de fazer o seu voto de revisor. Todos nós somos beneficiários do modo cuidadoso, competente e soberano como Vossas Excelências (Barbosa e Lewandowski ) têm conduzido esta ação penal 470"
Carlos Ayres Britto
Joaquim Barbosa Apaziguador:
“Cada um julgará de acordo com sua própria metodologia”
Carlos Ayres Britto
Joaquim Barbosa Contexto: O primeiro desentendimento entre Barbosa e Lewandowski ocorreu já no primeiro dia do julgamento. O relator irritou-se depois de Lewandowski se pronunciar a favor do pedido de um dos advogados de defesa, que iria acarretar no desmembramento do processo, que voltaria então à primeira instância para a maioria dos réus.
Ricardo Lewandowski Apaziguador:
“Vamos discutir ideias, não deixando a discussão descambar para o campo pessoal”
Marco Aurélio Mello