Ataques à Aécio e avanço entre mulheres ajudam Dilma
Pela primeira vez, a presidente apareceu à frente de Aécio na pesquisa Datafolha na campanha do segundo turno da disputa eleitoral
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2014 às 16h19.
Brasília - A tática da campanha petista de explorar a derrota nas urnas de Aécio Neves (PSDB) em Minas Gerais, sua terra natal, no primeiro turno e a virada do eleitorado feminino, depois dos embates na TV do tucano com a presidente Dilma Rousseff , ajudam a explicar a vantagem numérica neste momento da candidata à reeleição pelo PT, na avaliação de estrategistas tucanos e petistas.
Na segunda-feira, Dilma apareceu à frente pela primeira vez em pesquisa Datafolha na campanha do segundo turno da disputa eleitoral, que segue em empate técnico considerando a margem de erro.
"A derrota de Aécio em Minas Gerais no primeiro turno permitiu que Dilma (que venceu a eleição no Estado) explorasse a desconstrução da imagem de gestor do Aécio", disse à Reuters um estrategista da campanha tucana, sob condição de anonimato.
"O resultado quebrou a vitrine do Aécio." Um dos estrategistas do PT, ouvido pela Reuters, fez o mesmo diagnóstico e acrescentou que a campanha de Dilma não tinha certeza de que a tática de desconstrução funcionaria, devido ao curto espaço de tempo, de três semanas, entre o primeiro e o segundo turno.
Além disso, a campanha petista lembra que essa estratégia foi deixada de lado no primeiro turno, quando a artilharia se voltou contra Marina Silva (PSB), que chegou a ocupar o segundo lugar nas pesquisas, mas acabou em terceiro na votação do dia 5 de outubro.
"Essa era nossa estratégia inicial (desconstruir a imagem de gestor do Aécio), que teve que ser abandonada no primeiro turno com a subida da Marina", disse essa fonte da campanha, também sob condição de anonimato.
"A nossa dificuldade era fazer com que isso surtisse efeito num prazo tão curto de três semanas."
O Estado natal dos dois presidenciáveis, onde Aécio foi governador por dois mandatos, foi citado diversas vezes por Dilma para criticar a capacidade de governar do tucano, que chegou a dizer que a petista estava desrespeitando os mineiros.
Aécio obteve no primeiro turno 39,75 por cento dos votos válidos no Estado, enquanto Dilma ficou com 43,48 por cento. Além disso, o tucano viu o candidato petista ao governo do Estado, Fernando Pimentel, ser eleito já no dia 5.
Agora, pelas pesquisas internas petistas, Dilma seguiria com uma vantagem de 4 pontos percentuais em relação a Aécio em Minas. Nas pesquisas dos tucanos, não existe essa vantagem e a aposta é que o senador mineiro vencerá a eleição na sua terra no segundo turno.
Água e Mulheres
A intensidade dos confrontos nos debates na TV, marcados por trocas de ofensas entre ambos, também pode ter respingado mais em Aécio.
Apesar de uma ala tucana considerar que ele foi firme para se defender e contra-atacar Dilma, o eleitorado feminino pode ter considerado o candidato do PSDB ofensivo.
Os estrategistas das duas campanhas acreditam que isso pode ter influenciado fortemente o desempenho de Dilma entre esse eleitorado.
O Datafolha mostrou que na largada do segundo turno Aécio tinha 46 por cento das intenções de votos entre as mulheres, enquanto Dilma aparecia com 42 por cento.
No levantamento divulgado na segunda-feira, Dilma aparecia com 46 por cento das intenções de voto entre as mulheres, e Aécio tinha 41 por cento.
Do lado dos tucanos, há ainda outro fator que consideram que pode ter influenciado o desempenho de Dilma: a exploração da crise de abastecimento de água em São Paulo.
A fonte do comitê do PSDB argumentou que, na semana passada, São Paulo amargou, além da escassez de água, uma forte onda de calor.
No domingo, quando Dilma explorou a falta d'água no programa eleitoral conseguiu atrair a atenção desse eleitorado psicologicamente revoltado com a crise de abastecimento de água e o calor exagerado.
"O eleitor pode estar se vingando do (Geraldo) Alckmin (governador reeleito de São Paulo no primeiro turno) tirando votos do Aécio", argumentou o estrategista.
Isso explica em parte, na avaliação da fonte petista, a leve melhora de desempenho de Dilma no Estado nos últimos dias.
"Nós vamos perder em São Paulo, mas a diferença que eles esperavam fazer, de 7 milhões de votos, isso não ocorrerá de jeito nenhum. A mídia poupou muito o Alckmin durante o primeiro turno", disse a fonte do comitê de Dilma, lembrando ainda que a petista está com bom desempenho no Rio de Janeiro.
Propostas e Debate Final
Nos últimos dias de propaganda na TV, Aécio deve apostar em três frentes para recuperar a dianteira: apresentar propostas mais detalhadas de seus projetos; apontar falhas da gestão Dilma, como obras em atraso; e jogar com a emoção do eleitorado que quer mudança, apresentando imagens de mobilizações de rua e depoimentos favoráveis ao candidato do PSDB.
A fonte da campanha tucana explicou que as pesquisas qualitativas dos debates mostraram que os eleitores se ressentiram da falta de propostas dos dois candidatos.
No debate da Record, quando os ataques pessoais ficaram em segundo plano, Aécio teria conquistado, na avaliação dos tucanos, muito mais eleitores do que Dilma com suas propostas.
"No grupo de 24 indecisos que monitoramos, 14 decidiram o voto pelo Aécio, três optaram pela Dilma e os outros sete permaneceram indecisos", disse o estrategista de Aécio.
Do lado petista, a reta final será usada para reforçar a desconstrução de Aécio e demarcar o terreno entre os que se beneficiaram e ainda podem tirar proveito das políticas públicas e, portanto, não devem escolher o PSDB.
O debate final na TV Globo, na sexta-feira, é encarado como importante, mas não tão decisivo pelos dois lados.
Na avaliação dos estrategistas, o formato com dois blocos com perguntas de eleitores pode servir para definir o voto de parte dos indecisos, mas não permitirá confrontos diretos decisivos entre os candidatos.
Brasília - A tática da campanha petista de explorar a derrota nas urnas de Aécio Neves (PSDB) em Minas Gerais, sua terra natal, no primeiro turno e a virada do eleitorado feminino, depois dos embates na TV do tucano com a presidente Dilma Rousseff , ajudam a explicar a vantagem numérica neste momento da candidata à reeleição pelo PT, na avaliação de estrategistas tucanos e petistas.
Na segunda-feira, Dilma apareceu à frente pela primeira vez em pesquisa Datafolha na campanha do segundo turno da disputa eleitoral, que segue em empate técnico considerando a margem de erro.
"A derrota de Aécio em Minas Gerais no primeiro turno permitiu que Dilma (que venceu a eleição no Estado) explorasse a desconstrução da imagem de gestor do Aécio", disse à Reuters um estrategista da campanha tucana, sob condição de anonimato.
"O resultado quebrou a vitrine do Aécio." Um dos estrategistas do PT, ouvido pela Reuters, fez o mesmo diagnóstico e acrescentou que a campanha de Dilma não tinha certeza de que a tática de desconstrução funcionaria, devido ao curto espaço de tempo, de três semanas, entre o primeiro e o segundo turno.
Além disso, a campanha petista lembra que essa estratégia foi deixada de lado no primeiro turno, quando a artilharia se voltou contra Marina Silva (PSB), que chegou a ocupar o segundo lugar nas pesquisas, mas acabou em terceiro na votação do dia 5 de outubro.
"Essa era nossa estratégia inicial (desconstruir a imagem de gestor do Aécio), que teve que ser abandonada no primeiro turno com a subida da Marina", disse essa fonte da campanha, também sob condição de anonimato.
"A nossa dificuldade era fazer com que isso surtisse efeito num prazo tão curto de três semanas."
O Estado natal dos dois presidenciáveis, onde Aécio foi governador por dois mandatos, foi citado diversas vezes por Dilma para criticar a capacidade de governar do tucano, que chegou a dizer que a petista estava desrespeitando os mineiros.
Aécio obteve no primeiro turno 39,75 por cento dos votos válidos no Estado, enquanto Dilma ficou com 43,48 por cento. Além disso, o tucano viu o candidato petista ao governo do Estado, Fernando Pimentel, ser eleito já no dia 5.
Agora, pelas pesquisas internas petistas, Dilma seguiria com uma vantagem de 4 pontos percentuais em relação a Aécio em Minas. Nas pesquisas dos tucanos, não existe essa vantagem e a aposta é que o senador mineiro vencerá a eleição na sua terra no segundo turno.
Água e Mulheres
A intensidade dos confrontos nos debates na TV, marcados por trocas de ofensas entre ambos, também pode ter respingado mais em Aécio.
Apesar de uma ala tucana considerar que ele foi firme para se defender e contra-atacar Dilma, o eleitorado feminino pode ter considerado o candidato do PSDB ofensivo.
Os estrategistas das duas campanhas acreditam que isso pode ter influenciado fortemente o desempenho de Dilma entre esse eleitorado.
O Datafolha mostrou que na largada do segundo turno Aécio tinha 46 por cento das intenções de votos entre as mulheres, enquanto Dilma aparecia com 42 por cento.
No levantamento divulgado na segunda-feira, Dilma aparecia com 46 por cento das intenções de voto entre as mulheres, e Aécio tinha 41 por cento.
Do lado dos tucanos, há ainda outro fator que consideram que pode ter influenciado o desempenho de Dilma: a exploração da crise de abastecimento de água em São Paulo.
A fonte do comitê do PSDB argumentou que, na semana passada, São Paulo amargou, além da escassez de água, uma forte onda de calor.
No domingo, quando Dilma explorou a falta d'água no programa eleitoral conseguiu atrair a atenção desse eleitorado psicologicamente revoltado com a crise de abastecimento de água e o calor exagerado.
"O eleitor pode estar se vingando do (Geraldo) Alckmin (governador reeleito de São Paulo no primeiro turno) tirando votos do Aécio", argumentou o estrategista.
Isso explica em parte, na avaliação da fonte petista, a leve melhora de desempenho de Dilma no Estado nos últimos dias.
"Nós vamos perder em São Paulo, mas a diferença que eles esperavam fazer, de 7 milhões de votos, isso não ocorrerá de jeito nenhum. A mídia poupou muito o Alckmin durante o primeiro turno", disse a fonte do comitê de Dilma, lembrando ainda que a petista está com bom desempenho no Rio de Janeiro.
Propostas e Debate Final
Nos últimos dias de propaganda na TV, Aécio deve apostar em três frentes para recuperar a dianteira: apresentar propostas mais detalhadas de seus projetos; apontar falhas da gestão Dilma, como obras em atraso; e jogar com a emoção do eleitorado que quer mudança, apresentando imagens de mobilizações de rua e depoimentos favoráveis ao candidato do PSDB.
A fonte da campanha tucana explicou que as pesquisas qualitativas dos debates mostraram que os eleitores se ressentiram da falta de propostas dos dois candidatos.
No debate da Record, quando os ataques pessoais ficaram em segundo plano, Aécio teria conquistado, na avaliação dos tucanos, muito mais eleitores do que Dilma com suas propostas.
"No grupo de 24 indecisos que monitoramos, 14 decidiram o voto pelo Aécio, três optaram pela Dilma e os outros sete permaneceram indecisos", disse o estrategista de Aécio.
Do lado petista, a reta final será usada para reforçar a desconstrução de Aécio e demarcar o terreno entre os que se beneficiaram e ainda podem tirar proveito das políticas públicas e, portanto, não devem escolher o PSDB.
O debate final na TV Globo, na sexta-feira, é encarado como importante, mas não tão decisivo pelos dois lados.
Na avaliação dos estrategistas, o formato com dois blocos com perguntas de eleitores pode servir para definir o voto de parte dos indecisos, mas não permitirá confrontos diretos decisivos entre os candidatos.