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5 coisas que SP precisa fazer para enfrentar a crise da água

Dentre as ações estão organizar as cidades para abastecer serviços essenciais, incentivar construção de cisternas e dar mais transparência à gestão da crise.

Sistema de captação de água do sistema de abastecimento Cantareira na represa de Jaguari, em Joanópolis (Paulo Whitaker/Reuters)

Mariana Desidério

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 14h37.

São Paulo – A possibilidade de ficar sem água já assusta os moradores de São Paulo , e muitos se perguntam o que mais seria possível fazer para enfrentar a crise hídrica no estado. Foi pensando nisso que a Aliança pela Água, grupo com mais de 40 organizações, lançou hoje um documento com propostas de ações práticas emergenciais para encarar o problema.

Dentre as principais sugestões estão: 1) a criação de uma força tarefa para enfrentar a seca; 2) a melhoria na comunicação sobre o tema e 3) a fiscalização do uso da água. As entidades também pedem mais informações sobre as obras pretendidas pela Sabesp. Segundo elas, a companhia não apresentou cronograma nem orçamento à população.

Sob o título de “Chamado à ação sobre a crise hídrica”, o texto critica a forma como a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) vem lidando com a situação. Para as entidades que formularam as propostas, ainda falta transparência e coordenação por parte do governo estadual. Contatada pela reportagem, a gestão Alckmin rebate dizendo que está trabalhando.

Veja abaixo cinco propostas de ação para enfrentar a falta de água em São Paulo, e algumas respostas do governo estadual sobre elas. De acordo com Marussia Whately, especialista em gestão de recursos hídricos e membro da Aliança pela Água, o objetivo é apresentar essas propostas ao governo do estado.

Força tarefa para enfrentar a crise

A sugestão da Aliança pela Água é que seja criado um grupo com a participação dos governos federal, estadual e municipal, entidades da justiça (como Ministério Público e defensorias), além de organizações da sociedade civil.

A ideia é que essa força tarefa planeje a aplicação de medidas como redução de pressão, racionamento e rodízio de água, definindo um cronograma em conjunto com as prefeituras. Também é proposta a criação de uma central para acompanhamento da situação das chuvas e dos reservatórios, além de uma sala de imprensa, para coordenar a comunicação.

O governo afirma que já criou o Comitê de Crise Hídrica no âmbito da região metropolitana. E diz inclusive que convidou entidades da Aliança pela Água para integrá-lo.

No entanto, de acordo com Marussia Whately, a atuação do Comitê ainda é restrita. “Esse Comitê não inclui uma série de atores. A secretaria de agricultura, por exemplo, não está lá. Apesar de a agricultura ser o maior consumidor de água. Também não há representantes do governo federal, ou de municípios de fora da região metropolitana”, avalia a especialista. “Nosso entendimento é que é preciso uma força tarefa mais ampla”, afirma.

Mais clareza na comunicação

A avaliação da Aliança pela Água é de que há falhas graves neste aspecto. “A comunicação ainda está muito longe do ideal. Vemos muita especulação. O anúncio da possibilidade de um racionamento, por exemplo, foi feito de tal forma que começa a gerar uma sensação de pânico. Isso não ajuda. É preciso ter mais clareza”, afirma Marussia.

Para isso, a entidade propõe a criação de um canal de atendimento direto à população, para prestar esclarecimentos sobre a redução da pressão da água ou o racionamento.

Além disso, campanhas de conscientização para quem armazena água em casa, com o objetivo de não permitir a propagação de doenças como a dengue.

Cidades organizadas para a falta d’água

As entidades acreditam que já é hora de pensar em como as cidades devem se organizar caso haja de fato um rodízio.

Dentre as ações, é preciso traçar uma forma de garantir o abastecimento para serviços essenciais como hospitais, postos de saúde, escolas, creches, asilos, bombeiros e postos de polícia.

Outro ponto levantado se refere à logística necessária para o abastecimento de alguns locais com caminhões-pipa. Para as entidades, é necessário traçar planos de tráfego para esses veículos, principalmente em cidades congestionadas como São Paulo.

Outra necessidade, segundo o documento, é a realização de reparos na rede de distribuição para minimizar os vazamentos.

Prazos e orçamento para as obras da Sabesp

A Aliança pela Água critica a forma como têm sido divulgadas as obras previstas pela Sabesp para enfrentar o problema.

“A Sabesp divulgou na imprensa um pacote de obras emergenciais para ampliar a capacidade de produção e tratamento de água nos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga. Até o momento, no entanto, não foram apresentados prazos e orçamentos detalhados”, diz o documento.

O governo do estado, através da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, afirma que há uma série de obras em andamento. O órgão cita a obra do sistema São Lourenço, que vai gerar 4,7 metros cúbicos de água por segundo. O investimento é de R$ 2,2 bilhões e a conclusão das obras está prevista para 2017.

Fiscalização do uso da água

Para as entidades já é hora de regulamentar e orientar a população para o armazenamento de água da chuva através de cisternas. Também é necessário, segundo a entidade, aumentar a fiscalização do uso da água subterrânea e de nascentes.

A entidade sugere ainda criar um mutirão de testes para aferir a qualidade da água em poços e nascentes, e também a regulamentação do reuso da água de piscinões.

O governo do estado diz que está distribuindo caixas d’água de forma gratuita para a população de baixa renda a fim de manter o abastecimento por 24 horas.

São Paulo - De toda água tratada em 23% das grandes cidades do Brasil, mais da metade é perdida antes de chegar às torneiras das residências ou empresas. É o que mostra levantamento feito com base no Ranking do Saneamento, feito pela ONG Trata Brasil com base em números de 2012 divulgados pelo Ministério das Cidades. Em São Paulo, que vive a pior crise hídrica de sua história, 36% da água tratada se perde pelo caminho. “Dentro desse número, você tem vazamentos, que é a maior parte, ligações clandestinas e roubo de água”, afirma Edson Carlos, presidente da instituição. Porto Velho (RO) lidera em índice de perdas. Por lá, 70% da água tratada não chega até o consumidor. “Índices acima de 50% sinalizam uma rede totalmente fora de controle. É um descaso total”, afirma o especialista. Além da falta de água para a população, esta postura de má gestão influencia também o faturamento das empresas responsáveis pelo tratamento de água e esgoto. A Trata Brasil estima que a redução em 10% do volume de água perdido todos os anos renderia mais de 1,3 bilhão de reais para as 100 maiores cidades do Brasil. A solução, segundo o especialista, vai desde o mapeamento de possíveis vazamentos no sistema de abastecimento até medidas simples como controle da vazão.
  • 2. Porto Velho (RO) - 70,68% de perdas

    2 /23(Filipux/Wikimedia)

  • Veja também

    Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição (%)
    32,892,270,6670,68
  • 3. Macapá (AP) - 69,44% de perdas

    3 /23(Jorge Junior/ Secom Amapá)

  • Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição (%)
    39,996,073,9169,44
  • 4. Cuiabá (MT) - 67,44% de perdas

    4 /23(Wikimedia Commons)

    Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição%
    99,7838,465,3167,44
  • 5. Maceió (AL) - 64,29% de perdas

    5 /23(Divulgação / Christian Knepper)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    MaceióAL953.39396,1538,861,2164,29
  • 6. Jaboatão dos Guararapes (PE) - 62,97% de perdas

    6 /23(Wikimedia Commons)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    Jaboatão dos GuararapesPE654.78655,296,565,4662,97
  • 7. Rio Branco (AC) - 62,47% de perdas

    7 /23(Embratur)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    Rio BrancoAC348.35488,5723,859,1362,47
  • 8. Varzea Grande (MT) - 62,13% de perdas

    8 /23(Matheus Hidalgo/Wikimedia Commons)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    Várzea GrandeMT258.20810020,962,1362,13
  • 9. Mossoró (RN) - 59,93% de perdas

    9 /23(Wikimedia Commons)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    MossoróRN266.75894,1440,153,7659,93
  • 10. Recife (PE) - 59,85% de perdas

    10 /23(REUTERS/Dominic Ebenbichle)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    RecifePE1.555.03983,5836,662,0359,85
  • 11. Aracaju (SE) - 57,58% de perdas

    11 /23(Divulgação / André Moreira)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    AracajuSE587.70199,1433,552,3457,58
  • 12. Natal (RN) - 57,16% de perdas

    12 /23(Divulgação/Embratur)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    NatalRN817.59094,5137,549,5457,16
  • 13. Boa Vista (RR) - 54,99% de perdas

    13 /23(Embratur/Fotos Públicas)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    Boa VistaRR296.95997,7239,162,8454,99
  • 14. Teresina (PI) - 54,76% de perdas

    14 /23(Embratur/Fotos Públicas)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    TeresinaPI830.23192,2216,351,2454,76
  • 15. Canoas (RS) - 54,38% de perdas

    15 /23(Divulgação)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    CanoasRS326.50510017,854,5954,38
  • 16. Paulista (PE) - 54.04%

    16 /23(Wagner de Lima/ Wikimedia Commons)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    PaulistaPE306.23986,3935,445,1754,04
  • 17. Ananindeua (PA) - 53,02% de perdas

    17 /23(Hallel/Wikimedia Commons)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    AnanindeuaPA483.82127,20,046,4153,02
  • 18. Cariacica (ES) - 52,99% de perdas

    18 /23(Lucas Calazans/ Divulgação/Perfil do Facebook de Cariacica)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    CariacicaES352.43192,1223,050,5152,99
  • 19. São Vicente (SP) - 52,39% de perdas

    19 /23(Fabio Luiz/Wikimedia Commons)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    São VicenteSP336.80997,4273,850,7452,39
  • 20. Bauru (SP) - 52,51% de perdas

    20 /23(Wikimedia Commons)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    BauruSP348.14698,3396,452,2152,21
  • 21. Caruaru (PE) - 51,50% de perdas

    21 /23(Leo Caldas/EXAME.com)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Indicador de atendimento total de água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    CaruaruPE324.09592,4439,343,6851,50
  • 22. Olinda (PE) - 50,97% de perdas

    22 /23(Jan Ribeiro/Pref.Olinda)

    MunicípioEstadoPopulação Total (IBGE)Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    OlindaPE379.27184,5133,151,0450,97
  • 23. Salvador (BA) - 50,37% de perdas

    23 /23(Camila Souza/GOVBA)

    Abastecimento de Água (%)Coleta de esgoto (%)Perdas no faturamento 2012 (%)Perdas na distribuição ( %)
    92,4982,748,7050,37
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