Inteligência Artificial

"Preciso fazer churrasco para seis": nova inteligência artificial do iFood muda a forma de comprar

Batizada de Compr.AI, a nova ferramenta vai permitir que os clientes "conversem" com os varejistas e restaurantes; teste triplicou o volume de pedidos

Lucas Amorim
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 29 de junho de 2023 às 15h00.

Última atualização em 29 de junho de 2023 às 17h03.

"Preciso de ingredientes para um churrasco para seis pessoas por até R$ 200". "Quero um filé à parmegiana para dois que chegue em meia hora e custe menos de R$ 50".

Entre os inúmeros novos usos possíveis das ferramentas de inteligência artificial (IA), o iFood aposta na solução de dores bem reais de seus clientes. Escolher que comida pedir, e a que preço, ou montar uma lista complexa de compras no supermercado, são desafios diários dos clientes da empresa de tecnologia, com 75 milhões de pedidos por mês.

Nesta quinta-feira, 29, a empresa está lançando ferramentas que passam a permitir que seus clientes peçam, por texto ou voz, pedidos via WhatsApp e sejam atendidos por uma ferramenta que roda a inteligência artificial generativa da OpenAI, dona do ChatGPT, com dados cedidos pela operação do iFood. A partir de julho a novidade vale para compras em supermercados parceiros. A previsão é que a ferramenta chegue em agosto aos restaurantes.

De certa forma, a novidade leva para o ambiente digital aquele atendimento personalizado que na vida real é feito pelo gerente do restaurante favorito ou pelo amigo churrasqueiro na hora das compras. As novas ferramentas estarão disponíveis tanto no aplicativo do iFood quanto serão disponibilizadas para que seus 330 mil parceiros em 1,7 mil cidades implantem em seus próprios canais de atendimento.

ChatGPT no iFood: nova IA funciona como um assistente de compras (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Apesar de a inteligência artificial ter ganhado manchetes nos últimos meses, sobretudo após a popularização do ChatGPT, o iFood já pesquisa a tecnologia desde 2018, quando começou a testar modelos preditivos para prever fraudes no pagamento. A companhia, assim como muitas outras empresas de tecnologia, depende de sistemas inteligentes para poder fazer recomendação com base no histórico e na preferência de seus clientes. Atualmente, tem 17 times de aprendizado em IA, com 120 modelos que fazem, todos os meses, 10 bilhões de recomendações.

"A inovação está no DNA do iFood e, nos últimos cinco anos, reforçamos nossos investimentos em inteligência artificial", diz Fabrício Bloisi, CEO do iFood. "Isso contribui com todos os nossos serviços, como na melhor recomendação ao cliente, segmentação de marketing, rotas, tempo de entrega".

A novidade da vez é tida pelo empreendedor como um marco neste processo. A ferramenta para os varejistas foi batizada de Compr.AI e transforma mensagens ou áudios de clientes em listas de compras. Entre as possibilidades de pedidos estão coisas como "quero um café da manhã com poucas calorias" ou "preciso preparar um jantar para quem gosta de cenoura" ou até "me entregue ingredientes para um estrogonofe para cinco pessoas".

O potencial é transformador para os negócios, a julgar por um teste conduzido pelo iFood com um parceiro de Bragança Paulista, no interior de São Paulo. O novo atendimento via aplicativo de mensagens foi testado pelo supermercado Nei.mar, que mais que triplicou o volume de entregas com a solução de ChatBot do iFood implantada em seu canal de WhatsApp.

Quase humano

A previsão do iFood é que dentro de pouco tempo passe a ser impossível distinguir que projetos envolvem inteligência artificial dentro de seus negócios. A ideia, explica o diretor de tecnologia Flávio Stecca, é que o uso seja orgânico, natural dentro de uma empresa com 5 mil funcionários, 2,2 mil deles dedicados à tecnologia. "Desde 2020, não temos um departamento de IA. No fundo são técnicas avançadas que melhoram nossos sistemas. São tão naturais quanto o uso de dados", diz Stecca.

O uso de inteligência artificial deve ser cada vez mais útil sobretudo em horários de pico nos pedidos, quando a empresa chega a processar 400 mil pedidos por hora. A ordem da porta para dentro, desde a explosão do ChatGPT 3.5, em novembro, é "usem".

Entre as próximas novidades no radar estão facilitar que parceiros subam informações de cardápio, ou respondam a dúvidas e reclamações dos clientes. Melhorar a rotina dos 500 mil entregadores também é uma prioridade. Nas redes voltadas para os entregadores, o iFood já oferece dicas de como usar a IA nas rotinas.

"O ecossistema todo pode ganhar. Temos a missão de liderar esse processo", diz Stecca. Para os 40 milhões de clientes da companhia, quanto mais facilidade, melhor.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialiFoodApps

Mais de Inteligência Artificial

Balanço da Nvidia indica que euforia com inteligência artificial está longe de acabar

Em quanto tempo a IA vai ficar mais inteligente que humanos? Musk e CEO chinês têm palpites

OpenAI não copiou voz de Scarlett Johansson para o ChatGPT, diz jornal

Alexa será atualizada com IA e Amazon vai cobrar taxa pela tecnologia, diz site

Mais na Exame