ESG

Moda circular: por que as gigantes varejistas ainda não aderiram a essa tendência?

Sustentabilidade na moda é urgente: indústria é a segunda maior em emissões de gases de efeito estufa

Camila Salek, sócia-fundadora da Vimer Retail Merchandising (//Divulgação)

Camila Salek, sócia-fundadora da Vimer Retail Merchandising (//Divulgação)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 24 de julho de 2022 às 08h00.

Última atualização em 26 de julho de 2022 às 11h19.

Debater sobre sustentabilidade e moda é algo urgente e complexo. Isso porque a indústria da moda é a segunda maior em emissões de gases de efeito estufa. De acordo com a Global Fashion Agenda de 2020, essas emissões, que já representam 10% do total global, estão a caminho de aumentar um terço, para 2,7 bilhões de toneladas por ano até 2030.

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Com esse cenário preocupante, a moda circular tem ganhado espaço nas rodas de discussões do varejo e no mercado. Nesse sentido, os negócios circulares são fundamentais para fomentar uma atividade próspera, que contribui para enfrentar desafios globais como as mudanças climáticas e a biodiversidade. A consciência sustentável do mercado está exigindo novas lógicas de operação das empresas. É uma forma nova de o consumidor consumir, pensar o seu guarda-roupa e a sua relação com moda de modo geral de modo a contribuir para o meio ambiente.

Uma das coisas que chama a atenção é o fato de que a moda circular ainda é um movimento de nicho. As marcas grandes não olham dessa forma para a moda circular. Elas estão tentando revisar sua cadeia produtiva o tempo todo, fazendo mudanças incrementais em processos históricos, mas não passam por novas fórmulas de consumo inovadoras e disruptivas.

É preciso prestar atenção aos movimentos emergentes. Às vezes eu sinto que o varejo está apertando a tecla F5 o tempo todo em novos modelos. Queremos sempre estar atualizados, mas não fazemos nada com a  informação que buscamos constantemente, não montamos um plano de negócios para aterrissar as oportunidades de inovação que estão sendo exigidas.

E, nesse sentido, o varejo físico pode desempenhar um papel importante, já que o espaço pode servir de alavancagem para esse novo tipo de consumo, além de educar o consumidor, trazê-lo para perto da consciência sustentável, por meio de uma boa comunicação e apresentação dos processos.

Para isso, é preciso testar novos formatos e caminhos, transformando esses espaços em verdadeiros laboratórios dessas novas tendências, o que pode abrir novos horizontes para as marcas e para o consumidor.

Várias marcas estão apostando no caminho sustentável da moda e iniciativas que levam essa assinatura ambiental tem surgido com grande frequência no mercado brasileiro e internacional, seja por meio de venda, revenda ou até serviços, como o de assinatura de roupas e acessórios. Cito aqui o exemplo da plataforma Enjoei, dedicada ao “secondhand” e também a Clo.rent, que oferece um closet compartilhado digitalmente.

A vivência da pandemia ensinou o consumidor que é possível viver com menos. Hoje o consumidor busca comprar com mais consciência e opta por peças que duram mais tempo. Algumas empresas, como é o caso da Cyclon, de assinatura de tênis para corrida, estão promovendo uma verdadeira ressignificação do ciclo de vida de um produto e, consequentemente, do relacionamento com o consumidor, envolvendo inovação, circularidade, sustentabilidade e conexão humana.

É importante agir e dar mais espaço para que iniciativas sustentáveis possam ser transformadas em processos completos, sendo acessados por todos. É um caminho sem volta. É o futuro do varejo mostrando seu desenho, através de uma urgência da moda.

*Camila Salek é sócia-fundadora da Vimer Retail Merchandising, realiza treinamentos e palestras para grandes marcas voltadas para moda e tendência.

 

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