Ciência

Para Bill Gates, 2021 será um ano melhor para a ciência — mas não para a humanidade

Para embasar a afirmação, Gates cita um modelo computacional que indica que a pandemia pode piorar já no próximo mês

Bill Gates (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Bill Gates (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 07h15.

"Esse ano foi devastador". A frase podia pertencer a qualquer pessoa que acompanhou os eventos de 2020 de perto, mas foi escrita pelo bilionário e fundador da Microsoft Bill Gates em seu blog. Para ele, apesar de tudo o que aconteceu neste ano e da pandemia do novo coronavírus, o próximo ano deve trazer boas consequências --- ao menos para a ciência.

"Passei boa parte deste ano trabalhando com colegas no mundo todo para encontrar formas de testar, tratar e prevenir a covid-19. Quando penso sobre os avanços científicos que tivemos em 2020, fico maravilhado. Humanos nunca progrediram tanto em relação a uma doença em um ano. Em circunstâncias normais, criar uma vacina pode demorar 10 anos. Dessa vez, várias vacinas foram criadas em menos de um ano", escreveu Gates.

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Apesar disso, o bilionário afirma que "não estamos livres" da doença --- e ele tem razão. Às 7 horas da manhã desta quarta-feira, 23, o mundo passava dos 78 milhões de casos de covid-19, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins.

Para embasar a afirmação, Gates cita um modelo computacional que indica que a pandemia pode piorar já no próximo mês. Recentemente, em entrevista à emissora CNN, Gates afirmou que "os próximos quatro a seis meses podem ser os piores". "A previsão do IHME mostra mais de 200.000 mortes adicionais. Se seguirmos as regras, em termos de usar máscaras e evitar aglomerações, poderíamos evitar uma grande porcentagem dessas mortes”, disse.

Em seu blog, ele voltou a defender o uso de máscaras e o distanciamento social como duas maneiras de se "manter esperançoso" apesar das más notícias. "Essas intervenções, bem como algumas outras, pode desacelerar o espalhamento do vírus e salvar vidas enquanto as vacinas ainda estão sendo desenvolvidas", explica.

Outro motivo para se manter esperançoso em relação ao próximo ano, para Gates, é que as vacinas e tratamentos começarão a ter um impacto global. "Enquanto ainda precisamos de restrições, o número de casos e mortes vai começar a cair --- pelo menos em países mais ricos --- e a vida vai voltar a ser mais normal do que agora", diz.

Gates também aproveitou o espaço em seu blog para dizer que ele e a sua esposa, Melinda, não têm relação alguma com a covid-19 --- como dizem as teorias da conspiração. "Isso não ajuda", afirma. A teoria em questão afirma que o bilionário foi o criador do coronavírus e que, com a doença, pretende criar uma vacina que será capaz de implementar chips nas pessoas.

A relação de Gates com as teorias surgiu por conta de uma palestra, de 2015, na qual ele afirmava que o grande risco para a humanidade não era uma guerra nuclear, mas sim um vírus que pudesse infectar e ameaçar a vida de milhões de pessoas. Mas não existe comprovação de que ele está envolvido com o vírus --- que também não foi originado em um laboratório.

O bilionário também espera que, em 2021, o teste de nasofaringe para confirmar a infecção pelo SARS-CoV-2 se torne algo do passado.

Além da covid-19, Gates também acredita que mudanças em relação à crise climática devem acontecer em 2021. Em fevereiro, ele lançará um livro chamado "Como Evitar o Desastre Climático" (How to avoid a climate disaster em inglês), no qual falará sobre seus 15 anos como ativista no tema. "Vejo esperança nos próximos 12 meses. Pode não ser algo enorme, mas será um passo a frente para o mundo e uma melhora em relação a 2020", diz.

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