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Brasil deve tomar cuidado com a maldição do petróleo

Especialistas presentes no EXAME Fórum afirmam que o país precisa conter a euforia com relação ao pré-sal

Augustin Castanho, David Zylbersztejn e o jornalista George Vidor (.)

Augustin Castanho, David Zylbersztejn e o jornalista George Vidor (.)

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2010 às 18h11.

Rio de Janeiro - David Zylbersztajn, ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), afirma que o Brasil precisa conter a euforia que se originou em torno da exploração do petróleo, sobretudo com a camada pré-sal. Para ele, o país, e principalmente o Rio de Janeiro, precisam tomar cuidado com a "maldição do petróleo".

"O Rio de Janeiro é dependente demais do dinheiro e da tecnologia que vêm do petróleo. Isto não é necessariamente ruim, mas apenas se for bem tratado", disse Zylbersztajn, que participou do EXAME Fórum nesta terça-feira (5/10). Sua crítica se refere ao risco de que a exploração de recursos naturais eventualmente prejudique o desenvolvimento econômico do país.

O ex-presidente da ANP explica que a "maldição" afetou a maioria dos países que dedicaram ao petróleo a maior parte de seu desenvolvimento, e alertou: "hoje produzimos dois milhões de barris por ano, mas daqui a três anos, serão cinco milhões."

Um dos efeitos da tal maldição, lembrado por Augustin Castanho, conselheiro sênior da Booz & Company, é a entrada maciça de recursos externos no país, promovendo um desequilíbrio no câmbio. "Já há uma migração considerável de dólares no Brasil por causa da capitalização da Petrobrás", alertou.

Transição

Outra questão levantada pelos debatedores como fator de contenção da euforia é o fato de que o mundo vive um processo de mudança de sua matriz energética. "Estamos fugindo do petróleo. A tendência é que nos livremos disso e passemos para uma economia de baixo carbono. O petróleo, embora necessário para nossa sobrevivência, é o vilão do aquecimento global, e é finito", afirmou Zylbersztejn.

Ele lembrou que o Rio, embora tenha a vantagem do petróleo, sobretudo na camada pré-sal, pode usar a tecnologia e os recursos oriundos desta exploração para transformar seus processos de geração e produção de outros tipos de energia.

"Podemos desenvolver centros e acompanhar o mundo nesta transição. O Rio pode ser a capital mundial de energia, um pólo de desenvolvimento tecnológico, desde que os investimentos sejam feitos da forma certa. E desde que o Brasil tenha cuidado com a maldição do petróleo."

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