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A fúria de Merkel e a ironia da China: autoridades comentam caos nos EUA

A invasão de partidários de Trump resultou na interrupção da certificação da vitória presidencial de Joe Biden por várias horas

EUA: a chanceler alemã, Angela Merkel e o porta-voz chinês, Hua Chunying, comentaram sobre a invasão ao Capitólio (Win McNamee/Getty Images)

EUA: a chanceler alemã, Angela Merkel e o porta-voz chinês, Hua Chunying, comentaram sobre a invasão ao Capitólio (Win McNamee/Getty Images)

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AFP

Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 10h26.

Última atualização em 7 de janeiro de 2021 às 10h39.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta quinta-feira (7) estar "furiosa e triste" com a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos por parte de seguidores de Donald Trump e afirmou que o presidente tem parte de responsabilidade pelo que aconteceu.

"Lamento profundamente que o presidente Trump não tenha admitido sua derrota, desde novembro e de novo ontem", criticou.

"As dúvidas sobre o resultado das eleições se avivaram e criaram o clima que tornou possível os eventos de ontem à noite", acrescentou, garantindo que seu choque foi compartilhado por "milhões de pessoas que admiram a tradição democrática dos Estados Unidos".

Merkel disse estar satisfeita com a declaração do presidente eleito Joe Biden, assim como com "muitas reações dos dois principais partidos dos Estados Unidos" que lhe garantiram "que esta democracia se mostrará muito mais forte do que invasores e desordeiros".

"Agora está claro que, com a confirmação da vitória eleitoral de Joe Biden e Kamala Harris, os Estados Unidos abrirão, como deve ser, em menos de duas semanas, um novo capítulo de sua democracia", completou.

Após os confrontos, o Congresso validou, nesta madrugada, a vitória de Joe Biden na eleição presidencial de 3 de novembro passado. A última etapa deste processo é sua posse, em 20 de janeiro.

A China disse que espera um "retorno à ordem" nos Estados Unidos após cenas de caos no Capitólio, enquanto estabeleceu um paralelo entre a situação em Washington e os protestos pró-democracia em Hong Kong.

A ex-colônia britânica foi abalada em 2019 por um movimento de protesto contra o controle de Pequim.

As manifestações, em grande parte pacíficas em seus estágios iniciais, tornaram-se violentas, com militantes invadindo o Legco, o parlamento local.

Comentando sobre a intrusão de apoiadores do presidente Donald Trump no Capitólio e o caos que se seguiu na quarta-feira, uma porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse que as cenas eram "familiares" aos acontecimentos em Hong Kong.

Desta vez, porém, "a reação de algumas pessoas nos Estados Unidos, incluindo alguns meios de comunicação, é completamente diferente", afirmou Hua.

"No momento em que descreveram os manifestantes violentos em Hong Kong, que palavras eles usaram? (...) 'um bom espetáculo'", disse a porta-voz.

No Twitter, que está bloqueado na China, o jornal nacionalista Global Times adotou o mesmo argumento, com fotos das invasões ao Capitólio e ao Legco.

O veículo em inglês apontou que os manifestantes de Hong Kong haviam sido descritos como "heróis" por Nancy Pelosi, a presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos.
"Resta saber se dirá o mesmo sobre a situação no Capitólio", disse o jornal.

O Global Times ataca regularmente em seus editoriais a democracia "ao estilo ocidental" e defende o "modelo" autoritário chinês que considera mais eficaz.

Os eventos em Washington foram muito comentados online e totalizaram mais de 570 milhões de visualizações na plataforma Weibo.

"O que aconteceu no [parlamento local] de Hong Kong está se repetindo no Capitólio dos Estados Unidos", comentou um internauta.

Os protestos em Hong Kong foram sufocados no início de 2020 pelo confinamento ligado à covid-19 e depois pela entrada em vigor de uma nova lei de "segurança nacional" acusada de amordaçar as liberdades no território.

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