Economia

Em leilão de transmissão de R$ 18,2 bi, Eletrobras e fundo do BTG terminam como grandes vencedores

O leilão terminou com todos os lotes arrematados, com deságio médio de 40,62%

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 28 de março de 2024 às 10h48.

Última atualização em 28 de março de 2024 às 15h16.

No segundo maior leilão de linha de transmissão da Agência Nacional de Energia (Aneel), realizado nesta quinta-feira, 28, a Eletronorte, subsidiária da Eletrobras, e o fundo de investimentos Warehouse, do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame), foram os grandes vencedores de um certame disputado. 

O leilão terminou com todos os lotes arrematados, com deságio médio de 40,62%. Considerando os 15 lotes, os investimentos somam R$ 18,2 bilhões , atrás apenas do certame realizado em dezembro do ano passado, onde o investimento estimado foi de R$ 19,7 bilhões, o maior da história da agência.

A Eletrobras arrematou sozinha quatro lotes, entre eles o de maior extensão e potência, o lote 5. Os outros lotes arrematados pela empresa foram o 1, 3 e 9. As obras das empresas serão realizadas nos estados do Ceará, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Santa Catarina.

O outro grande vencedor do leilão foi o fundo de investimentos Warehouse, que arrematou o lote com o maior valor de investimento estimado, o lote 6. O fundo venceu ainda as disputas pelos lotes 4 e 14. As obras serão realizadas na Bahia, Minas Gerais, Alagoas, Paraíba, Pernambuco e no Rio Grande do Norte.

A EDP venceu três lotes, 2, 7 e 13, e também saiu como uma das empresas com mais vitórias no leilão. As linhas arrematadas serão no Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins. Os outros vencedores foram a Energisa, com o lote 12, a Brasiluz com o lote 8, o Consórcio Paraná com o lote 11 e Consórcio Olympus XVII, que venceu o lote 15.

Veja os resultados do leilão de linha de transmissão de R$ 18,2 bilhões da Aneel

Eletrobras arremata lote 1 com deságio de 42,39%

A Eletronorte, subsidiária da Eletrobras, arrematou sozinha o lote 1 do leilão, com oferta de R$ 162,3 milhões, com deságio de 42,93% em relação ao valor máximo previsto pela ANEEL. O lote defina a entrega de 538 quilômetros de linhas e subestações no Ceará e no Piauí, com investimento previsto de R$ 1,7 bilhão. O ministério do Minas e Energia estima a criação de 3.537 empregos diretos. 

O lote recebeu propostas da Cymi, Engie Brasil, Consórcio Optimus I, Fundo de Investimentos em Participações Development Warehouse e Energisa.

Lote 2 é arrematado pela EDP com deságio de 45,97%

A EDP arrematou o lote 2 pelo valor de R$ 135 milhões, com deságio de 45,97% em relação ao RAP estabelecido pela Aneel. Serão 537 quilômetros de linhas no Piauí, com expectativa de R$ 1,5 bilhão em investimentos e 3.090 empregos diretos criados. O prazo para construção é de 60 meses.

Eletrobras arremata lote 3 com deságio de 26,94%

Com oferta de R$ 114,9 milhões, um deságio de 26,94%, a Eletronorte também levou o lote 3 do certame. A empresa terá que construir 337 quilômetros de linhas, com potência de 1.800 MVA, no Ceará. Os investimentos estimados são de R$ 983,4 milhões, com estimativa de criar 1.966 empregos diretos.

Também apresentaram propostas o Fundo de Investimento Warehouse, Engie Brasil, Cymi, Consórcio Optimus I e Energisa. O lote foi a viva-voz entre Warehouse, Engie e Eletrobras.

Fundo Warehouse leva lote 4 com deságio de 30,50%

O FIP Development Fund Warehouse, do banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame), venceu a disputa e levou o lote 4 com RAP no valor de R$ 111,7 milhões, com deságio de 30,50%. Serão construídos 411 quilômetros de linhas de transmissão nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e no Rio Grande do Norte. O volume de investimento previsto é de R$ 990,5 milhões no prazo de 60 meses, com 1.981 empregos diretos. 

Além do Warehouse, EDP Energias do Brasil, Energisa, Consórcio Optimus I e Cymi também apresentaram ofertas. 

Eletrobras leva lote 5 com deságio de 31,14%

O maior em extensão e potência, o lote 5 foi arrematado pela Eletronorte pelo valor de R$ 302 milhões, com deságio de 31,14%. Serão construídos 1.116 quilômetros de linhas de transmissão nos estado do Ceará, Piauí, Pernambuco, Alagoas e Bahia. O investimento previsto em 66 meses é de R$ 2,6 bilhões, com expectativa de criação de 4.817 empregos diretos.

O Fundo de Investimento em Participações Development Warehouse, Consórcio Optimus I (Alupar, Equatorial e Infra II) e Cymi também apresentaram propostas.

Lote 6 é arrematado pelo fundo Warehouse com deságio de 49,60%

Com obras na Bahia e Minas Gerais, o lote 6 foi arrematado pelo fundo Warehouse pelo valor de R$ 284 milhões, representando um deságio de 49,60%. O lote com maior valor de investimento estimado, cerca de R$ 3,4 bilhões, prevê a construção de 951 quilômetros no prazo de 66 meses. A estimativa é que as obras criem cerca de 6.181 empregos.

Eletronorte, Cymi, Engie Brasil, Neoenergia, Consórcio Optimus I também apresentaram proposta.

EDP arremata lote 7 com deságio de 41,05%

A EDP arrematou o lote 7 com oferta de RAP no valor de R$ 51 milhões, com deságio de 41,05%. A empresa terá que investir 528,6 milhões na construção de 390 quilômetros de linha de energia no estados do Piauí, Bahia e Tocantins. O prazo para conclusão das obras é de até 60 meses com a criação direta de 1.057 empregos.

Brasiluz leva lote 8 com deságio de 43,27%

Em disputa viva-voz com o Consórcio Transformaçu, a Brasiluz Eletrificação arrematou o lote 8 pelo RAP de R$ 16,050 milhões, com deságio de 43,27%. As obras com investimentos de R$ 142,2 milhões no estado do Rio de Janeiro prevê a manutenção me linhas de 1.500 MVA em um prazo de 36 meses. A expectativa é criar 474 empregos diretos.

Eletronorte arremata lote 9 com deságio de 59,39%

A Eletronorte levou o lote 9 por Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 11,6 milhões, com deságio de 59,39%. O lote propõe a construção de seis quilômetros de linhas e subestações em Santa Catarina com investimentos previstos de R$ 190,6 milhões em 42 meses. É estimado a criação de 544 empregos diretos. 

O certame recebeu ofertas da Alupar, Consórcio EDF Brasil, Consórcio Paraná II, consórcio Rio Verde Transmissora, Brasiluz Eletrificação e Eletrônica, Rialma, CPFL, Cox Brasil, Consórcio Semeador (Energisa), Consórcio ENT II e Consórcio Infra Omega.

COX Brasil arremata lote 10 com deságio de 43,49%

A COX Brasil arrematou o lote 10 com lance de R$ 29 milhões, com deságio de 43,49%. O lote prevê a construção de 104 quilômetros de linhas no estado de São Paulo em um prazo de 48 meses. O investimento estimado no empreendimento é de R$ 329 milhões, com previsão de criação de 882 empregos diretos.

Consórcio Paraná IV leva lote 11 com deságio de 42,42%

O Consórcio Paraná levou o lote 11 com oferta de R$ 20,4 milhões, deságio de 42,42%. Serão construídos 75 quilômetros no Mato Grosso com investimentos previstos de R$ 221,7 milhões. O prazo será de 48 meses, com previsão de criação de 554 empregos diretos.

Energisa leva lote 12 com deságio 29,99%

A Energisa venceu a disputa pelas novas linhas de transmissão nos estados do Maranhão e do Piauí. O valor ficou em 112.500.000,00, com deságio de 29,99% em relação ao valor em edital. A previsão é de construção de 394 quilômetros com investimentos de R$ 932,5 milhões em um prazo de 72 meses. É esperado a criação de 1.554 empregos diretos. 

EDP leva lote 13 com deságio de 36,21%

Fechado o leilão, a EDP arrematou o lote 13 com lance de R$ 102,4 milhões, um deságio de 36,21%. O lote é composto por 461 quilômetros de linhas nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. Os empreendimentos devem receber investimentos de R$ 982,1 milhões em um prazo de 60 meses. A estimativa é que sejam criados 1.964 empregos.

Fundo Warehouse vence disputa pelo lote 14 com deságio de 53,57%

Com oferta de R$ 162,9 milhões, ou seja, deságio de 53,57%, o fundo Warehouse venceu a disputa pelo lote 14. A empresa terá que construir 636 quilômetros de linhas de transmissão no estado da Bahia no prazo de 66 meses. O valor de investimentos previsto é de R$ 2,1 bilhões, com 3.824 empregos gerados.

Também entraram na disputa a Cymi, Engir Brasil, Eletrobras, Neoenergia e Enegisa. O lote foi decidido em um viva-voz entre Warehouse (BTG), Engie e Eletrobras.

Lote 15 é arrematado pelo Consórcio Olympus XVII com deságio de 33,5%

O Consórcio Olympus XVII venceu o lote 15 por R$ 154,4 milhões, com deságio de 33,5% em relação ao RAP definido pela Aneel. O lote prevê a construção de 509 quilômetros de linhas de transmissão em um prazo de 66 meses. A obra está estimada em R$ 1,3 bilhão, com cerca de 2.528 empregos que serão gerados.

Segundo maior leilão da história da Aneel

Foram 15 lotes em 14 estados e previsão de R$ 18,2 bilhões em investimentos. O leilão tem como objetivo a construção e manutenção de 6.464 quilômetros em linhas de transmissão novas e seccionamentos e de 9.200 mega-volt-ampères (MVA) em capacidade de transformação.

A ANEEL estima a criação de 34,9 mil empregos diretos para a construção dos 69 empreendimentos a serem licitados. Os estados com obras previstas no leilão são Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Acompanhe tudo sobre:Energia elétricaAneel

Mais de Economia

Vendas no comércio crescem 0,6% em julho

"Economia vai crescer mais de 3% e agora precisamos controlar dívida interna", diz Haddad

Haddad reafirma compromisso com déficit zero e diz que vai rever receita de 2024 com o Carf

Haddad diz que governo deve propor taxação de big techs ainda neste ano