Revista Exame

Obras de infraestrutura são, até agora, são só promessa

O Brasil não precisa de PAC nenhum. Mas precisa das obras de infraestrutura que vêm sendo prometidas há anos. O resultado do atraso é o aumento da distância do país em relação aos competidores internacionais

E a água não chega: por enquanto, só a transposição de dinheiro do Erário para empreiteiras e advogados aconteceu (Cristiano Mariz/EXAME.com/Site Exame)

E a água não chega: por enquanto, só a transposição de dinheiro do Erário para empreiteiras e advogados aconteceu (Cristiano Mariz/EXAME.com/Site Exame)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2012 às 11h18.

São Paulo - Não se ouve  falar muita coisa, nestes dias, sobre o PAC. Onde Andará? Como ocorre com fre­quência na vida cotidiana, esse fato tem dois lados. O lado bom é que a propaganda do governo deixa, pelo menos por algum tempo, de encher tanto a paciência do público falando do assunto.

O lado ruim é que, se o próprio governo não anda muito animado em bater palmas para seus “projetos estruturantes” e as fabulosas obras que estaria executando, imagine-se, então, a pobreza dos resultados concretos que conseguiu obter. É verdade que o país não precisa de PAC nenhum; mas precisa, com certeza e com urgência, das obras que o programa prometeu, sobretudo porque a população está pagando muito caro para o governo construir o que não constrói.

Há exceções, aqui e ali, no andamento dos trabalhos. Mas, de modo geral, a coleção de obras públicas que vêm sendo prometidas há quase dez anos, e que são absolutamente essenciais para salvar a infraestrutura brasileira do colapso, está afundada numa sucessão de atrasos, estouro de orçamentos, maus projetos, maus contratos, más ideias, trabalhos paralisados ou simplesmente abandonados, execução de terceira categoria, problemas ambientais, níveis recorde de incompetência — e mais um caminhão de dificuldades, cuja leitura seria cansativa demais.

O resultado é um desastre para a produtividade, e só aumenta a distância que vai colocando o Brasil cada vez mais para trás na corrida com seus competidores.

O coração desse fracasso está nos oito anos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Qualquer balanço sobre o que foi realmente construído nesse período de tempo mostra resultados paupérrimos, em termos de conclusão efetiva de obras e benefícios concretos para o país.

É o que aconteceu, por exemplo, com a célebre “transposição das águas do São Francisco”, na qual o que se transpôs até agora, basicamente, foi dinheiro do Erário para o bolso das empreiteiras e seus advogados na máquina estatal. O andamento das obras de grandes ferrovias destinadas a alterar, de forma decisiva, o sistema de transportes no Brasil equivale a um certificado internacional de inépcia.


As refinarias de petróleo que o governo Lula prometeu são, igualmente, uma obra-prima na arte de fazer muito barulho por nada — ou melhor, por nada de útil, mas por muito em matéria de torrar dinheiro público. Como alguns leitores talvez ainda se lembrem, as refinarias foram até “inauguradas”, com fotos de algum terreno onde apareciam Lula, um bando de puxa-palmas com capacete amarelo e uns tratores ao fundo.

De lá para cá, só uma coisa mudou nos terrenos: sumiram os tratores. Na verdade, a única refinaria em construção é a de Abreu e Lima, em Pernambuco — a ser montada em sociedade com o companheiro Hugo Chávez, num grande feito de geopolítica do governo anterior. Até hoje, como bem se sabe, a Venezuela não entrou com um tostão em moeda corrente para honrar sua parte do acordo.

Em compensação, a refinaria já está com um custo cinco vezes maior do que o planejado. Os investimentos da administração Lula no Nordeste, no fim das contas, atingem uma soma superior a 100 bilhões de reais; quando se vai ver o que foi realmente construído com esse dinheiro, muito pouco aparece.

O governo atual não tem tido, também, um grande sucesso com o “maior programa de obras da história deste país” — até porque uma boa parte de seu tempo e esforços tem sido gasta na tarefa de consertar os erros mais grosseiros que encontrou no plano mestre de seu antecessor.

Não seria realista esperar que toque no assunto, pois não pode dar a entender, nem de longe, que recebeu de Lula uma herança desgraçada; afinal, se não fosse por ele, a presidente Dilma Rousseff não estaria hoje dando entrevistas às mais celebradas publicações da imprensa internacional nem aparecendo nas listas de “mulheres mais poderosas” do mundo. Mas o que interessa para a população não é o que ela diz, e sim o que o seu governo faz. Espera-se, apenas, que faça mais e melhor.

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