Revista Exame

Na mesma página: como alinhar a cultura da empresa em fusões e aquisições

Uma das questões para Ingrid Barth antes de vender a fintech Linker foi ver quem tinha “fit cultural” com o negócio

Ingrid Barth, do Linker: discussão sobre objetivos para evitar arestas no M&A (Divulgação/Divulgação)

Ingrid Barth, do Linker: discussão sobre objetivos para evitar arestas no M&A (Divulgação/Divulgação)

Uma das maiores dores em processos de fusão e aquisição é o método de integração entre os dois (ou mais) times. As diferenças culturais costumam ser enormes e podem comprometer as oportunidades de sinergia. Por isso, uma das preo­cupações da empreendedora paulistana Ingrid Barth foi encontrar um comprador com “fit cultural” com a empresa oferecida por ela ao mercado.

Em 2019, Barth, junto com os sócios David Mourão (ex-Vinci Partners e Itaú Asset Management) e Daniel Benevides (fundador da Neon), fundou o Linker, um misto de banco digital com plataforma de soluções financeiras a pequenas e médias empresas. 

Dois anos mais tarde, o Linker foi vendido à Omie, um software de gestão também voltado para os empreendedores, por 120 milhões de reais. A combinação agregou serviços financeiros à base de mais de 10.000 clientes da Omie. Barth credita o sucesso da negociação ao fato de ambos os lados terem buscado conversas francas sobre as expectativas da compradora, as semelhanças e as diferenças nos propósitos das duas empresas.

“Identificamos logo de cara que nossas missões eram muito semelhantes, principalmente porque ambas as empresas reconhecem o empreendedorismo como o grande motor da economia do país”, diz ela. “O valor em comum de fato fez a diferença.” Para a empreendedora, empresas novatas podem sair ganhando de uma aproximação com grandes corporações, especialmente se estiverem ainda lutando para encontrar rituais e processos próprios.

Discutir com quem está comprando a empresa os detalhes de como as coisas vão funcionar depois da aquisição, na visão dela, não apenas é possível como é recomendável para minimizar o risco de debandada de profissionais insatisfeitos com a nova gestão. “Combine o jogo para já definir os dias seguintes: qual cultura vai ser adotada, a sua ou a deles? Entenda se haverá independência e outros pontos”, diz ela. “Desalinhamentos depois da assinatura do contrato não passam uma boa imagem ao mercado.” 

A preocupação em colocar todo mundo na mesma página até agora tem garantido resultados satisfatórios ao Linker. A base de clientes cresceu 40% em 12 meses, para 50.000 usuários. Barth segue à frente do negócio, agora uma unidade dentro da Omie. Ela alerta para que empreendedores interessados em vender suas empresas pensem, antes de qualquer coisa, nas intenções para o acordo. “É preciso ter muito claro quais são os desejos com essa transação e o que é esperado dela. A sua empresa quer manter independência? Está em busca de escala, ou você apenas quer passar o negócio adiante? Tudo precisa fazer sentido e ser colocado na negociação”, diz.  

(Arte/Exame)


(Publicidade/Exame)

Acompanhe tudo sobre:Aladas-na-Examecultura-de-empresasFusões e Aquisições

Mais de Revista Exame

Entre colmeias e vinícolas: a próxima relação entre meles e vinhos

Os planos da Soho House para unir os criativos do Brasil

REVISTA EXAME. A jornada até o topo: elas chegaram à liderança em setores do futuro — e querem mais

O “Méliuz” do crédito de carbono

Mais na Exame