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O que fazer depois que sua empresa fracassa?

Brad Feld tem uma lista infinita de fracassos, mas não deixou de fazer sua carreira um sucesso. Confira alguns conselhos.

Fracasso; homem com a cara na parede; problema; sucesso; dor de cabeça; crise (Thinkstock)

Fracasso; homem com a cara na parede; problema; sucesso; dor de cabeça; crise (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2015 às 05h00.

E depois do fracasso, vem o quê?
Escrito por Brad Feld, empreendedor e co-fundador da TechStars.

Recentemente, escrevi um post intitulado “Depois do primeiro grande sucesso, o que acontece?”. Os comentários foram poderosos e fascinantes, assim como o feedback por e-mail que recebi, incluindo o trecho a seguir:

“Acredito que seria interessante ouvir sua perspectiva sobre como um empreendedor deveria abordar o que acontece depois de um negócio fracassado. Como alguém deveria administrar suas próprias emoções e perspectivas depois de um fracasso? É fácil jogar a culpa em outras coisas e também sermos extremamente exigentes com nós mesmos. Devem haver formas construtivas de seguir adiante, em vez de cenários destrutivos que podem acarretar falta de confiança, ou depressão”.

Tendo fracassado em muitas coisas, fico completamente confortável em falar sobre isso. Mas antes, deixa eu abrir o jogo aqui. Minha primeira companhia, a Martingale Software, fracassou (devolvemos $ 7.000,00 dos $ 10.000,00 que arrecadamos). Minha segunda companhia, a DataVision Technologies, fracassou. Não tive sucesso até minha terceira companhia, a Feld Technologies. Por mais que meu primeiro investimento-anjo tenha sido um sucesso, renunciei ao cargo de chairman quando as empresas de capital de risco deixaram o Conselho depois que o CEO foi substituído.

No fim dos anos 1990, o que parecia meu maior sucesso naquele momento, abrimos o capital da empresa, atingimos um valor de mercado de quase $ 3 bilhões, e então fomos à falência três anos após o IPO. E o segundo fundo de capital de risco do qual fui parte, que arrecadou $ 660 milhões em 1999, foi um desastre completo.

Como diz o clichê, aprendi muito com esses fracassos.

Tive muitos outros fracassos. Lembro de despedir minha primeira funcionária, o que eu via como um fracasso da minha parte, não dela. Lembro do primeiro CEO que demiti, e de não conseguir dormir na véspera porque estava tão nervoso e triste com a decisão que havia tomado. Lembro da primeira empresa em que investi como venture capitalist. Ela faliu e depois tive que descobrir sozinho como encerrá-la, depois que todos já tinham se mandado. Lembro da primeira vez que alguém ameaçou me processar por prestar um serviço ruim (não o fizeram). Lembro a primeira vez que fui processado por algo que não havia feito (eventualmente, eu ganhei). Eu poderia continuar listando, mas acho que deu para ter uma ideia.

O que vem depois é simples. É o que você decidir fazer depois.

Em alguns casos, isso será fácil – você já estará trabalhando no próximo empreendimento antes que o trabalho prévio fracasse. Em muitos casos, isso não será fácil – você estará se lamentando na areia movediça do fracasso até um bom tempo depois que vários corpos já tenham sido sugados para debaixo da superfície.

Como você lida com suas próprias emoções e perspectivas é um assunto completamente diferente.

Eu adoro a abordagem de Jeremy Bloom, CEO da Integrate (somos investidores lá), por quem tenho imenso respeito e admiração. Nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006, ele foi o melhor magnata esquiador de estilo livre do mundo. Em sua última corrida, esperavam que ele ganhasse o ouro. Na metade do caminho, ele perdeu uma virada e acabou na sexta colocação. Como Jeremy me disse, ele se deu 24 horas para ficar bravo, depressivo, chateado, furioso, frustrado, confuso e melancólico.

Eu consigo imaginar ele em seu quarto, na Vila Olímpica, destruindo sistematicamente toda a mobília. Um minuto depois das 24 horas, ele já estava trabalhando em seu próximo projeto, com o fracasso presente somente em seu espelho retrovisor.

Só que 24 horas é uma quantidade pequena de tempo. Normalmente, carrego meus fracassos por um pouco mais de tempo, mas nunca além de uns dois dias. Eu separo como eu me sinto a partir do fracasso de como eu me sinto em relação à vida e ao que estou fazendo.
É interessante que, para mim, o fracasso não é aquilo que me deixa deprimido. É o tédio combinado com a exaustão.

Mas levou muito tempo para eu perceber isso. Descobri que conversar com as pessoas sobre meus fracasso ajuda bastante. Em vez de segurá-los internamente, converso com Amy (minha amada) sobre eles. Converso com meus sócios sobre eles. Converso com meus amigos próximos sobre eles. Não ignoro o fracasso, nem tento encapsulá-lo em algum lugar. Em vez disso, o liberto, o mais rápido possível.

Em nosso livro “Do More Faster” [Faça mais em menos tempo, em tradução livre], temos um capítulo sobre a maravilhosa história de fracasso da EventVue. Depois que ela fracassou, alguns dos amigos de Rob e Josh da Boulder Startup Community fizeram um velório para a EventVue. Nós celebramos sua vida, a enterramos e seguimos adiante. Adorei essa ideia e já fiz algo parecido algumas outras vezes para empresas falidas. É importante lembrar que até mesmo na morte é possível celebrar as ótimas coisas que aconteceram durante a vida.

No entanto, ultimamente, é preciso conhecer a si mesmo. Não há uma resposta certa ou alívio mágico para superar fracassos pretéritos.

Se você vai ser um empreendedor, você irá ter esse tipo de experiência. É simplesmente parte do trabalho.

Comece entendendo isso, e se perguntando do que você realmente tem medo. E, depois de fracassar em alguma coisa, deixe-se experimentar o que você tiver que experimentar, lembrando que isso é somente uma outra parte pequena da jornada da vida. E então parta para o que estiver adiante, no tempo em que você estiver pronto para isso.

Texto originalmente publicado no blog do Unreasonable Institute e reproduzido pelo site da Endeavor.

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