
Empreendedorismo feminino: segundo a pesquisa, 71% das mulheres usam tecnologias para vender seus produtos durante a pandemia (Getty Images/Getty Images)
Todos os negócios brasileiros foram afetados pela crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Apesar disso, a forma com que cada empresa lidou com a crise foi diferente. Analisando pequenos negócios fundados por homens e mulheres, uma pesquisa do Sebrae com a Fundação Getulio Vargas (FGV), feita entre os dias 27 e 31 de agosto, mostra que as empreendedoras foram mais ágeis na hora de implementar inovações a seus negócios.
Segundo a pesquisa, 71% das mulheres usam redes sociais, aplicativos e a internet para vender seus produtos e serviços. Em contrapartida, só 63% dos homens usam essas ferramentas.
A vantagem feminina também permanece quando analisado o uso de delivery e as mudanças feitas nos produtos e serviços das empresas. As entregas foram implementadas em 19% dos negócios administrados por mulheres e 14% nos dos homens.
Em relação à inovação, 11% das empreendedoras disseram ter inovado em seus negócios durante a crise, enquanto somente 7% dos homens declararam ter feito alguma mudança nesse sentido.
As diferenças na adoção de tecnologia entre empreendedores homens e mulheres pode ser explicada por dois fatores, segundo disse o presidente do Sebrae, Carlos Melles, à Agência Sebrae de Notícias. Para ele, as mulheres empreendedoras têm um nível de escolaridade médio maior que os homens. Elas também são mais jovens: 24% delas têm até 35 anos, ante 18% deles.
Faturamento, crédito e retomada
Ainda assim, os negócios das mulheres estão com faturamento ligeiramente pior do que os dos homens. Segundo a pesquisa, 78% das empreendedores disseram estar com a receita mensal menor desde o começo da pandemia. Em comparação, entre os homens, a taxa é de 76%.
Mesmo assim, elas estão menos propensas a buscar crédito no mercado. Segundo a pesquisa do Sebrae com a FGV, desde março, 54% dos empreendedores do sexo masculino buscaram crédito. Entre as mulheres, a proporção é quase espelhada: 55% delas não buscaram empréstimos.
Mas em relação ao sucesso daqueles empreendedores que buscaram, quase não houve diferenças entre os gêneros: apenas 22% dos homens e 23% das mulheres que buscaram crédito conseguiram o dinheiro. A maior parte disse que o banco não informou qual foi o motivo para a não concessão de crédito. Outra parte dos entrevistados disse que a razão foi o CPF negativado ou com restrição.
Outra diferença grande de comportamento entre homens e mulheres empreendedores é em relação a dívidas. A maior parte das mulheres ouvidas (36%) disse não ter dívidas, enquanto a maior parcela dos homens entrevistados (37%) afirmou ter dívidas em dia.
Em relação ao futuro, os dois grupos de empreendedores acreditam que a situação econômica do Brasil deve voltar ao normal em 11 meses. Sobre seus negócios, as mulheres estão mais pessimistas. Apesar de 76% delas terem retomado as atividades, 68% acreditam que menos da metade dos clientes voltarão em 30 dias. Entre os homens, 61% acreditam nessa projeção.