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Usineiros descartam que petróleo barato prejudique etanol

Associação do setor espera que o governo eleve tributo sobre a gasolina e anule os efeitos da cada vez mais provável queda de preços

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A competitividade do etanol no mercado brasileiro não será abalada pela queda do valor do barril de petróleo, mas isso poderia acontecer caso a política de preços para a gasolina utilizada pelo governo há cinco anos fosse alterada. A análise é da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), que nesta semana anunciou um crescimento recorde de 21,37% na produção de etanol com a safra 2008/2009 sobre o volume anterior.

Depois do preço do barril do petróleo ter atingido seu recorde de 147 dólares em julho do ano passado, o valor da commodity despencou para o patamar atual abaixo dos 40 dólares, tendo sido negociado por até por 33 dólares no fim do ano passado. Essa variação negativa tornada cada vez mais provável uma queda nos preços da gasolina. Porém, isso pode não ocorrer no país porque o governo e a Petrobras adotam uma política de defasagem de preços, não repassando imediatamente para as bombas as oscilações pontuais do preço do petróleo, tanto para cima como para baixo.

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O último aumento da gasolina praticado pela Petrobras aconteceu em abril do ano passado, quando foi repassado 10% de alta às refinarias sob a justificativa do preço do petróleo no mercado internacional, que estava em plena ascensão. Mas para evitar que esse percentual chegasse às bombas e afetasse a inflação que também estava em alta, o governo reduziu a cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) de 0,28 reais por litro para 0,18 reais e anulou o impacto no bolso do consumidor.

Para o diretor-técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, o atual preço do petróleo é “irreal e pontual” e deve ser ajustado pelo mercado para o patamar de 80 dólares o barril até o segundo semestre deste ano. “Dentro desse preço o petróleo não traz nenhum prejuízo ao etanol”, disse Rodrigues, citando também as vendas para o mercado externo, que na safra 2008/2009 representaram 25% do total produzido.

Independente da preferência de combustível, o representante da Unica afirma que a gasolina vendida no mercado brasileiro conta com 25% de etanol e somente essa proporção é responsável por 35% da produção na região Centro-Sul - que responde por 90% da produção nacional de cana-de-açúcar.

Rodrigues também lembrou que as vantagens do etanol não são apenas econômicas mas, principalmente, social e ambiental. “Esse é um ponto que deve ser levado em consideração em qualquer momento”, afirmou.

Sobre a possibilidade das usinas aumentarem a produção de açúcar - que está com preço valorizado - em detrimento do etanol, o representante da Unica afirmou que isso pode acontecer, mas a margem de flexibilização da produção é pequena. Segundo Rodrigues, 22% das usinas têm produção fixa de etanol e, apesar de 78% da plantação de cana-de-açúcar servir para produzir os dois produtos, a troca tem um limite.

Moagem

Segundo a Unica, o volume de cana-de-açúcar esmagada atingiu 28,05 milhões em dezembro no Centro-Sul do país e bateu o recorde para o mês. No acumulado da safra 2008/2009, o volume de moagem até o dia 22 do mês passado - último do ano para o setor - foi de 496,716 milhões de toneladas, resultado 15,47% acima do registrado na safra anterior. A entidade afirma que das 298 usinas produtoras da região, apenas 40 ainda tinham cana-de-açúcar para processar em 2009.

Do total esmagado, 60,22% da produção foi destinada para etanol e 39,78 para açúcar, de acordo com a Única. As usinas do Centro-Sul produziram 24,61 bilhões de litros de etanol - 8,53 bilhões de anidro (que é misturado na gasolina) e 16,08 bilhões de hidratado -, um resultado 21,37% maior que o obtido com a safra anterior. Entre abril (início da safra) e dezembro, 3,93 bilhões de litros de etanol foram para o mercado externo e 15,5 bilhões para o mercado interno.

Nesta quinta-feira, a Cosan - líder do setor no país - afirmou que aumentou em 10% o volume de moagem de cana-de-açúcar na safra 2008/2009, com 44,2 bilhões de toneladas processadas. A empresa produziu 3,267 milhões de toneladas de açúcar (80% para exportação) e 1,717 bilhão de litros de etanol (20% para exportação).

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