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Sentada no trono

Das fábricas da Giroflex em São Paulo já saíram mais de 5 milhões de cadeiras

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Até a primeira metade do século passado, as cadeiras de escritório eram geralmente fixas. Rodinhas? Ajustes? Quase ninguém conhecia. Mesmo assim, a família Schmidt decidiu arriscar. Em um galpão de 700 metros quadrados na alameda dos Arapanés, no bairro paulistano de Moema, começou a fabricar as primeiras cadeiras giratórias do Brasil, em 1951. De lá para cá, a empresa aberta pelos imigrantes alemães -- a Giroflex -- produziu mais de 5 milhões de cadeiras e mudou o conceito desse utensílio, até então visto como mera "máquina de sentar". A marca pioneira valorizou a ergonomia e também virou sinônimo de design de móveis de escritório no Brasil.

Se tudo tivesse saído conforme planejava o alemão Hans Schmidt, a Giroflex estaria hoje muito longe de São Paulo. Talvez no Sri Lanka, destino que o imigrante havia traçado com a mulher, Melanie, e com os filhos Pedro e Joachim para fugir do nazismo. Por falta de espaço no navio, a família acabou embarcando para o Brasil, em 1939. Aqui, Hans trabalhou como contador e depois se tornou sócio de uma empresa de aquecedores. Em 1951, deu a grande guinada: trouxe a marca Giroflex para o país em sociedade com o amigo Albert Stoll, dono da filial suíça da Giroflex, indústria de cadeiras que seu avô, Albert Stoll I, fundara na Alemanha em 1882.

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Além de conquistar São Paulo -- a região metropolitana é responsável por 48% do faturamento, que atingiu 160 milhões de reais em 2001 --, a empresa vende atualmente em todas as capitais do país e também no exterior, o que contribui com 5% da receita anual. Tem 109 showrooms em 73 cidades. "Até 2005, nossa meta é ter lojas em toda cidade brasileira com mais de 300 000 habitantes", diz Markus Schmidt, neto de um dos fundadores e diretor de marketing e vendas da empresa.

Até cinco anos atrás, os representantes da Giroflex trabalhavam para vários fabricantes. A marca era apenas uma entre várias outras. A empresa deu, então, uma cartada decisiva: exigiu que cada representante passasse a ter um showroom exclusivo. Grandes cidades começaram a ganhar lojas de visual padronizado -- tudo montado com investimento da empresa.

Em troca da fidelidade, a companhia ofereceu a seus parceiros um mix maior de produtos. Além de peças Giroflex, os distribuidores podem vender os móveis Forma (marca adquirida em 1997), os tapetes e carpetes para o mercado corporativo da Avanti (da qual é distribuidora exclusiva) e as poltronas para cinemas e teatros da americana Irwin Seating (que produz no Brasil desde 1999). Além de bancar a montagem dos showrooms, a Giroflex acena com uma comissão média de 15% da venda líquida e se encarrega de entregar os produtos. Resultado: em cinco anos, seu faturamento aumentou em mais de 200%.

Com duas fábricas na região metropolitana (uma no bairro de Santo Amaro e outra no município de Taboão da Serra) e 1 000 funcionários, os executivos da Giroflex não parecem muito preocupados com a conjuntura econômica. Para eles, seus produtos -- são 16 linhas de cadeiras e cinco sistemas de móveis, armários, gaveteiros e divisórias -- conseguem resistir a qualquer turbulência. "Se houver desemprego, cresce a oferta de potenciais consultores para vender nossos produtos. Se tudo for mal, ainda há os bancos, que sempre se dão bem e são nossos grandes clientes", afirma Markus.

Fazendo história

Alguns momentos marcantes na trajetória da Giroflex no Brasil

1953 - A Giroflex fabrica a primeira cadeira giratória do Brasil. Tem altura e encosto reguláveis, suporte para inclinação e assento giratório. A estrutura é de madeira, e o estofamento, de crina natural.

1956 - Nasce a linha Diplomatic. A cadeira é produzida em dez modelos, para diferentes funções no escritório. O produto torna-se uma referência em mobiliário corporativo até a década de 70.

1964 - O mercado já aceita a tese de que é a cadeira que se deve adaptar ao homem. A Giroflex lança sua segunda geração de cadeiras, feitas de aço, com estofamento de espuma, revestido de tecido sintético e lavável.

1983 - A terceira geração de cadeiras facilita os movimentos do usuário. Tem regulagem de altura e de assento, mola para amortecer impactos, apoio angular lombar e curvatura variável para o encosto.

1994 - A quarta geração de cadeiras é formada por peças mais leves e manejáveis, que se adaptam facilmente a diversos tipos de pessoa, funções e usos. A Giroflex lança poltronas para auditórios e passa a fabricar estações de trabalho.

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