Nova loja do Sam's Club em Brasília, na Asa Norte (Sam's Club/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 12 de setembro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 12 de setembro de 2019 às 06h00.
O Sam’s Club, clube de compras de produtos importados que tem 27 lojas no Brasil, é uma das principais apostas do Grupo Big (ex-Walmart) para voltar a crescer no Brasil. A marca inaugura hoje uma nova loja na Asa Norte em Brasília e tem mais três previstas para 2019 -- duas em São Paulo (Vila Leopoldina e Morumbi) e uma em Aracaju. O investimento nas quatro lojas é de 110 milhões de reais e vem após um período de quase dez anos sem novas unidades do Sam’s Club no país. A meta é chegar a 2022 com 39 unidades da marca.
A expansão vem pouco mais de um ano após o fundo Advent comprar 80% do Walmart no Brasil, em junho de 2018. No mês passado, a empresa anunciou o fim da marca Walmart no país e passou a se chamar Grupo Big. Com a decisão, a companhia economiza em royalties. No entanto, a marca Sam’s Club, também ligada ao Walmart, foi avaliada como estratégica pela nova gestão e vai continuar. A empresa não divulga quanto paga em royalties para manter o negócio.
“Quando avaliamos o grupo, ficou claro que o Sam’s Club era um formato único, de performance muito positiva e que fazia todo o sentido investir nele. Queremos usar essa marca como um pilar de crescimento do grupo”, afirma Fernando Lunardini, diretor-executivo da marca no Grupo Big.
Na avaliação da companhia, o formato do clube de compras tem pouca concorrência no Brasil e grandes atrativos ao consumidor, com produtos importados e preços competitivos. O clube funciona assim: os sócios pagam uma taxa anual de 75 reais e passam a ter direito a comprar no clube, que oferece tanto produtos do dia-a-dia a preços competitivos e embalagens econômicas (o que ajuda a reduzir o preço), quanto itens importados como vinhos, chocolates e itens de utilidade doméstica.
“Negociamos com fornecedores e fazemos compras junto com o Sam’s Club de outros países. Isso nos dá um poder de negociação muito grande”, afirma Lunardini. A força da negociação em escala global é uma das razões que levou a nova a gestão a manter a marca no país. O formato atrai um público de renda mais alta, disposto a gastar para ter acesso a produtos exclusivos.
Apesar de promissor na visão dos executivos, o modelo passou bastante tempo estacionado -- foram quase dez anos sem novas lojas do Sam’s Club no Brasil. Mesmo assim, o número de sócios aumentou nos últimos anos e hoje são cerca de 2 milhões de associados. Uma pesquisa interna realizada pelo Grupo Big mostra que esses clientes são fiéis. Gostam do modelo de negócio, são recorrentes e mesmo aqueles que por algum motivo deixaram de participar do clube têm simpatia por ele.
Uma das vantagens a serem exploradas pela nova gestão é o acesso a dados dos consumidores. Como todos os clientes são sócios, a companhia tem acesso fácil aos hábitos de compra, o que inclui produtos de maior interesse e periodicidade da compra, dentre outros dados. “Estamos trabalhando com inteligência artificial para sermos mais claros e assertivos na comunicação. A ideia é oferecer o produto certo no momento certo”, afirma o diretor-executivo da rede.
Um dos focos de melhoria é o aplicativo do clube. A rede deve lançar nas próximas semanas uma versão melhorada da ferramenta. Dentro de alguns meses, a ideia é que o cliente também tenha acesso a funcionalidades que têm ganhado força no varejo, como comprar pelo app e receber o pedido em casa ou buscá-lo na loja mais próxima. Outra funcionalidade que deve ganhar força é o Click&Go, pelo qual é possível escanear o código de barras de cada item pelo celular e apenas finalizar a compra no caixa, agilizando o pagamento. A modalidade já é usada em 30% das compras realizadas no Sam’s Club norte-americano.
Já nas lojas físicas, uma mudança em curso é dar ênfase maior às promoções de importados e produtos de uso recorrente. A diretoria da marca identificou que os sócios do Sam’s Club vão às compras em média uma vez por mês, ou uma vez a cada 45 dias. A ideia é deixar de ser um destino de compras esporádicas para estar mais presente no cotidiano dos sócios.
“Agora estamos fortes nas ofertas do que chamamos de carrinho do dia-a-dia, com uma comunicação mais intensa e promoções mais atrativas. Temos roupas de marca com preço igual ao do Sam’s Club dos Estados Unidos. Esse tipo de coisa não era muito explorada”, exemplifica o executivo.
Além do Sam’s Club, outro foco de crescimento do Grupo Big é a linha do atacarejo, através da marca Maxxi. Nos dois casos, a ampliação ocorrerá inicialmente com a conversão de lojas de outras bandeiras do grupo. No caso do Sam’s Club, as quatro lojas previstas para este ano e mais sete lojas previstas para o ano que vem devem vir da mudança de bandeira. A partir daí, a ideia é de fato construir novas unidades.
Enquanto o Sam's Club tem um modelo de negócio pouco explorado no Brasil, a bandeira Maxxi concorrerá de forma mais direta com nomes já consolidados no mercado como o Assaí, do Grupo Pão de Açúcar, e o Atacadão, do Carrefour.
Com fim da marca Walmat no país, o Grupo Big ficou com oito bandeiras: Big, Big Bompreço, Super Bom Preço, Nacional, Maxxi e Sam’s Club. O grupo opera atualmente com cerca de 550 lojas e 50 mil funcionários em 18 estados brasileiros, além do Distrito Federal.