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Com novo presidente, HP Brasil quer mudanças

Melhorar a gestão de pessoas e impulsionar a estratégia de parcerias são apenas duas das iniciativas que a HP tem na pauta para 2010

Oscar Clarke, novo presidente da HP no Brasil. (.)

Oscar Clarke, novo presidente da HP no Brasil. (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

São Paulo - O engenheiro Oscar Clarke ocupa há três semanas o cargo de presidente da HP Brasil. Apesar do pouco tempo, o executivo, recém-saído da subsidiária brasileira da gigante dos chips Intel, já tem prioridades claramente definidas para as operações locais da companhia: fazer um verdadeiro choque na gestão de pessoas entre os mais de 8 000 funcionários e criar estratégias de aproximação com parceiros para impulsionar os negócios - e mudar o resultado amargo do ano passado em que a empresa não conseguiu bater suas metas.

A razão principal para a definição imediata dessas estratégias é simples. Clarke não tem tempo a perder. O executivo herda uma estrutura com problemas na gestão de pessoas jamais enfrentados pela subsidiária brasileira. Na pesquisa conduzida no segundo semestre do ano passado com todos os funcionários (2 000 da HP e 6 000 da EDS, adquirida em 2008), a companhia atingiu o mais baixo nível de satisfação já registrado na história da operação local. Uma das áreas mais afetadas foi a de vendas. "O saldo negativo foi em boa parte causado pela pressão excessiva por resultados sem uma gestão apropriada de pessoas. Funcionários com décadas de casa e que já haviam passado por outras situações do gênero sentiram-se tão desmotivados com o tratamento recebido que acabaram saindo da empresa", afirmou a EXAME um ex-vendedor que deixou a companhia em outubro. Junto com ele, outros 15 escolheram sair, mais do que o dobro da média para o período.

Segundo Clarke, não foram apenas as pressões trazidas pela crise que impactaram na percepção dos funcionários da HP. "Passamos por um processo de megafusão e o auge da integração foi no segundo semestre. Para cada funcionário da HP vieram três da EDS. O resultado do levantamento também refletiu a insegurança das equipes", afirma Clarke.


 

Recentemente a HP também precisou lidar com a saída de executivos de liderança. A movimentação começou em agosto com a saída da gerente de produtos da HP para a América Latina, Cristina Palmaka. A executiva foi contratada pela alemã SAP, que menos de seis meses depois também contratou o vice-presidente de vendas da divisão de soluções corporativas para os países latinos, Felix Feddersen. Em março, dois meses depois da troca de presidentes, foi a vez de João Batista sair de sua posição de diretor de controladoria para a Itautec. Clarke reconhece que a HP patinou na forma de reter seus profissionais e garante mudanças em curto prazo. "A HP é um excelente centro de capacitação, mas com necessidade de algumas adaptações. Custa caro formar esses profissionais e a partir de agora teremos políticas específicas para garantir que eles permaneçam a bordo", afirma. Segundo Clarke, existem pelo menos três vagas de diretoria que permanecem abertas e que a HP deve preencher ao longo das próximas semanas.

As próprias iniciativas já tomadas mostram que a melhoria do clima organizacional é prioridade. "No meu segundo dia de trabalho saí perambulando pelos andares da HP em São Paulo e percebi que as pessoas estavam carentes desse contato mais próximo com a liderança da empresa", diz Clarke. Algumas das medidas já foram esboçadas para que essa prática se torne padrão, entre elas a realização de fóruns abertos e encontros de reaproximação das diretorias os demais funcionários. Até 2008, era praxe a HP manter seções de comunicação realizadas entre o presidente e os funcionários de várias áreas a cada trimestre. Os encontros foram reduzidos para duas vezes ao ano e depois, foram extintos. No que depender de Clarke, esse distanciamento não existirá mais. "Existe um livro chamado 'Empresas feitas para vencer', do autor Jim Collins, que traduz o que as pessoas significam para as empresas. As empresas de sucesso são feitas de pessoas e é nisso que eu acredito".

Crescimento no Brasil
Outra vertente em que o time de Clarke quer atacar com vigor é traçar estratégias de crescimento para a matriz brasileira, que não bateu as metas no ano fiscal de 2009, que terminou em outubro. "As metas foram definidas em outubro de 2008 quando a crise dava os primeiros sinais dos seus efeitos. E assim como outros países, não fechamos os números", afirma.


Um dos esforços de crescimento da HP está centrado na busca pela liderança do mercado corporativo de computadores pessoais e servidores. Segundo a consultoria IT Data, a HP ocupa hoje o segundo lugar nas vendas para empresas, bem distante da Dell a primeira colocada que abriu vantagem expressiva ao longo dos últimos dois anos. "A competição de todos os fornecedores está cada vez mais acirrada, já que o mercado está muito mais exigente nas categorias de atendimento, suporte e preço", diz Ivair Rodrigues, sócio-diretor da IT Data.

Uma das estratégias para reverter o quadro, segundo Clarke, é reforçar as parcerias com canais de vendas. "Eles são braço mais importante da companhia para chegar às pequenas e médias empresas, um dos segmentos que mais crescem hoje no Brasil", diz. Também são esses canais que devem dar principal acesso à HP no mercado de serviços de tecnologia da informação, uma porção no mercado que a EDS não consegue abranger diretamente. Em 2009, segundo a consultoria IDC, o mercado de serviços cresceu 4,7%, movimentando 19 bilhões de reais.

Apesar de esta não ser a melhor das fases vividas pela HP no Brasil, a matriz está apostando forte nas operações locais. "A empresa sabe que nós fomos um dos mercados menos afetados pela crise e com as oportunidades que estão chegando, com os projetos do pré-sal, da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, temos a missão de abocanhar parte dessas oportunidades", afirma Clarke. Para isso, a HP Brasil está com caixa reforçado. O executivo não abre os números, mas afirma que a matriz já está liberando recursos para a contratação de mais funcionários, projetos de pesquisa e desenvolvimento de produtos e até a construção de uma nova fábrica complementar às outras quatro já em operação no país. "O novo centro de produção vai depender do resultado que apresentarmos, mas posso dizer que preparados financeiramente já estamos. Agora é só começar o trabalho".
 

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