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O que esperar do plano de investimentos da Petrobras?

Santander diz que estatal deve investir até R$ 60 bi neste ano, que o preço da gasolina só deve cair no segundo semestre e que o pré-sal não daria lucro com a cotação atual do petróleo

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Petrobras deve anunciar na próxima segunda-feira todos os detalhes de seu plano de investimentos para o período 2009-2013. Assim como a maioria das grandes empresas do setor, a estatal adiou a divulgação de seus planos devido à volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional. O plano, no entanto, já foi anunciado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pode ter suas linhas gerais divulgadas já nesta sexta-feira caso antes seja aprovado pelo conselho de administração da Petrobras.

Os analistas do Santander, no entanto, já divulgaram o que esperam ouvir do presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, na próxima segunda. Após se reunirem com executivos da Petrobras durante a 13ª Conferência Anual do Santander em Cancún (México), os analistas Christian Audi e Ana Browne afirmaram, em relatório, que a estatal deve investir entre 50 bilhões e 60 bilhões de reais neste ano, que o preço da gasolina só deve cair no segundo semestre e que o pré-sal não daria lucro com a cotação atual do petróleo.

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Em 2008, a Petrobras investiu 50 bilhões de reais. Ou seja, a estatal está na contramão da indústria de petróleo mundial, que deve reduzir os investimentos em até 20% neste ano. A geração de caixa da empresa não será suficiente para financiar investimentos tão volumosos, que devem ser financiados por bancos brasileiros ou estrangeiros, instituições bilaterais e o próprio governo federal. Instituições bilaterais, como os bancos de fomento da China ou dos Estados Unidos, historicamente liberam 40% dos empréstimos tomados pela Petrobras, o que deve ser mantido. Além disso, o Santander afirma que entrou em contato com representantes do BNDES e percebeu que há total disposição do banco estatal para ajudar a Petrobras a conseguir fundos. O banco acredita que o governo brasileiro deverá entrar com no mínimo 10 bilhões de dólares para financiar a expansão da empresa.

O setor de exploração e produção deve continuar a receber os investimentos mais representativos. O Santander acredita que os campos do pré-sal só são lucrativos com o barril do petróleo cotado entre 45 e 55 dólares - um patamar mais alto do que a cotação atual, de pouco mais de 40 dólares. O campo de Tupi, que tem reservas estimadas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo, funcionará como uma espécie de laboratório para a estatal nos próximos 12 a 24 meses. A empresa deverá fazer em Tupi várias tentativas antes de descobrir as melhores formas de retirar o óleo da camada de pré-sal. Apesar da queda das cotações, o pré-sal brasileiro ainda parece ter, segundo o Santander, as reservas mais promissoras do mundo.

Os preços vão cair?

Apesar da forte queda do preço do petróleo, o Santander acredita que a Petrobras só deverá reduzir os valores cobrados pela gasolina e pelo diesel no segundo semestre. O banco lista três justificativas: 1) A empresa demorou para elevar os preços enquanto o petróleo estava em alta; 2) Não há pressão da opinião pública, já que o governo absorveu a última alta da gasolina ao reduzir a tributação sobre o produto; 3) O governo não quer a redução dos preços nesse momento, já que a Petrobras vai lhe pagar menos dividendos e a arrecadação de impostos sobre combustíveis vai cair quando isso acontecer.

O banco também confia na área de exploração da empresa, que não cumpriu as metas de aumento da produção nos últimos dois anos. A estatal produziu em média 1,854 milhões de barris por dia no ano passado, quando a meta inicial era de 2 milhões de barris diários. O Santander vê quatro motivos para os resultados abaixo do esperado: 1) A estatal não tinha experiência com plataformas que produzem mais de 100 mil barris por dia, mas as novas unidades têm capacidade para entre 150 mil a 180 mil e demoram mais para funcionar plenamente; 2) Ocorreram problemas específicos com plataformas na Bacia de Santos; 3) Cresceu a demanda mundial por equipamentos de produção e por mão-de-obra especializada, o que levou a estatal a priorizar a pesquisa do pré-sal; 4) Houve atraso na entrega de plataformas. O Santander acredita, no entanto, que todos esses problemas serão resolvidos ou ao menos minimizados neste ano.

O crescimento esperado pelo Santander para a produção é de 3% a 4%, para cerca de 1,9 milhões de barris diários. A estimativa é menor do que o previsto pelo Itaú (+6%) e também do que deve ser divulgado como meta pela empresa na segunda-feira (cerca de 2 milhões de barris diários). Por último, o Santander acredita que só a partir de 2010 o governo brasileiro anunciará mudanças na legislação do petróleo, incorporando a nova realidade criada pelas reservas do pré-sal. Pelas declaração já dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é provável que as reservas tenham condições de explorações menos favoráveis para as empresas que as atuais.

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