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Enfim, o poço jorrou

A Shell estréia na produção de petroleo no brasil

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Desde a quebra do monopólio da Petrobras na exploração e na produção de petróleo, em 1997, 41 empresas -- nacionais e estrangeiras -- passaram a procurar óleo do sul do país à foz do Amazonas. Cinco anos depois, o primeiro resultado dessa busca apareceu. Na quarta-feira, 13 de agosto, a Shell anunciou o início de produção de petróleo nos campos de Bijupirá e Salema, na Bacia de Campos. No próximo ano, já estarão sendo produzidos 80 000 barris diários de petróleo.

A descoberta não deixa de estar atrelada à Petrobras -- foi a estatal quem descobriu o campo, que começou a ser explorado em parceria com a inglesa Enterprise Oil, comprada pela Shell no ano passado. Isso, porém, não diminui a importância do negócio. Só nesse projeto foram investidos 650 milhões de dólares. "Esse é um exemplo dos benefícios que os investimentos privados podem trazer ao país", diz Aldo Castelli, presidente da Shell. Sua meta é continuar investindo nos outros 14 blocos em que tem participação. Para o próximo ano, a companhia já destinou 300 milhões de dólares para exploração e produção. Resultados como os da Shell são reveladores de como a quebra do monopólio injetou gás no setor. De lá para cá, o país vem acumulando boas notícias nessa área. Alguns exemplos:

  • desde 1998 até o ano passado, foram investidos 15,2 bilhões de dólares em sísmica, perfuração, desenvolvimento e produção de poços;
  • as reservas de óleo provadas subiram, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), de 8,9 bilhões de barris de petróleo em 1997 para 11,8 bilhões em 2002;
  • em agosto de 1997, o país produzia 850 000 barris de petróleo por dia. Em março de 2003, essa cifra já havia subido para 1,6 milhão.

    No balanço do setor, a Petrobras tem um peso à parte. Muito se especulou se a estatal teria condições de sobreviver à concorrência. Pois bem, em 1997 o lucro da empresa fora de 1,6 bilhão de reais. Apenas no primeiro semestre deste ano, a Petrobras registrou lucro recorde de 9,6 bilhões de reais. "A competição obrigou a companhia a adotar técnicas de gestão mais eficientes", diz John Forman, diretor da ANP.

    Embora os resultados colhidos até agora pelo setor sejam positivos, algumas nuvens começam a sombrear o futuro. Um dos fatores que causam apreensão no mercado é a dificuldade das empresas em achar petróleo. "A geologia brasileira é muito complicada", diz o consultor carioca Adriano Pires. "A maior parte do petróleo está em alto-mar, onde os custos de exploração são muito elevados." Tamanha dificuldade já fez com que duas delas -- a francesa Total Fina Elf e a americana Unocal -- começassem a bater em retirada.

    Outro fator que preocupa os investidores é a falta de regras claras. Enquanto não for definida a questão da taxação do petróleo na reforma tributária, as empresas vão segurar suas investidas no país. Os altos tributos pagos pela exploração também têm afugentado as empresas. Prova disso foi a quarta rodada de licitação da ANP, em meados de agosto. Foram arrematados apenas 10% dos blocos oferecidos e, mesmo assim, 85% deles foram adquiridos pela Petrobras. Forman, da ANP, minimiza o resultado. "A economia mundial está deprimida e é natural que os investimentos sejam menores", diz.

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