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BankBoston quer mais estabilidade, mesmo com menos lucro, diz Meirelles

Diminuir as apostas no Vale do Silício e na América Latina, investir mais na Costa Leste americana. Essa é a nova e extremamente conservadora estratégia do banco FleetBoston, apresentada em abril. O anúncio, feito pelo executivo-chefe Charles Gifford, mostra que ainda serão sentidos por alguns anos os efeitos do esvaziamento da bolha da Internet, em […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Diminuir as apostas no Vale do Silício e na América Latina, investir mais na Costa Leste americana. Essa é a nova e extremamente conservadora estratégia do banco FleetBoston, apresentada em abril. O anúncio, feito pelo executivo-chefe Charles Gifford, mostra que ainda serão sentidos por alguns anos os efeitos do esvaziamento da bolha da Internet, em 2000, e da crise argentina, iniciada em 2001.

Enquanto Gifford preparava seu anúncio, passou por Goiânia um dos presidentes do FleetBoston, Henrique Meirelles, responsável justamente pela operação do banco na América Latina (onde trabalha sob o nome BankBoston) e na área metropolitana de Nova York. EXAME aproveitou a visita do executivo a seu estado natal para uma breve conversa:

EXAME - O (executivo-chefe do FleetBoston) Charles Gilfford já indicou que o banco deveria voltar às origens, ter menos exposição a investimentos voláteis e se voltar ao varejo, aos serviços para empresas...

Henrique Meirelles - Correto. Não é exatamente voltar às origens. O que o banco decidiu fazer é reduzir a volatilidade. Uma área de grande rentabilidade, mas de grande volatilidade, é o private equity, que são os investimentos em ações. Não vamos sair, mas vamos diminuir, vamos sacrificar lucro em alguns momentos, para estabilizar um pouco mais nossos resultados.

Assim teremos mais capital para alocar para os serviços pessoais. Vamos pegar o capital que será liberado do private equity e aplicar no varejo na Costa Leste americana, onde somos líderes, na região que começa abaixo de Nova York e vai até o Maine. Lá está nossa maior concentração de clientes. Temos 20 milhões de clientes nos Estados Unidos e 2 milhões de clientes em outros países.

EXAME - Como está a situação do BankBoston na Argentina?

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Meirelles - Nós lançamos 1,1 bilhão de dólares em prejuízo no último trimestre de 2001, o que foi uma atitude conservadora, porém correta. Isso já fez uma provisão para o pior cenário possível. Não perdemos nada na realidade, ainda, mas podemos perder até 1,1 bilhão de dólares e já antecipamos isso. Daqui para frente, vamos trabalhar para não perder 1,1 bilhão de dólares. Cada 100 milhões que deixarmos de perder é lucro.

EXAME - O banco cogita sair da Argentina?

Meirelles - No momento, não, exatamente porque já absorvemos o prejuízo. A questão agora é tentar tirar o melhor resultado possível dentro da situação do país.

EXAME - O que o FleetBoston vai fazer com o Robertson Stephens (banco de investimento comprado do BankAmerica pelo BankBoston em 1998 por 800 milhões de dólares, focado principalmente em empresas de base tecnológica)?

Meirelles - O Robbie é uma entidade pequena, um banco de investimentos focado em indústrias de alto crescimento principalmente no Vale do Silício. Ele está no break even, mas seu desempenho tem uma volatilidade muito grande, associada a esse mercado. Ele foi o maior banco de investimento na Internet em 1999, teve um ano sensacional em 2000, um ano ruim em 2001, está num ano neutro em 2002. Nossa expectativa é que ele volte a se recuperar e a ter muito lucro na medida em que a economia americana se recupere, o que deve acontecer no segundo semestre.

(N.R.: Charles Gifford, o executivo-chefe do FleetBoston, anunciou depois desta entrevista que o Robertson Stephens seria vendido)

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