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Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.
Um texto em chinês mal traduzido acabou causando uma corrida injustificada por moedas de países asiáticos no mercado financeiro internacional na quarta-feira (11/5). A informação de que o governo chinês iria finalmente valorizar sua moeda, o iuan, publicada pelo site de notícias China News Service, era, na verdade, um grande mal-entendido. Antes de a confusão ser percebida, o pânico de investidores se espalhou entre as grandes corretoras de câmbio, incluindo o JP Morgan. (Leia reportagem de EXAME sobre as dificuldades além do idioma que empresários brasileiros enfrentam nos negócios com a China.)
Tudo começou no último sábado, quando a jornalista chinesa Guan Xiangdong decidiu escrever uma reportagem sobre mercado cambial baseada apenas em observações coletadas da web. Outro site de notícias, o People's Daily, reproduziu a notícia, mas com um detalhe: ao traduzi-la do chinês para o inglês, o site acabou modificando o teor do texto. O que antes era apenas um apanhado de opiniões sobre uma possível valorização do iuan, transformou-se em algo mais concreto, como "governo vai valorizar a moeda".
O jornal americano The Wall Street Jornal comparou o mal-entendido à tradicional brincadeira de criança em que uma frase, depois de repassada diversas vezes, acaba perdendo o sentido inicial. Assim que o texto, em inglês, apareceu no People s Daily, não tardou para que uma enxurrada de e-mails e telefonemas ajudassem a disseminar a informação. Até mesmo a agência de notícias Bloomberg, uma das mais respeitadas no mercado financeiro, rendeu-se à falsa notícia.
Foi então que os corretores correram para vender a moeda americana, concentrando suas compras em moedas asiáticas, principalmente o iene japonês. Os operadores acreditam que uma valorização do iuan frente o dólar irá provocar a apreciação de outras moedas asiáticas. A corrida injustificada para compras no mercado cambial chegou a movimentar cerca de 2 bilhões de dólares em poucos minutos, segundo estimativas. No final da quarta-feira, a própria agência Bloomberg identificou o equívoco, desmentindo a notícia. O dólar, então, retomou seu valor inicial, sem grandes prejuízos.
Ao saberem da história, os editores do People s pediram desculpas pelo mal-entendido.