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Oferta de recompra de ações da Arcelor é bom negócio, dizem analistas

Valor da proposta está próximo do preço que os especialistas esperavam que os papéis atingissem em dezembro deste ano

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

A oferta de recompra de ações da Arcelor Brasil, lançada em 27 de abril pela sua controladora - a Arcelor Mittal -, é vista como um bom negócio pelo mercado. Para os analistas, o preço proposto, formado por uma parcela fixa e outra atrelada à cotação dos papéis da empresa em Nova York, é justo e coloca os papéis perto do potencial de valorização projetado até dezembro. "Acreditamos que é um valor justo e que haverá adesão à oferta", diz Cristiane Viana, analista da corretora Ágora. "É um preço mais do que justo e creio que será aceito pela maioria", diz um analista que preferiu não se identificar.

Segundo Rony Stefano, diretor de Relações com Investidores da Arcelor, a subisidária brasileira conta com mais de 13.000 acionistas minoritários. A concentração de papéis, porém, é grande. "Os 1.000 maiores detêm 99% das ações", afirma. Atualmente, o grupo possui 67% do capital da Arcelor Brasil. Os papéis em circulação no mercado somam 213,2 milhões de ações ordinárias - a empresa não possui preferencialistas.

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Em visita ao Brasil para contatos com os acionistas, Stefano compartilha do otimismo do mercado. "Minha sensação pessoal é de que já temos mais de dois terços de adesão", disse nesta quarta-feira (9/5), durante encontro com jornalistas. Os dois terços são o quórum determinado no edital para que a oferta seja concluída. O executivo afirmou, porém, que nenhum dos investidores ainda formalizou seu pedido de recompra dos papéis para o leilão marcado para o dia 4 de junho, na Bolsa de Valores de São Paulo. Os analistas, porém, acreditam que a adesão seja bem maior - na casa dos 90%.

Preço

Após toda a polêmica que envolveu a operação - desde a recusa inicial da Mittal em realizar uma oferta aos minoritários brasileiros, até as divergências sobre o valor das ações -, os analistas afirmam que o valor final é atraente e não há motivos para os investidores segurarem os papéis. "Os múltiplos da operação estão bem acima das demais siderúrgicas brasileiras", diz um analista. Um exemplo seria o preço por lucro (PE, na sigla em inglês), indicador que relaciona o valor de mercado da empresa pelo lucro projetado em um certo período de tempo. No caso da Arcelor Brasil, esse múltiplo está em 9,5, com base nas projeções de lucro para 2007 e 2008. A Usiminas, por exemplo, tem múltiplo de 6,4, segundo o analista.

Pela oferta a Arcelor Mittal, o preço a ser pago pelos papéis dos brasileiros é composto por uma parcela fixa e outra atrelada à cotação de seus papéis na Bolsa de Nova York. A parte fixa equivale a 4,1659 euros por ação, ou 11,70 reais, segundo a cotação de 1º de agosto de 2006, quando a Mittal comprou a Arcelor. A parcela variável corresponde a 0,3558 ação da Mittal Steel por papel da Arcelor Brasil e será paga com base na cotação dos papéis no último dia útil antes do leilão. Quando a oferta foi oficializada, no final de abril, equivalia a 49,54 reais.

Com a valorização da Mittal no exterior, a soma dessas parcelas já ronda os 52 reais, segundo estimativas dos analistas. "Esse é um valor bem em linha com o preço-alvo projetado para dezembro", diz Cristiane, da Ágora.

Liquidez

A expectativa de que os investidores vão aderir em massa à oferta também é um argumento dos analistas para recomendar aos hesitantes que participem. Isto porque a liquidez dos papéis tende a cair após o leilão. Caso a adesão no leilão fique acima de dois terços, mas abaixo de 95%, a oferta será mantida por mais três meses. Nesse caso, os interessados poderão vender os papéis pelo mesmo valor, corrigido pela Taxa Referencial do período. Se a adesão superar 95%, a empresa poderá recorrer à compra compulsória dos papéis remanescentes - um instrumento previsto em lei.

O próximo passo, segundo a Arcelor, será fechar o capital da companhia no país. "Não vale a pena ficar com os papéis e se tornar minoritário de uma empresa de capital fechado, sem liquidez no mercado", diz um analista que pediu para não ser identificado.

Em alguns casos, os investidores optam por não vender seus papéis porque sabem que a empresa é uma boa pagadora de dividendos, mesmo que as ações não tenham mais a mesma liquidez. Para os analistas, essa também não é uma razão para recusar a oferta. "Há outras empresas que distribuem tantos dividendos quanto a Arcelor. O investidor não sairia perdendo se trocasse de empresa", diz o analista.

Próximos passos

A oferta foi aprovada pela CVM em 17 de abril. A Arcelor Mittal formalizou a proposta de recompra dez dias depois. Os investidores que quiserem participar da operação devem ficar atentos às seguintes datas:

1º de junho - prazo máximo para oficializar o interesse em vender os papéis no leilão;

4 de junho - data do leilão. Nesse dia, o investidor deverá comunicar, até as 12h, qual o formato de venda de que quer participar (oferta em dinheiro ou oferta mista). O leilão vai ocorrer às 15h;

8 de junho - pagamento a quem optou pela oferta em dinheiro;

26 de junho - pagamento a quem optou pela oferta mista (ações e dinheiro);

5 de junho a 4 de setembro - prazo para quem não participou do leilão, mas deseja aderir à oferta (caso a adesão do leilão tenha ficado entre dois terços e 95% do total).

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