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Mercado financeiro coloca países emergentes sob teste

Analistas acreditam que previsão de aumento de juros em economias como os Estados Unidos pode prejudicar mercados como os do Brasil

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

Uma segunda-feira de quedas em bolsas de Brasil, Turquia, Índia e Rússia foi o suficiente para mostrar ao mundo que os investidores estão com um pé atrás nas negociações de papéis de mercados emergentes. Destino de quem aceita arcar com mais riscos em troca da multiplicação dos ganhos, os emergentes vinham correspondendo às expectativas ao registrar as melhores performances entre as bolsas nos últimos três anos, com valorização de 200%, segundo o Morgan Stanley Capital Internacional (MSCI Emerging Market Index). Agora, no entanto, analistas acreditam que países como o Brasil estão prestes a passar por um teste severo: o da resistência frente à expectativa do aumento de juros em economias como as americana, japonesa e européias.

Ontem (22/5), a Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o dia com queda de 3,3%. Na Rússia, as ações despencaram 9%, enquanto a Turquia fechou com desvalorização de 8%. A Índia registrou queda de 10% no meio do dia, e a bolsa teve de instituir uma pausa nos negócios - o que ajudou a levar a desvalorização a mais suaves 4,2% no fim do pregão. Acredita-se que alguns fundos de investimento controlados pelo governo tenham realizado compras para impedir piores resultados. De acordo com o MSCI Emerging Market Index, os emergentes acumulam juntos uma queda de 15% nas últimas duas semanas, justamente depois de atingirem seus maiores níveis de valorização da história.

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Os emergentes não sofriam golpe tão duro desde a crise financeira dos anos de 1997 e 1998, quando uma desvalorização das moedas asiáticas e a dívida da Rússia assustaram os mercados de todo o mundo. Para especialistas, a situação de economias como as brasileira e indiana já evoluiu muito desde então: algumas conseguiram transformar déficits nas contas em superávits, outras liberaram suas moedas a flutuar com maior liberdade. Acreditava-se que, com isso, elas ganhariam maior flexibilidade e capacidade para se proteger de crises tão violentas quanto as da década passada, mas agora, na opinião de Jack Ablin, diretor de investimentos do Harris Private Bank, de Chicago, chegou a hora de provar essa tese. "A teoria está sendo colocada à prova agora", disse ao jornal americano The Wall Street Journal.

O ritmo de investimentos nos emergentes vinha crescendo: em 2005, apenas investidores individuais dos Estados Unidos haviam destinado um recorde de 13,8 bilhões de dólares aos mercados dessas economias, marca já superada nos primeiros quatro meses de 2006, que acumulam 19 bilhões de dólares, segundo o AMG Data Services. Mas a onda de vendas dos papéis de emergentes já é realidade entre os fundos de hedge. Eles afirmam que não há incentivo suficiente para que mantenham posições nessas economias e se arrisquem a descobrir o que acontecerá daqui para a frente. Nos últimos dias, os fundos hedge estiveram entre os vendedores mais ativos. Carlos Asilis, diretor de investimento do Veja Plus Capital Partners, diz que só comprará ações de países emergentes se eles ficarem 15% ou 20% mais baratos. "Esses mercados vão passar por maus momentos por uns dois meses", disse ao Wall Street Journal.

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