Brasileiro usou o FGTS inativo para pagar dívidas, diz ministério
O levantamento do Ministério do Planejamento tem como referência dados da Caixa que apontam a injeção de R$ 41,8 bilhões na economia
Agência Brasil
Publicado em 17 de julho de 2017 às 16h17.
Tendo por base levantamentos feitos por associações e confederações ligadas ao comércio e serviços, bem como por órgãos e autarquias como Banco Central e Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o Ministério do Planejamento divulgou hoje (17) um estudo que tenta identificar efeitos causados pela liberação de recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ( FGTS ) na economia.
De acordo com o estudo, boa parte desses recursos (36%) foi utilizada para a quitação de dívidas.
O levantamento tem como referência dados da Caixa Econômica Federal (Caixa) que apontam a injeção de R$ 41,8 bilhões na economia por meio da liberação de inativos do FGTS.
Os valores foram sacados entre os dias 10 de março e 12 de julho.
Os saques foram efetuados a partir de cerca de 25 milhões de contas inativas, superando as expectativas anunciadas durante as projeções iniciais, que previam que apenas 70% dos saques fossem efetivados, o que resultaria na retirada de R$ 43,6 bilhões dessas contas.
De acordo com dados do Banco Central houve uma redução de 4,5% do uso do cheque especial em abril; e uma queda do uso do cartão de crédito, de 15,7% em março para 5,7% em abril. Ainda segundo o estudo, houve uma "redução do endividamento das famílias" após o início dos saques, passando de 23,4% da renda que estava disponível em fevereiro para 23,2% da disponível em abril.
Esses percentuais não consideram endividamentos relacionados ao crédito habitacional. A inadimplência caiu 0,1 ponto percentual de fevereiro para maio, caindo de 6% para 5,9%.
Para apontar efeitos positivos que estariam relacionados à liberação dos recursos do FGTS, o ministério citou dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que indicam recuo de 2,4% do endividamento das famílias na comparação de março de 2017 com março de 2016; e de 1,7% quando a base de comparação é o mês de junho.
Ainda tendo como base levantamento da CNC, o estudo diz que 80% do valor dos saques do FGTS foram direcionados a três segmentos: vestuário e calçados; hiper e supermercados; e móveis e eletrodomésticos.
A partir de dados do IBGE, o Planejamento apontou aumento da atividade do comércio e de serviços nos meses de março, abril e maio de 2017.
O comércio varejista cresceu 1,7% em abril, na comparação com o mesmo mês do ano anterior; e 2,4% em maio.
Já o de serviços "reduziu a queda", se comparado ao mesmo mês do ano anterior, em -5,7% em abril para -1,9% em maio.
Também foram apontados indicadores da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) indicando que em abril as vendas em supermercados aumentaram 6,3% na comparação com abril de 2016.
Em maio esse aumento ficou em 1,1%.
Os dados da Associação Brasileira da Indústria de Eletroeletrônicos (Abinee), apontam que as vendas de celulares apresentaram uma alta média de 20% no período entre março e maio, na comparação com o mesmo período de 2016.
Já os dados da Fenabrave, apontam que o total de licenciamentos de carros novos feitos em abril são 7% maiores do que os registrados em abril de 2016.
Esses percentuais aumentam para 11,5% e 18,9% nos meses de maio e junho, respectivamente.