Finalistas da etapa brasileira do The Venture: na fase global, vencedor concorrerá a parte do prêmio de 1 milhão de dólares para investir no projeto (DivulgaçãoDivulgaçãoDivulgaçãoDivulgaçãoDivulgação)
Empresas que lucram e ainda causam impacto positivo para muita gente. Assim é o empreendedorismo social, conceito que vem ganhando cada vez mais força, especialmente depois que o economista bengali Muhammad Yunus ganhou o Prêmio Nobel da Paz, em 2006. Ele é o fundador do Grameen Bank, primeira instituição financeira do mundo especializada em microcrédito, modalidade de empréstimo de pequenas quantias a juros baixos, sob medida para atender populações de baixa renda.
Dona da plataforma “Vença do Jeito Certo”, criada para incentivar as novas gerações a acreditar em suas ideias e empreender, a marca de whisky Chivas também investe na boa onda do empreendedorismo social. Por isso, aposta no The Venture, concurso para garimpar, reconhecer e premiar esse tipo de iniciativa ao redor do mundo, que inclui uma etapa brasileira.
Em sua segunda edição no país, The Venture selecionou, entre 143 inscritos, quatro projetos brasileiros para disputar o concurso global. Uma dessas empresas estimula as pessoas a sugerir melhorias para sua cidade e participar das decisões políticas. Outra leva medicina especializada para quem tem dificuldades de acesso. Uma terceira busca criar na população novos hábitos capazes de prevenir epidemias, enquanto a quarta oferece uma tecnologia criativa que pode eliminar o uso de agrotóxicos.
A decisão final, baseada em escolha popular e também no parecer de um júri especializado, será anunciada no dia 17 deste mês. O vencedor ganhará um curso para executivos e líderes em escola internacional, com viagem e hospedagem incluídas. Ainda participará de um workshop de uma semana no Vale do Silício, nos Estados Unidos, assim como da final global, que acontecerá em 2016 e dará 1 milhão de dólares em prêmios.
Gustavo Maia, CEO da Colab, http://www.colab.re
O publicitário de 31 anos sempre foi empreendedor. Integram sua lista de empresas de sucesso a agência de publicidade Massapê e o Quicksite, um serviço de criação de sites customizados em apenas 48 horas, ambas em Recife, sua cidade natal. Em 2012, produzia sites para políticos candidatos pelo Quicksite quando teve a ideia de criar a Colab. Ele havia proposto a um cliente uma campanha colaborativa. Para consultar a população sobre projetos prioritários, abriu um espaço de debate no Facebook do candidato.
Algumas sondagens populares chegaram a receber mais de 50 mil respostas em uma semana. “Foi inspirador”, lembra Maia. “Víamos muitas pessoas de origem humilde abordar o político na rua só para dizer que tinha votado em uma enquete dele. Era prova de que querem participar mais.”
No meio desse trabalho, Maia se casou. Na lua de mel, teve um insight e escreveu o projeto da Colab. Quando voltou, arranjou sócios e arregaçou as mangas. Assim nasceu, em março de 2013, a rede social que conecta cidadãos e governos. Já são mais de 100 mil usuários, de cerca de 200 cidades do país. Ali, comentam políticas públicas e propõem melhorias para sua cidade. Cerca de 100 prefeituras, incluindo capitais como Curitiba e Salvador, estão na rede. Neste ano, a Colab terá receita pela primeira vez: cerca de 2 milhões de reais.
Onicio Leal Neto, CEO da Epitrack, http://www.epitrack.com.br
A ideia é simples: identificar, por meio de mecanismos de colaboração online, indivíduos com sintomas semelhantes em um mesmo espaço e tempo – o que é um indicativo de surto ou epidemia. Foi com base nesse conceito de vigilância participativa que o pernambucano, mestre e doutorando em saúde pública, criou a Epitrack, em sociedade com Jones Albuquerque, PhD em computação e um de seus orientadores no mestrado.
A nova empresa ganhou fama na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil. Isso graças a um aplicativo criado para o evento, o Saúde na Copa, com o qual as pessoas podiam relatar seu estado de saúde diariamente durante todo o torneio. Quem não se sentisse bem respondia a um rápido questionário, que tinha o objetivo de esmiuçar sintomas. Os dados consolidados, associados à localização dos usuários, ficavam acessíveis ao Ministério da Saúde e a interessados, para a realização de monitoramento. Em dois meses, o aplicativo atraiu 10 mil usuários e contabilizou mais de 47 mil registros de sintomas.
O atual desafio é lançar o Guardiões da Saúde, aplicativo semelhante ao da Copa, mas que não se limita a um evento. “Queremos criar uma cultura em que as pessoas valorizem saber o que está acontecendo em relação à saúde usando aplicativos, assim como valorizam saber como está o trânsito”, diz Leal Neto. “Se tiverem conhecimento de ameaças próximas, poderão se informar, se cuidar e se prevenir.”
Alécio Binotto, CEO da I9Access, http://www.i9access.com.br
Durante seu mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), esse paraense, hoje doutor em ciências da computação, teve contato com um projeto da Santa Casa de Porto Alegre que julgou muito especial. De posse de uma tecnologia alemã, a instituição oferecia teleultrassonografias, uma forma de fazer esse exame-chave de pré-natal à distância em gestantes que moravam em locais de difícil acesso ou que enfrentavam dificuldades de locomoção. “Desde criança, via notícias de pessoas carentes do Pará que tinham que passar mais de 24 horas em um barco para conseguir um atendimento na saúde pública”, diz Binotto, de 35 anos. “Mais tarde, percebi que temos um problema grave de acesso à medicina no Brasil todo.”
De tão encantado que ficou, ele se envolveu cada vez mais com aquela ação e acabou se tornando líder do projeto. O passo seguinte foi criar uma empresa que permitisse levar medicina especializada (e não apenas teleultrassonografias) para todos, principalmente para as populações mais vulneráveis.
A I9 desenvolve softwares e plataformas para conectar médicos a outros profissionais da saúde a pacientes, possibilitando realizar exames e diagnósticos à distância em tempo real. Entre os clientes estão a Prefeitura Municipal de Búzios, no Rio de Janeiro, e o Hospital Samaritano, em São Paulo. Neste ano, a previsão é de que a empresa fature 600 mil reais.
Sérgio de Andrade Coutinho Filho, CEO da Sayyou, http://www.sayyou.com.br
Foi na celebração do Natal de 2010, na casa de uma de suas avós, que o administrador de empresas paulistano, de 31 anos, soube do empenho de um tio, o engenheiro florestal Sylvio Coutinho, para diminuir o uso de herbicidas em suas plantações de teca, em Indaiatuba (SP). Nessa busca, o tio havia até conhecido Satoro Narita, o inventor de um diferente equipamento de capina elétrica. Acoplado a um trator agrícola, a máquina transformava a energia mecânica do movimento em energia elétrica e, por onde passava, emitia descargas de 5 mil a 15 mil volts no solo para, literalmente, eletrocutar ervas daninhas, pragas e matos que prejudicavam o cultivo.
A tecnologia, portanto, permitia abrir mão do uso de herbicidas, substâncias tóxicas que podem causar doenças nos trabalhadores da lavoura e nos consumidores e contaminar o meio ambiente. “Naquela conversa, me apaixonei pela ideia e decidi que aquilo precisava chegar ao maior número de produtores possível”, conta Coutinho Filho.
Com um time inicial que incluía seu tio e o próprio Satoro Narita, Coutinho Filho começou a trabalhar na Sayyou em 2010. Hoje a empresa gera receita tanto com a venda ou o aluguel dos equipamentos quanto com a prestação de serviços de capina elétrica para produtores rurais e empresas de serviços de manutenção urbana. A meta agora é expandir. “Meu objetivo é crescer nos mercados nacional e internacional.”
Saiba mais sobre o projeto em www.theventure.com